Depoimentos de Batista Júnior e Freire Gomes liquidam Bolsonaro
Ex-comandantes da Aeronáutica e do Exército confirmam a tentativa de golpe contra eleição de Lula e enterram defesa de Bolsonaro
Os depoimentos prestados pelo general Marco Antônio Freire Gomes e pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior ao Supremo Tribunal Federal (STF) enterram de vez qualquer tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de negar seu envolvimento em uma conspiração para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Com base em relatos detalhados, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica confirmaram que houve reuniões com teor golpista no Palácio da Alvorada, e que o ex-presidente estava diretamente envolvido nas articulações para subverter a ordem constitucional.
Em depoimento prestado na quarta-feira (21), o tenente-brigadeiro Baptista Júnior confirmou que, em dezembro de 2022, Bolsonaro apresentou aos chefes das Forças Armadas um documento que previa a realização de novas eleições e a prisão de autoridades do Judiciário. Trata-se da tal minuta do golpe, que foi entregue pelo então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira. Tanto Baptista Junior quanto Freire Gomes manifestaram oposição ao plano, enquanto Garnier permaneceu em silêncio.
“Eu perguntei: esse documento prevê a não posse do presidente eleito? Se sim, eu não ito sequer receber esse documento. Levantei e fui embora”, declarou Batista, que foi ouvido na condição de testemunha da Procuradoria Geral da República.
O militar da Aeronáutica demonstrou mais convicção e firmeza do que o general diante da Justiça Civil. Ao contrário de Freire Gomes, Batista Júnior não tentou aliviar a barra do ex-chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, e confirmou que o militar ofereceu as tropas da Marina à disposição do plano golpista de Bolsonaro.
A fala de Baptista reforça o depoimento já prestado pelo general Freire Gomes, que confirmou reuniões no Palácio do Alvorada e discussões sobre a instauração de Estado de Sítio, de Defesa ou GLO no país após as eleições de 2022.
Embora tenha tentado diminuir a gravidade da tentativa de golpe de Jair Bolsonaro, afirmando que os instrumentos estariam “previstos na Constituição” e que, por isso, não lhe causou "espécie" - o que é de causar espécie no cidadão defensor da democracia. Apesar disso, Freire Gomes também confirmou qeu na última versão da minuta do golpe apresentado a ele, havia a determinação de prisão de autoridades, e que "acha" que a ordem era contra Moraes.
São provas inequívocas do quão perto nós amos de entrar numa nova ditadura militar. E mais, são provas adicionais às já apresentadas pelo ex-ajudante-de-ordens Mauro Cid. Os relatos não deixam margem para dúvidas: Bolsonaro tentou impedir a posse de seu sucessor, sabendo que não havia fraude no processo eleitoral. Tentou manipular relatórios, pressionou comandantes militares e incentivou medidas autoritárias — mas foi contido por quem ele supunha ser fiel.
Com os depoimentos de Batista Júnior e Freire Gomes, o Bolsonaro não se vê apenas isolado politicamente como também fragilizado juridicamente. As revelações confirmam que houve uma tentativa deliberada de golpe de Estado. Bolsonaro planejou, articulou e buscou apoio nas Forças Armadas. Fracassou. Agora resta a responsabilização perante a Justiça.
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