Sheinbaum rejeita proposta de Trump para envio de tropas ao México: "a soberania não está à venda"
"Nunca aceitaremos a presença das forças armadas dos Estados Unidos em nosso território”, disparou a presidente mexicana
Reuters - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou neste sábado (3) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs o envio de tropas norte-americanas ao território mexicano com o objetivo de combater o tráfico de drogas. Ela disse ter recusado a oferta ao declarar que “a soberania não está à venda”.
As declarações de Sheinbaum foram uma resposta a perguntas sobre uma reportagem do Wall Street Journal, publicada em 2 de maio, segundo a qual Trump vinha pressionando o México para permitir uma atuação mais intensa das forças armadas dos EUA no combate aos cartéis de drogas que operam na fronteira entre os dois países.
“Em uma das ligações, (Trump) disse: ‘como podemos ajudá-los a combater o tráfico de drogas? Proponho que o Exército dos EUA venha ajudá-los’”, relatou Sheinbaum durante um evento em uma universidade próxima à capital.
“E sabe o que eu disse a ele? Não, presidente Trump, o território é sagrado, a soberania é sagrada, a soberania não está à venda, a soberania é amada e defendida”, declarou a presidente. Ela ressaltou que os dois países podem cooperar, mas afirmou que “nunca aceitaremos a presença das forças armadas dos Estados Unidos em nosso território”.
Em resposta a um pedido de comentário da agência Reuters, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA (NSC) disse que Trump foi “absolutamente claro ao afirmar que o México precisa fazer mais para combater essas gangues e cartéis, e que os Estados Unidos estão prontos para ajudar e expandir a já estreita cooperação entre os dois países”.
O porta-voz acrescentou que Trump trabalhou em parceria com Sheinbaum para alcançar “a fronteira sudoeste mais segura da história”. No entanto, ele alertou que “organizações estrangeiras terroristas continuam ameaçando nossa segurança compartilhada, e as drogas e crimes que espalham ameaçam comunidades americanas em todo o país”.
A Casa Branca não respondeu imediatamente ao ser questionada pela Reuters se Trump mencionou especificamente o envio de tropas a Sheinbaum.
Trump já declarou publicamente que os Estados Unidos poderiam tomar medidas militares unilaterais caso o México não desmantelasse os cartéis de drogas. Segundo fontes oficiais, os dois líderes realizaram diversas conversas telefônicas nos últimos meses sobre segurança, comércio e imigração.
Sheinbaum contou que, em uma dessas ligações, pediu apoio a Trump para impedir a entrada de armas nos Estados Unidos com destino ao México, armamento que alimenta a violência e o tráfico.
“Podemos colaborar, podemos trabalhar juntos, mas vocês podem fazê-lo em seu território, e nós, no nosso”, afirmou Sheinbaum.
O Wall Street Journal informou na sexta-feira que a tensão entre os dois líderes aumentou no fim de uma conversa telefônica realizada em 16 de abril, quando Trump insistiu para que os militares dos EUA assumissem papel de liderança no combate aos cartéis mexicanos que produzem e transportam fentanil para os Estados Unidos.
Em fevereiro, o governo norte-americano classificou o Cartel de Sinaloa e outras organizações criminosas mexicanas como grupos terroristas globais, o que, segundo analistas, pode ser um o rumo a uma eventual ação militar direta.
A vigilância aérea das atividades dos cartéis mexicanos por parte das Forças Armadas dos EUA também aumentou recentemente, como parte dos esforços para reunir informações e identificar as melhores formas de conter as operações dos grupos criminosos.
Diante da crescente pressão externa, Sheinbaum apresentou uma proposta de reforma constitucional com o objetivo de ampliar as garantias de soberania nacional do México.
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