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      Ivan Rios

      Sindicalista, historiador, crítico de cinema, escritor, membro do Comitê Baiano de Solidariedade ao Povo da Palestina, graduando em Direito, militante dos Movimentos de Promoção, Inclusão e Difusão Cultural no Estado da Bahia

      44 artigos

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      "Pecadores”: uma reflexão dialética sobre ancestralidade, resistência e a condição humana

      A narrativa expõe, com acuidade sociológica, o impacto das estruturas raciais e das exclusões sistêmicas

      (Foto: Ivan Rios)

      O filme Pecadores (2025), sob a direção visionária de Ryan Coogler, transcende os limites do discurso artístico convencional para se afirmar como um corpus dialético que interliga filosofia, história e sociologia em uma narrativa singular. Fundamentado em questões universais e imemoriais, a obra aborda a opressão, a marginalização e a resistência como dimensões estruturais da experiência humana, iluminando as dinâmicas do poder e seus desdobramentos históricos e contemporâneos.

      Os protagonistas, Elijah "Fumaça" e Elias "Fuligem", magistralmente interpretados por Michael B. Jordan, simbolizam na própria escolha de seus apelidos a marca de um legado ardente e permanente. Este retorno ao locus da memória—sua cidade natal—representa não apenas uma jornada física, mas um mergulho profundo no confronto entre uma força sobrenatural maligna e as feridas sociais que permeiam a condição histórica de comunidades marginalizadas. A trama, nesse sentido, revela-se um microcosmo das relações de poder, que articulam o ado ao presente em uma dialética da resistência.

      A narrativa expõe, com acuidade sociológica, o impacto das estruturas raciais e das exclusões sistêmicas, erguendo-se como um manifesto contra o apagamento cultural e social. Ao criticar as práticas religiosas historicamente utilizadas como instrumentos de dominação, Pecadores estabelece um diálogo com a epistemologia da opressão, revelando como dinâmicas de poder se perpetuam por meio da transfiguração simbólica. Essa abordagem crítica reflete os desafios atuais, marcados pela ascensão da intolerância global, notadamente a ascensão e crescimento da extrema direita, e pela exacerbação das desigualdades.

      As interpretações dos protagonistas, elevam a carga semântica do filme, transformando cada gesto e diálogo em atos de resistência. Miles Caton, como Sammie Moore, oferece camadas de vulnerabilidade e força que intensificam o impacto da obra. A trilha sonora, por sua vez, adquire um caráter quase ontológico, transcendendo sua função estética e se convertendo em um elo entre ancestralidade e contemporaneidade.

      Os diálogos são impregnados de densidade filosófica, promovendo reflexões sobre os dilemas existenciais da condição humana. Cada palavra pronunciada carrega consigo um convite à introspecção, aproximando o público de questões fundamentais sobre a fragilidade e a resiliência humanas. A intersecção entre gêneros cinematográficos—suspense, drama e terror—constitui um exercício de desconstrução das convenções narrativas, revelando o filme como um fenômeno multifacetado.

      Do ponto de vista histórico, Pecadores emerge como um testemunho dos dilemas e lutas que atravessam gerações. Ao articular narrativas individuais e coletivas, o diretor e roteirista Ryan Coogler inscreve sua obra no campo da memória, transformando-a em um documento vivo que conecta ado e presente. Inegavelmente, a obra desafia as fronteiras do conhecimento ao interrogar práticas discursivas que perpetuam a desigualdade e ao celebrar a resistência como forma de emancipação. Por fim, Pecadores não apenas redefine os contornos do cinema enquanto forma de arte, mas se consagra como um monumento filosófico e cultural. Ao mesclar ancestralidade, historicidade e questionamentos sobre o ser, a obra pulsa como um símbolo atemporal da luta por justiça e dignidade, ecoando como um manifesto universal sobre a resiliência e a transcendência humanas. Ryan Coogler, ao conceber este filme, inaugura um legado que dialoga com as inquietações mais profundas da humanidade.

      SINOPSE:

      O filme “Pecadores” (2025) apresenta uma narrativa intensa e cheia de mistérios. A história segue os irmãos gêmeos Elijah "Fumaça" e Elias "Fuligem" (interpretados por Michael B. Jordan), que retornam à sua cidade natal com o objetivo de reconstruir suas vidas e superar um ado conturbado. No entanto, ao chegarem, eles se deparam com uma força maligna que começa a persegui-los, trazendo à tona medos e traumas profundos.

      Essa entidade sombria não apenas ameaça os irmãos, mas também busca dominar a cidade e seus habitantes. Para enfrentá-la, Elijah e Elias precisam confrontar não apenas os demônios literais, mas também as lendas e mitos que cercam a região, enquanto lutam para proteger a si mesmos e aos outros.

      TÍTULO ORIGINAL: Sinners | Ano de Produção 2025 | Estados Unidos DIREÇÃO: Ryan Coogler

      ROTEIRO: Ryan Coogler

      ELENCO: Michael B. Jordan (como Elijah Smoke/Elias Smoke), Hailee Steinfeld, Miles Caton, Jack O'Connell, Wunmi Mosaku, Delroy Lindo, Lola Kirke, Li Jun Li, Jayme Lawson, Deneen Tyler, David Maldonado, Bryant Banks, Buddy Guy, Christian Robinson e Ja'Quan Monroe-Henderson

      PRODUTORAS: Warner Bros. Studios e Proximity Media

      DISTRIBUIDORA: Warner Bros

      DURAÇÃO: 137 min

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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