Família humana
Como que influenciados por Agostinho, os monges am a impor regras aos casais
Depois do Conclave, minuciosamente preparado e simbolicamente construído, surge Leão XIV na sacada, em vestes macias e brancas sem nenhum amassado ou mancha de uma gota de óleo que seja. Em questões de horas já era unanimidade, o rosto mais presente nas redes sociais. A indumentária de poder está toda completa e o texto escrito.
Francisco tinha avançado nas pautas da Igreja, combatido ferrenhamente os desvios morais e de simonia. Inobstante, abriu a instituição católica às conferências e sínodos. Não fugiu da discussão de nenhuma pauta atual, enfrentando inclusive as questões complexas como as do LGBTQIA+, dos sacerdotes casados, da bênção aos homossexuais e que pessoas em novas uniões conjugais participem das missas. Não se postou como um formulador de dogmas, como as de Família que seu sucessor acaba de o fazer dizendo que Família é "união estável entre um homem e uma mulher" – cuja definição de sexo, ao que parece, seja a de órgão genital. Francisco, embora não reconhecendo a união homoafetiva como sacramento, não lhes negou a bênção, defendeu a proteção legal e que os homoafetivos têm direito à família. O Estado brasileiro reconhece civilmente a união homoafetiva. A adoção de filhos por casais héteros ou homos também são permitidos. Filhos, perante a lei, os de adoção não se diferenciam dos naturais, não são menos filho ou filha. Não existe meio filho nem meia família.
Família é união no amor, nada mais. O Deus cristão é concebido como família na Trindade. Em questão, a própria ordem religiosa tem um élan de família.
A grande influência da Moral Conjugal católica é de santo Agostinho, um dos chamados padres da Igreja, do século IV. Ressalte-se que o santo tivera a primeira concubina por dez anos e um filho, Adeodato. Posteriormente, teve uma segunda concubina e uma vida que punha preocupações em santa Mônica, sua mãe. O bispo de Hipona foi batizado aos 33 anos, convertido da vida pregressa a a defender uma teologia de família procriativa. Ou seja, santo Agostinho, homem de duas concubinas e viril, se posiciona vigilante ao contato físico e à negação do corpo sensorial.
Como que influenciados por Agostinho, os monges am a impor regras aos casais. As regras monacais impostas são para os procedimentos procriativos e de se proibir as brincadeiras na cama. A força argumentativa e obras de Agostinho deram azo a isso. A paranoia era tanta que até o banho era considerado ato libidinoso. Por outro lado, os senhores medievais faziam os casais copularem nos cultivares, para aumentar a colheita – assim se pensavam.
No século ado, em Piracicaba, os frades visitavam as comunidades distantes, vilarejos de imigrantes europeus, e afirmavam que “um jardim sem flores não é jardim”, fala deles aqui mesmo nesta terrinha. Ou seja, o casamento como finalidade procriativa. Sim, filhos e braços para a lavoura.
As regras monacais procriativas rígidas não prevaleceram, ufa, ainda bem. O povo vai vivendo o cotidiano e Leão XIV com sua velha teologia, está tudo certo.
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