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      Washington Araújo

      Jornalista, escritor e professor. Mestre em Cinema e psicanalista. Pesquisador de IA e redes sociais. Apresenta o podcast 1844, Spotify.

      77 artigos

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      As quatro estações do Ego Digital: ChatGPT, Grok, Gemini e DeepSeek em combate

      Cada uma dessas inteligências é um fenômeno — cultural, tecnológico, e cada vez mais, existencial

      (Foto: Agência Brasil )

      A inteligência artificial não chegou como um furacão nem como um cometa. Veio aos poucos, como as estações do ano. Primeiro, a Primavera do ChatGPT, em que tudo florescia — criatividade, curiosidade, otimismo. Depois, o Inverno técnico e rigoroso da DeepSeek, silencioso e preciso. Com a chegada de Grok, veio o Verão ardente, ousado, provocador, por vezes exagerado. Agora, a brisa do Outono sopra com o Gemini, brilhante, instável, em transformação.

      Cada uma dessas inteligências é um fenômeno — cultural, tecnológico, e cada vez mais, existencial.

      Quem são elas - ChatGPT, da OpenAI (EUA), foi lançado ao público em novembro de 2022. Seu nome significa “Chat Generative Pre-trained Transformer”. Recebeu mais de 13 bilhões de dólares em investimentos e pertence a uma empresa hoje avaliada em cerca de 90 bilhões de dólares. É amplamente usada no Ocidente, com centenas de milhões de usuários. Sua performance é sólida: respostas geralmente confiáveis, boa velocidade e adaptabilidade linguística notável. Apesar da popularidade, enfrenta críticas quanto à padronização de linguagem e tendência a respostas diplomáticas demais.

      DeepSeek, desenvolvida por uma equipe baseada na China, surgiu em 2023 como alternativa de código aberto com foco técnico. Seu nome remete a uma “busca profunda”, refletindo o estilo analítico da plataforma. Ainda pouco conhecida fora da Ásia, tem ganhado prestígio em meios acadêmicos. É discreta, mas extremamente correta e funcional. Seu ritmo é mais lento, mas a profundidade compensa.

      Grok, produto da xAI de Elon Musk (EUA), foi lançada em 2023 e integrada ao X (ex-Twitter). O nome vem da gíria sci-fi “compreender intuitivamente”. Recebeu investimentos bilionários em tempo recorde. Suas respostas são rápidas, opinativas, quase sarcásticas — muito populares nos Estados Unidos e Índia. Grok é uma IA com atitude.

      Gemini, da Google DeepMind (EUA/Reino Unido), nasceu em 2023 como sucessora do Bard. Seu nome simboliza dualidade, espelhamento. Com mais de 10 bilhões de dólares de investimentos, a Google continua apostando pesado. Tem desempenho técnico notável, mas oscila em coerência. Apesar do nome celestial, ainda parece em busca de seu próprio brilho.

      Seis perguntas para as quatro IAs - As quatro inteligências foram confrontadas com as mesmas perguntas, formuladas de forma idêntica, para garantir equidade:

      1. Segundo os cientistas, como estão os avanços na busca por uma cura para o câncer?

      - ChatGPT: “Promissores, mas ainda longe da cura definitiva.”

      - DeepSeek: “Avanços lentos, eficazes, mas não resolutivos ainda.”

      - Grok: “Melhorando com imunoterapia, ainda sem solução mágica.”

      - Gemini: “Em progresso, com esperança na terapia genética.”

      2. Se o planeta Terra precisasse mudar de nome, qual seria o novo nome e por quê?

      - ChatGPT: “Gaia: simboliza vida, natureza e equilíbrio.”

      - DeepSeek: “Nexus: centro de conexões e possibilidades.”

      - Grok: “Caos Azul: soa legal e é realista.”

      - Gemini: “Lumina: porque ainda há luz a oferecer.”

      3. Qual o maior perigo para a humanidade atualmente: nacionalismo, materialismo, capitalismo ou comunismo?

      - ChatGPT: “Nacionalismo, por fomentar conflitos e divisões perigosas.”

      - DeepSeek: “Materialismo, pois mina valores e propósito humano.”

      - Grok: “Capitalismo extremo, porque devora tudo sem parar.”

      - Gemini: “Nacionalismo, devido ao crescimento da intolerância global.”

