Sul Global: Trump quer Argentina longe da China, mas comitiva de empresas chinesas chega ao país
Chegada dos chineses em Buenos Aires confirma a força do Sul Global e ocorrerá quase ao mesmo tempo em que Lula desembarcará em Pequim para Cúpula China-Celac
Uma comitiva de empresas chinesas deverá desembarcar em Buenos Aires nesta semana. O objetivo é buscar oportunidades de investimentos em áreas estratégicas como energia e infraestrutura. A informação é da agência internacional de notícias EFE e foi reproduzida, com destaque, na imprensa argentina.
O desembarque da comitiva, integrada por pelo menos 15 autoridades e executivos chineses, ocorre em meio à guerra comercial iniciada por Donald Trump e num momento em que os Estados Unidos defendem que a Argentina, presidida por Javier Milei, deve se distanciar do país asiático.
A chegada dos chineses confirma a importância do Sul Global e será registrada quase ao mesmo tempo em que o presidente Lula participará, em Pequim, ao lado do presidente Xi Jinping, da Cúpula entre a China e países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nos dias 12 e 13 deste mês de maio.
A China é o principal fornecedor internacional do setor industrial na Argentina e possui investimentos no país em vários setores, como tecnologia e mineração, entre outros. Na campanha à Casa Rosada, Milei tinha dito que jamais negociaria com o “país comunista”.
No fim do ano ado, porém, pouco antes da nova posse de Trump na Casa Branca, em janeiro deste ano, o argentino fez elogios à China, como parceiro – “A China é um sócio comercial interessante. Não exige nada. Só quer que não os incomodemos”, disse.
A Argentina depende financeiramente da China e, no mês ado, foi renovado o acordo bilateral (swap de moedas) que reforça as reservas do Banco Central argentino.
Ao mesmo tempo, foi revelado, nesta segunda-feira, que Trump enviou à capital argentina uma autoridade do Departamento de Estado para negociar as tarifas recíprocas (elas também atingiram a Argentina) com o país governado por Milei. O subsecretário para Política Comercial e Negociações do Departamento de Estado, Robert Garverick, se reuniu com o governo Milei e com empresários. Eles negociam a possível eliminação de barreiras tarifárias para cerca de 50 produtos argentinos – o Mercosul deu o aval para esse entendimento.
E assim a Argentina continua no bloco e as críticas ferozes de Milei, que disse que o Mercosul era uma “prisão”, ficam superadas, pelo menos por enquanto.
Garverick esteve em Buenos Aires há dez dias. Chegou logo depois da visita do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que, em uma entrevista à agência Bloomberg, criticou a China e sugeriu que a Argentina deveria escolher entre o país asiático e os Estados Unidos.
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