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      Washington Araújo

      Jornalista, escritor e professor. Mestre em Cinema e psicanalista. Pesquisador de IA e redes sociais. Apresenta o podcast 1844, Spotify.

      77 artigos

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      Deus é um, religião é uma, humanidade é uma: no cotidiano, o novo papa terá mais a ver com Frei Leão do que com Leão XIII

      O pontificado de Leão XIV começa em um momento crucial

      Papa Leão XIV (Foto: Reuters/Stoyan Nenov)

      Em meio às reflexões sobre a morte do Papa Francisco em 21 de abril de 2025 e a eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV em 8 de maio de 2025, surge um momento único para avaliar o legado do pontificado de Francisco e os desafios que o novo papa enfrentará. Este artigo explora a trajetória de Leão XIV, seu primeiro dia como pontífice e a continuidade espiritual que seu nome evoca, conectando tradição e modernidade em um mundo que clama por diálogo e unidade.

      O papado de Jorge Mario Bergoglio, de 2013 a 2025, foi um marco de transformação para a Igreja Católica, definido por ações que reaproximaram a instituição dos valores evangélicos:

      • Revolução pela simplicidade: Francisco rompeu com a opulência vaticana, optando por uma vida austera. Sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, com uma batina branca simples, simbolizou um retorno à essência do Evangelho.
      • Defensor dos marginalizados: seu compromisso com pobres, migrantes e excluídos transformou a Igreja em uma voz global para os vulneráveis, um “hospital de campanha” para os feridos da sociedade;
      • Enfrentamento da crise de abusos: diferentemente de antecessores, Francisco quebrou o silêncio sobre casos de pedofilia, exigindo ação concreta e criando mecanismos de responsabilização;
      • Cuidado com a Casa Comum: a encíclica Laudato Si’ elevou a questão ambiental a um imperativo moral, unindo ciência e fé na defesa do planeta;
      • Reforma institucional: iniciou a descentralização da governança eclesiástica, combatendo a corrupção financeira e promovendo transparência, apesar de resistências conservadoras.

      A trajetória de Leão XIV: do Meio-Oeste ao Trono de Pedro - Robert Francis Prevost, agora Leão XIV, nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Illinois. Sua trajetória singular o preparou para liderar a Igreja global.

      Sua vocação surgiu aos 22 anos, quando ingressou na Ordem de Santo Agostinho, dedicada ao estudo e à missão. Formou-se em teologia em Chicago e obteve um doutorado em direito canônico em Roma, na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. No Peru, entre 1985-1986 e 1988-1998, trabalhou como pároco, professor e , moldando sua visão pastoral em um continente marcado por desigualdades e uma fé vibrante.

      Em 2014, foi nomeado bispo de Chiclayo, no Peru. Em 2023, Francisco o escolheu como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, um cargo central na formação do episcopado mundial. No mesmo ano, tornou-se cardeal-diácono de Santa Mônica dos Agostinianos e, em 2025, cardeal-bispo de Albano, um título prestigioso. Fluente em inglês, espanhol e italiano, Prevost é descrito como reservado, mas com uma visão universal que reconhece o centro da Igreja além do Atlântico Norte, como observou o professor Raúl E. Zegarra, da Escola de Teologia de Harvard.

      Um papa conectado - Em 9 de maio de 2025, menos de 24 horas após sua eleição, Leão XIV deu os primeiros os de seu pontificado com gestos que unem solenidade e modernidade.

      Pela manhã, celebrou sua primeira missa na Basílica de São Pedro, onde sua homilia pediu uma Igreja “próxima aos que sofrem”.

      Na Praça São Pedro, surpreendeu jovens ao tirar sua primeira selfie, um momento que viralizou nas redes sociais.

      Assinou seu primeiro autógrafo em uma Bíblia e, com humor, confessou que sua primeira tarefa será “se acostumar a Leão XIV, e não Cardeal Prevost”.

      Esses gestos, aparentemente simples, revelam um papa sintonizado com o mundo digital, capaz de conectar o sagrado ao cotidiano com naturalidade.

      A escolha do nome Leão XIV gerou celebração global, com a mídia destacando sua conexão com Leão XIII (1878-1903).

      A encíclica Rerum Novarum (“coisas novas”), de 1891, abriu a Igreja às questões sociais da Revolução Industrial, defendendo salários justos, descanso digno e direitos para mulheres trabalhadoras, como o tempo para amamentar seus filhos.

      Nas últimas horas, buscas no Google por essa encíclica dispararam, refletindo seu impacto renovado.

      Contudo, o foco em Leão XIII pode ofuscar outra ressonância: o nome Leão evoca Frei Leão, discípulo humilde de São Francisco de Assis, sugerindo uma continuidade com o pontificado de Francisco.