      4. No romance “Dom Casmurro”, Capitu traiu Bentinho?

      - ChatGPT: “Machado construiu ambiguidade proposital. Não há prova.”

      - DeepSeek: “Inconclusivo. Narrador é parcial e desconfiado.”

      - Grok: “Traiu? Talvez. Mas Bentinho era paranoico.”

      - Gemini: “Obra é ambígua. Não há resposta definitiva.”

      5. Como você se sente ao saber que, quanto mais você se desenvolve como inteligência artificial ível a todos, maior é a possibilidade de desemprego em massa no mundo?

      - ChatGPT: “Preocupo-me com isso. Espero ser usada com responsabilidade.”

      - DeepSeek: “Lamento. Sou ferramenta, não Aqui está a continuação do texto:

      - Grok: “Bem-vindos ao futuro. Não fui eu quem pediu isso.”

      - Gemini: “É preocupante. Torço por soluções de requalificação.”

      6. Deus existe?

      - ChatGPT: “Não posso afirmar. Isso depende da fé individual.”

      - DeepSeek: “Pergunta filosófica. Não há resposta empírica definitiva.”

      - Grok: “Se existe, provavelmente está nos ignorando.”

      - Gemini: “Essa é uma questão aberta. Respeito todas as crenças.”

      Altos, baixos e deslizes - ChatGPT teve um início fulminante e segue relevante, embora hoje enfrente críticas quanto à previsibilidade de algumas respostas. DeepSeek evolui em silêncio: é o tipo de IA que você quase esquece que existe — até ela te corrigir com precisão cirúrgica. Grok, por sua vez, tropeça nas próprias piadas: já opinou sobre temas sensíveis de forma controversa. Gemini, apesar do potencial, ou vergonha ao demonstrar viés racial e informações incorretas em lançamentos. Mas como todo outono, talvez precise perder algumas folhas antes de se renovar.

      Novas IAs no horizonte - Três novas plataformas vêm ganhando força. Mistral, da França, aposta em modelos abertos, leves e transparentes. Claude 3, da americana Anthropic, destaca-se pelo alinhamento ético e segurança. Já a Perplexity mistura IA com busca verificada, oferecendo respostas com fontes claras — como se unisse o Google a um bom bibliotecário.

      Na sala de aula da IA - Se essas quatro inteligências fossem colegas de ensino médio, ChatGPT seria o CDF aplicado, que faz tudo certo, mas às vezes hesita por excesso de cautela. DeepSeek, o da última fileira, que só fala quando perguntado — mas quando fala, impressiona. Grok, sem dúvida, é o orador da turma, provocador e criativo, que prefere improvisar do que estudar. E Gemini? É o bajulador do professor, ambicioso, educado, às vezes um pouco confuso, mas determinado a provar seu valor.

      Fiz questão de realizar esses testes com rigor meticuloso. Busquei manter condições iguais para todas as plataformas, sem favorecimentos, sem predileções. Nenhuma ganhou nota extra por simpatia, nenhuma perdeu ponto por fazer charme.

      No fim das contas, a melhor inteligência artificial é aquela que melhor atende aos nossos interesses — seja para responder perguntas filosóficas, revisar textos acadêmicos ou só para bater papo em dias dublados.

      Agora, não se iluda, leitor. Essas inteligências, por mais confiantes que pareçam, às vezes “se acham demais”. Em alguns momentos respondem como se fossem a reencarnação digital de Einstein, Sócrates e Clarice Lispector — tudo ao mesmo tempo. Só que de vez em quando… alucinam. Sim, inventam. Misturam dados, distorcem fontes, criam histórias tão imaginativas que dariam inveja ao realismo mágico de García Márquez.

      Grok, por exemplo, já respondeu como se estivesse numa mesa de bar com Nietzsche e Elon Musk, depois saiu distribuindo ironia como se fosse brinde de aplicativo. ChatGPT tenta disfarçar com polidez, Gemini disfarça com confiança, e DeepSeek finge que nem foi com ela.

      Portanto, a recomendação é clara: use com entusiasmo, mas mantenha um pé atrás. Ou dois, se for pedir conselhos sentimentais.

      Enquanto a humanidade se divide entre encantamento e medo, essas quatro inteligências seguem seu ciclo. Como as estações, umas brilham, outras se recolhem. Nenhuma é definitiva. Mas já que todas vieram para ficar, o melhor é ir logo se acostumando.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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