window.dataLayer = window.dataLayer || []; window.dataLayer.push({ 'event': 'author_view', 'author': 'Leonardo Attuch', 'page_url': '/blog/13-de-maio-o-dia-de-uma-nova-abolicao' });
TV 247 logo
      Leonardo Attuch avatar

      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

      491 artigos

      HOME > blog

      13 de maio de 2025: o dia de uma nova Abolição

      Oxalá este dia seja lembrado como a data da emancipação dos povos da América Latina e do Caribe

      Registro histórico de chefes de estado e ministros na Cerimônia de Abertura do Fórum China-Celac, em Pequim. Lula está ao centro, ao lado de Xi Jinping (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

      O 13 de maio de 2025 tem todos os elementos para se inscrever na história como mais do que uma data de comemoração simbólica. ados 137 anos da da Lei Áurea, que aboliu formalmente a escravidão no Brasil, a Cúpula China-CELAC, realizada hoje em Pequim, pode representar o marco inaugural de uma nova forma de abolição: a libertação política, econômica, tecnológica e simbólica dos povos da América Latina e do Caribe diante de séculos de dependência e subordinação.

      Nesta data, líderes do Sul Global elevaram suas vozes com clareza e propósito. O presidente da China, Xi Jinping, reafirmou o compromisso de seu país com uma ordem internacional baseada no respeito mútuo, na cooperação e na multipolaridade. A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, apresentou uma visão clara sobre a nova arquitetura financeira internacional, que valoriza a soberania dos países em desenvolvimento. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em tom firme e histórico, conclamou os países da região a assumirem seu destino coletivo, rejeitando a fragmentação e apostando na união regional como único caminho possível para o progresso.

      Ao anunciar cinco programas estruturantes com os países da CELAC, o presidente Xi Jinping reafirmou o papel da China como parceiro do desenvolvimento, e não como potência tutelar. Os programas — voltados para infraestrutura, desenvolvimento sustentável, intercâmbio cultural, conectividade entre povos e segurança — evidenciam uma estratégia de longo prazo orientada por ganhos mútuos, sem imposições, chantagens ou condicionalidades.

      Xi também rememorou a longa história de solidariedade entre a China e os povos da América Latina, valorizando o multilateralismo e a defesa de uma ordem internacional mais equilibrada. A mensagem transmitida pela China é clara: a alternativa ao hegemonismo está na cooperação entre iguais.

      A intervenção da presidenta do NDB, Dilma Rousseff, foi uma das mais contundentes da cúpula. Ao rememorar o lançamento do fórum China-CELAC em 2014, então sob sua liderança no governo brasileiro, Dilma reafirmou os princípios que nortearam sua criação: autonomia, igualdade entre as nações e respeito à diversidade. Denunciou o uso de tarifas, embargos e da moeda como instrumentos de coerção, e apontou para a necessidade urgente de uma reindustrialização orientada por inovação, geração de emprego e aumento de renda.

      Ao destacar que o NDB já mobilizou cerca de US$ 140 bilhões em investimentos e que vem operando em moedas locais para escapar da dependência cambial, Dilma posicionou o banco como um verdadeiro instrumento de libertação econômica e de afirmação do Sul Global.

      O presidente Lula assumiu seu papel como articulador da unidade latino-americana e lançou um alerta que ecoará por muito tempo: ou a região se une e constrói parcerias que permitam um desenvolvimento compartilhado, ou continuará sendo retrato da pobreza global. “Depende de nós se seremos grandes ou continuaremos a ser pequenos”, afirmou, apontando que não cabe mais esperar por decisões alheias, sejam elas vindas de Washington, Bruxelas ou Pequim.

      Lula defendeu uma nova lógica de desenvolvimento que não se baseie apenas em exportações primárias, mas na construção de rotas de progresso, ciência, tecnologia e justiça social. Rejeitou a dicotomia entre preservação ambiental e crescimento econômico, afirmando que a América Latina, o Caribe e a China podem liderar o caminho de um desenvolvimento sustentável com inclusão. E propôs, ainda, que a região assuma a liderança global na defesa da igualdade de gênero, elegendo a primeira mulher secretária-geral da ONU — uma forma de honrar o legado da Conferência de Pequim sobre as mulheres.

      Também presentes à cúpula, os presidentes Gabriel Boric, do Chile, e Gustavo Petro, da Colômbia, representaram uma geração de líderes que reafirma o papel do Estado na promoção do bem-estar social e defende uma integração latino-americana baseada em valores democráticos, justiça climática e combate às desigualdades. Ambos reforçaram a urgência de romper com os velhos paradigmas do subdesenvolvimento e da dependência externa, propondo caminhos de convergência regional com o apoio de parceiros como a China.

      A história ensina que a abolição formal da escravidão não significou, de imediato, liberdade plena, cidadania ou igualdade. O Brasil seguiu sendo um país profundamente desigual, e os povos da América Latina continuaram submetidos à lógica extrativista e dependente das grandes potências. Hoje, no entanto, vislumbra-se um novo horizonte. A cúpula China-CELAC de 2025 poderá ser lembrada como o momento em que a América Latina decidiu não mais esperar, não mais se curvar, não mais seguir fragmentada.

      Oxalá este 13 de maio seja lembrado como o dia de uma nova Abolição: a da dependência estrutural, da invisibilidade política e do atraso tecnológico. Que este seja o dia em que a América Latina e o Caribe ergueram a cabeça para o mundo e, com coragem e união, decidiram escrever sua própria história.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados