Governo barrou a roubalheira no INSS
O governo atual, ao identificar o problema, tomou as medidas cabíveis
O governo Lula começou a investigação ainda em 2023, logo após a posse, que levou à interrupção do esquema de descontos irregulares em pensões e aposentadorias. Ou seja, não foi preciso muito tempo para identificar a sujeira que vinha sendo varrida para debaixo do tapete. Segundo as investigações, os atos criminosos começaram em 2016 e ganharam força especialmente em 2022. E aqui vale um ponto crucial: o governo anterior nada fez, absolutamente nada, para investigar ou sequer frear o crescimento desse esquema. Isso precisa ser dito com todas as letras. É um dado central na disputa política que se apresenta.
Outro ponto que merece luz — e das potentes — é: quem é o “careca do INSS”? Que relações esse sujeito mantinha para articular um esquema dessa magnitude? Que tipo de rede foi tecida ao redor dele? E, sobretudo, quando e como ele começou a escalar nesse sistema? Afinal, sabemos: jabuti não sobe em árvore. Se está lá, alguém colocou.
Não dá para analisar esse escândalo com seriedade sem observar também os movimentos legislativos feitos no Congresso em 2022. Mudanças em regras que facilitavam os descontos aram por lá. Quem propôs? Quem defendeu? E por que defenderam? Isso ajuda a desenhar o mapa completo do conluio — o elo entre o que se fazia nas sombras e o que se legitimava à luz do dia.
O governo atual, ao identificar o problema, tomou as medidas cabíveis: afastou dirigentes do órgão, suspendeu os descontos, garantiu o ressarcimento aos atingidos e determinou a revisão de milhares de autorizações supostamente firmadas por aposentados. Além disso, determinou que os convênios com associações suspeitas fossem suspensos e estabeleceu maior controle sobre novos contratos. Poderia ter agido com mais rapidez? Sem dúvidas. Houve morosidade, sim. E essa demora custou caro: permitiu que os malandros enchessem ainda mais os bolsos e gerou prejuízo adicional para os cofres públicos. Mas as medidas corretas foram tomadas.
Não vejo indícios de envolvimento de agentes políticos do atual governo. Agora, é evidente que esse esquema não teria operado sem a participação ativa de servidores — inclusive os de cargos comissionados. A ideia de que um golpe dessa envergadura se monta sem apoio de dentro do INSS é, no mínimo, ingênua. E, embora não se possa descartar que alguns nomeados tenham contribuído, não se trata de um esquema articulado por governistas, como tenta fazer crer a oposição. Se insistirem nessa narrativa, é bem provável que acabem dando um tiro no pé já na primeira encruzilhada.
As ações do governo, portanto, foram na direção certa — embora tardias. Claro que ainda é preciso, e acredito que esse será o próximo o, ir atrás do dinheiro. É muita grana para ter circulado sem que se encontre os destinos. E não falo dos milhões do Careca do INSS ou de um ou outro servidor. Me refiro ao montante maior que essa fraude possa ter movimentado. Que não chegará, é claro, aos R$ 6 bilhões divulgados pela imprensa.
Mas é preciso fazer uma ponderação estratégica: com todo o respeito que merece, Carlos Lupi não pode ser escalado como porta-voz do governo nesse debate. Que ele tenha dado explicações, até vai — afinal, o INSS está sob sua pasta. Mas mantê-lo na linha de frente, como fiador público da defesa, é enfraquecer a posição do governo.
Lupi é figura de embate político e partidário, tem experiência em costuras e negociações. Mas este é um caso que exige técnica, firmeza e confiança institucional. Não é o tipo de enfrentamento que ele parece preparado para conduzir. E, salvo se surgirem elementos que o envolvam diretamente — o que, pessoalmente, não acredito —, não há razão para colocá-lo no centro da fogueira e dar munição a quem quer vê-lo fritar.
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