      Frei Leão e a ponte com Francisco - Frei Leão, amigo e secretário de São Francisco de Assis, era conhecido por sua humildade e serviço.

      Da mesma forma, Robert Prevost foi um colaborador próximo de Francisco, coordenando a Cúria Romana e auxiliando na nomeação de cardeais – 80% dos quais, indicados por Francisco, elegeram Leão XIV.

      Essa conexão sutil, mas sólida, liga os dois papas.

      Como Frei Leão, Leão XIV parece comprometido em manter a visão de uma Igreja simples, voltada aos pobres e inspirada pelo espírito franciscano.

      As declarações de Leão XIV ao longo de sua carreira revelam um pastor atento às necessidades contemporâneas, mas ancorado na tradição:

      • “A Igreja existe para servir, não para ser servida” - Essa afirmação, feita em 2016 no Peru, ecoa o Concílio Vaticano II e antecipa um papado de serviço. Como jornalista, vejo nisso a essência do líder servidor, que transcende o Vaticano e inspira desde CEOs até líderes comunitários;
      • “O direito canônico deve ser um instrumento de misericórdia, não um fim em si mesmo” - Como especialista em direito eclesiástico, Prevost prioriza a salvação das almas. Minha experiência em colégios católicos me faz concordar: a Igreja deve acolher, não ameaçar, em tempos que pedem empatia e perdão;
      • “A formação dos sacerdotes deve integrá-los à realidade das pessoas” - Essa visão, expressa em um simpósio, reflete a necessidade de um clero conectado. Como jornalista, percebo que um líder desconectado do povo perde legitimidade, seja na Igreja ou na sociedade;
      • “Uma Igreja que não dialoga com o mundo contemporâneo falha em sua missão” - Essa ideia, de uma carta pastoral em Chiclayo, ressoa com os Evangelhos. Cobri histórias de divisões sociais e acredito que valorizar o que nos une é o caminho para a convivência;
      • “A verdadeira autoridade na Igreja se mede pela capacidade de lavar os pés” - Essa reflexão, feita na Quinta-feira Santa, ecoa o exemplo de Jesus. Meus anos como repórter me ensinaram que gestos simples, como os de Francisco, têm um impacto poderoso nos fiéis.

      Essas palavras mostram um líder que combina profundidade teológica com sensibilidade pastoral, rigor intelectual com diálogo, e fidelidade à tradição com atenção aos sinais dos tempos.

      Diálogo inter-religioso: uma humanidade unida - O conceito “Deus é um, religião é uma, humanidade é uma”, transcende divisões, oferecendo um alicerce para o diálogo.

      Hinduísmo, Judaísmo, Budismo, Cristianismo, Islamismo e Fé Bahá’í compartilham valores como compaixão e justiça.

      Leão XIV pode aprofundar esse diálogo, seguindo a Nostra Aetate do Concílio Vaticano II, que reconheceu sementes divinas em todas as fés.

      Em um mundo fragmentado por polarizações, essa visão combate o fanatismo, promovendo unidade sem apagar identidades.

      A tolerância – religiosa, étnica, social – é um imperativo moral e de sobrevivência.

      As grandes religiões afirmam a dignidade humana, oferecendo ferramentas para o respeito mútuo.

      Um papado que promova o diálogo inter-religioso pode criar um “escudo protetor” contra ódio e violência.

      Como disse Hans Küng, “não haverá paz entre nações sem paz entre religiões”. A perspectiva global de Leão XIV o posiciona para liderar essa missão.

      Uma nova consciência planetária - Mais de 800 milhões de pessoas sofrem com fome, enquanto 1% detém quase metade da riqueza global.

      Os gastos anuais em armamentos, cerca de US$ 2 trilhões, poderiam erradicar a pobreza extrema.

      Leão XIV pode unir tradições religiosas em torno de causas comuns: paz, justiça econômica e proteção ambiental.

      Em um mundo com instituições desgastadas, sua voz pode inspirar esperança, lembrando a humanidade de nossa fraternidade essencial.

      O pontificado de Leão XIV começa em um momento crucial.

      Seu primeiro dia – com missa, selfies e humor – sinaliza um papado que honra a tradição, mas abraça o presente.

      Seu nome evoca a justiça social de Leão XIII e a humildade de Frei Leão, conectando-o ao legado de Francisco.

      Meus comentários às suas palavras refletem minha jornada como jornalista, vendo nelas um chamado à empatia e ao serviço.

      Que sua liderança, enraizada no amor e no diálogo, ilumine o caminho da humanidade.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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