window.dataLayer = window.dataLayer || []; window.dataLayer.push({ 'event': 'author_view', 'author': 'Leonardo Attuch', 'page_url': '/blog/trump-e-musk-nunca-aceitaram-o-fim-do-apartheid' });
TV 247 logo
      Leonardo Attuch avatar

      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

      491 artigos

      HOME > blog

      Trump e Musk nunca aceitaram o fim do apartheid

      Bullying contra o presidente da África do Sul revela o supremacismo branco de Trump e seus aliados

      Cyril Ramaphosa e Donald Trump na Casa Branca - 21/05/2025 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

      O vergonhoso constrangimento diplomático imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, no Salão Oval da Casa Branca é o sintoma visível de uma doença moral mais profunda: o racismo estrutural e o inconformismo de líderes da extrema direita global com o fim do apartheid. Ao armar uma armadilha no Salão Oval, exibindo vídeos distorcidos com falsas acusações de “genocídio branco” na África do Sul, Trump demonstrou, mais uma vez, que sua política externa é guiada não por fatos ou respeito à soberania alheia, mas por uma ideologia supremacista que tem como objetivo sustentar o poder branco em escala global.

      A postura de Trump foi uma tentativa grosseira de humilhar um líder africano que representa o país que representa a superação histórica do racismo. Ramaphosa, com firmeza e ironia, reagiu à provocação dizendo: “Me desculpe, não tenho um avião para te dar”. A frase, aparentemente leve, foi uma resposta cirúrgica a uma hipocrisia colossal: justamente no mesmo momento em que Trump pressionava a África do Sul com acusações infundadas, o Pentágono – sob orientação do governo americano – aceitava como “presente” um jato de luxo oferecido pelo Catar.

      O avião, um Boeing 747-8 avaliado em cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão), será adaptado para substituir o atual Air Force One e usado por Trump em seu segundo mandato. É escandaloso que, enquanto se arma um ataque moral e político contra um país do Sul Global em nome da defesa dos “direitos humanos” e da “democracia”, o próprio presidente dos Estados Unidos aceite, sem qualquer pudor, um presente bilionário de uma monarquia absolutista. Isso escancara a corrupção institucionalizada que reina na Casa Branca.

      A cena, portanto, ganha contornos ainda mais grotescos. Trump tenta constranger um chefe de Estado africano com base em teorias conspiratórias recicladas da extrema direita, enquanto recebe agrados luxuosos de um regime que não permite partidos políticos nem liberdade de imprensa. O duplo padrão é evidente e repulsivo.

      Essa conduta se conecta com o ethos de outras figuras da plutocracia global, como Elon Musk, assessor especial de Trump, que nasceu e cresceu na África do Sul branca e elitista do apartheid. Suas visões políticas frequentemente revelam nostalgia por aquela ordem desigual, e sua aliança com Trump não é meramente econômica ou ideológica – é também racial e cultural. Ambos representam uma reação ao avanço do mundo multipolar e de sociedades mais plurais, que desafiam o supremacismo branco.

      O ataque a Ramaphosa é simbólico. Não se trata apenas de um insulto pessoal, mas de uma agressão à ideia de uma África do Sul soberana, negra, democrática e comprometida com a justiça histórica. É também um aviso ao mundo: os novos colonialistas agora operam com desinformação, pressões diplomáticas e tentativas de humilhação no alçapão da Casa Branca. Querem desacreditar governos que ousam redistribuir terras, corrigir desigualdades e enfrentar o ado.

      Mas a resposta sul-africana mostrou dignidade e coragem. E, diante do avião do Catar aceito por Trump, Ramaphosa expôs o que há de mais podre na máquina de poder que governa os Estados Unidos sob a aparência de uma democracia: a corrupção escancarada, blindada por interesses bilionários, sustentada por fake news e legitimada por uma diplomacia de intimidação. No fundo, Trump e Musk nunca aceitaram o fim do apartheid – e é isso que explica a cena grotesca de ontem na Casa Branca.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados