Brasil x Argentina: Petrobras, Embraer, BNDES… e a saída trumpista argentina da OMS

O Brasil e a Argentina vivem momentos políticos radicalmente diferentes. Nesta terça-feira, o presidente argentino Javier Milei posou, na Casa Rosada, ao lado do secretário de Saúde e Serviços Humanos do governo Trump, Robert F. Kennedy Jr., com uma enorme motosserra dourada. Os dois sorriram para a foto enquanto exibiam o objeto. 

A ferramenta é o símbolo de Milei. E ele ou a presenteá-la aos que ira. Foi o caso do empresário Elon Musk, que a recebeu durante encontro que tiveram nos Estados Unidos. 

Os dois também foram fotografados, sorridentes, com a motosserra encomendada por Milei a um argentino que mora em Buenos Aires e vive dessa produção. Para o presidente argentino, o objeto cortante é sinônimo das guilhotinas brutais que tem realizado e ainda pretende realizar, reduzindo o Estado ao mínimo possível, como ele costuma dizer. 

Ele diz que foi eleito para “corroer” o Estado por dentro. Foi com esses seus princípios que ratificou, nesta terça-feira, a retirada da Argentina da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mais uma decisão tomada na esteira dos anúncios de Trump. Num comunicado, o Ministério da Saúde da Argentina informou sobre a medida e sobre os questionamentos relacionados à produção atual de medicamentos e vacinas no país. 

A comunidade científica argentina está cada vez mais preocupada. E convocou protesto contra os cortes no setor e contra os anúncios de Milei para esta quarta-feira (28). 

Ao assistir pela internet, ontem, segunda-feira, ao evento ‘Nova Indústria Brasil’, promovido pelo Brasil 247, TV 247 e Agenda do Poder, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, não havia como não pensar nos rumos do Brasil e da Argentina. Nas palestras, falou-se da importância do papel do Estado e das políticas públicas. Do fato de o Brasil estar buscando recuperar sua indústria e, principalmente, desta nova Era, que inclui a Inteligência Artificial e novas tecnologias. Sobre as áreas mais diversas como a produção de vacinas, como citou Reginaldo Arcuri, do Grupo FarmaBrasil, lembrando que a indústria farmacêutica brasileira já representa 39% da produção da América Latina. 

No evento, falou-se de petróleo, da preocupação com a descarbonização e com as mudanças do clima, com o Brasil abrigando, neste ano, a reunião do BRICS e a Cop-30... Milei também nega as mudanças climáticas. Ouvindo as palestras das representantes da Embraer, do presidente do BNDES, do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin...as falas sobre a necessidade de uma política industrial estrutural e de longo prazo, lembrei das falas ditas sobre o Brasil por aqui e com certa frequência, no mundo político, empresarial e acadêmico. 

“O Brasil tem empresas estatais ou mistas de renome e influência internacional, o Brasil tem políticas públicas e os brasileiros são nacionalistas.” 

As observações ganharam ainda mais força certamente também pela trajetória argentina, enfatizada na conjuntura atual pela motosserra de Milei.  (E nós que pensávamos que eles eram mais nacionalistas que a gente...).