Luis Arce desiste de candidatura à reeleição
Presidente boliviano diz que vai se dedicar à gestão e pressiona o parlamento a aprovar US$ 1,8 bilhão em financiamentos externos bloqueados desde 2024
247 - Em pronunciamento realizado na noite de terça-feira (13), o presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou que não será candidato à reeleição nas eleições de 2025, decisão tomada para “preservar a unidade da esquerda” e evitar o retorno da direita neoliberal ao poder. As declarações foram divulgadas pela agência Prensa Latina, que acompanhou o discurso do chefe de Estado em meio à grave crise econômica que afeta o país.
“De cabeça erguida e rosto voltado para o povo, quero sempre dizer a eles que nos dedicaremos integralmente à nossa istração”, afirmou Arce. Ele aproveitou o momento para fazer um apelo direto à Assembleia Legislativa Plurinacional (parlamento): “Esperamos que a Assembleia Legislativa, agora que não sou mais candidato, cumpra sua missão e atenda aos apelos do povo para viabilizar as leis de financiamento externo”.
Desde 2024, deputados da oposição e setores aliados ao ex-presidente Evo Morales vêm bloqueando a aprovação de empréstimos internacionais no valor de 1,8 bilhão de dólares, que segundo o governo são destinados a projetos sociais e econômicos estratégicos. Esses recursos incluiriam apoio a milhares de pessoas afetadas por desastres naturais, como enchentes, secas, geadas, deslizamentos de terra e incêndios.
Para o Executivo boliviano, o bloqueio legislativo configura uma tentativa deliberada de sabotagem econômica com objetivos eleitorais. A manobra legislativa, afirma o governo, impacta diretamente a disponibilidade de dólares no mercado e agrava a escassez de combustíveis — cenário que tem gerado longas filas nos postos de gasolina nas principais cidades do país.
Arce destacou ainda que, apesar de contar com o apoio de setores sociais dos nove departamentos bolivianos para concorrer a um novo mandato, optou por recuar para evitar a fragmentação do campo progressista. “É fundamental impedir o retorno da direita neoliberal ao poder, que ameaça restabelecer políticas de privatização, desmontar o Estado e entregar novamente o país ao capital estrangeiro”, afirmou.
O presidente também agradeceu o apoio das organizações populares e sindicais, destacando o papel decisivo da mobilização popular na preservação da democracia: “Quero agradecer ao povo boliviano, ao Pacto de Unidade e à Central Operária Boliviana […] por termos permanecido firmes na defesa da nossa democracia, que custou muito sofrimento para se recuperar. Sem vocês, os planos para encurtar meu mandato teriam se concretizado”, disse.
Logo após o discurso, centenas de manifestantes ligados ao campo progressista reuniram-se na Plaza Murillo, no centro político da capital, com bandeiras e faixas em apoio à decisão de Arce. O ato reforçou os apelos por unidade no campo Nacional Popular e o repúdio às tentativas de desestabilização institucional.
A renúncia de Arce à candidatura abre um novo capítulo na disputa interna do Movimento ao Socialismo (MAS) e no campo popular boliviano, que enfrenta o desafio de construir uma alternativa unificada diante do avanço das forças conservadoras e da crise econômica. Enquanto isso, o presidente concentra seus esforços na gestão do país, pressionando o Parlamento a liberar os recursos internacionais necessários para reverter o cenário crítico e garantir a continuidade dos programas sociais.
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