Vale Tudo: o “jeitinho brasileiro” e a corrupção endêmica do Brasil
Uma análise crítica da cultura da esperteza no Brasil, refletida pela dramaturgia e sustentada por dados reais
A novela Vale Tudo, remake da TV Globo exibido desde 31 de março de 2025, retorna com força à grade televisiva e à alma do país. O folhetim, com sua trama envolvente, atualiza para o presente um tema tão antigo quanto crônico: o “jeitinho brasileiro”. Só que desta vez, o que era ironia virou denúncia.
Diferente de uma malandragem simpática, o “jeitinho” em Vale Tudo é tratado como ele realmente é: uma forma institucionalizada de corrupção. Subornar policiais para evitar multas, fraudar atestados médicos, burlar filas, sonegar impostos ou usar influências para obter empréstimos generosos não são atos isolados — são expressões cotidianas de um pacto cultural com a desonestidade.
Como jornalista que colaborou por anos com o site Observatório da Imprensa, fundado por Alberto Dines, reconheço que a novela cumpre um papel que muitas vezes a grande mídia evita: levantar o espelho sem filtros diante da sociedade brasileira. E o reflexo que se vê é o de uma nação afogada em sua própria conivência moral.
Odete Roitman, interpretada com brilho por Débora Bloch, é a síntese dessa elite que age com impunidade. Seu bordão — “Eu sou Odete Roitman, sou rica, poderosa, odeio o Brasil e faço o que quero!” — revela a lógica da dominação. Ao seu lado, Marco Aurélio (Rodrigo Lombardi) atua como o operador financeiro de um sistema de vantagens: desvia 1 milhão de dólares para contas no exterior, símbolo da naturalização da fraude entre os poderosos.
Personagens como radiografia social
A novela costura, como poucas, um mosaico social amplo. Maria de Fátima (Bella Campos), filha da honesta Raquel Accioli (Taís Araújo), decide trair a própria mãe, vendendo a casa da família e se unindo ao trambiqueiro César Ribeiro (Cauã Reymond). “Eu não nasci pra ser pobre, César, vou ter tudo que quero!”, ela grita, exprimindo o ethos de uma geração criada para confundir ambição com desonestidade.
Raquel representa o avesso: a ética, a perseverança, a firmeza de caráter. De vendedora de sanduíches nas praias cariocas, ela se torna fundadora da rede de restaurantes Paladar, sempre guiada por valores sólidos. Em certo momento, ela afirma: “Não há dinheiro no mundo que compre minha honestidade”. É mais que uma fala: é um manifesto.
Ivan Meirelles (Renato Góes) vive o dilema da maioria: entre atalhos e princípios. No fim, escolhe o caminho da integridade, mesmo a um custo alto. Heleninha (Paolla Oliveira), marcada pelo alcoolismo e pela opressão materna, carrega no corpo a dor simbólica da elite decadente. Celina (Malu Galli) é o equilíbrio: lúcida, mas impotente diante das engrenagens familiares. Ela carrega o eixo ético da nossa elite.
Outros personagens orbitam esse núcleo moral: Consuelo (Belize Pombal), Poliana (Matheus Nachtergaele), Solange (Alice Wegmann), Sardinha (Lucas Leto), Lucimar (Ingrid Gaigher) e Eugênio (Luis Salém) dão voz e rosto à classe média espremida entre o sonho da ascensão e o pântano da corrupção cotidiana.
A pirâmide social desigual
Mas o que mais impressiona é a correspondência entre a ficção da novela e os dados reais da estrutura social brasileira. Segundo o IBGE (2023), a pirâmide de renda no Brasil é abissal:
O 1% mais rico da população (cerca de 2,1 milhões de pessoas) concentra 28% da renda total. São aqueles que ganham mais de R$20 mil por mês.
A elite é seguida por 10% da população — os chamados “ricos” — que recebem entre R$5 mil e R$20 mil. A classe média, com 40% da população (84 milhões), vive com renda mensal entre R$1.500 e R$5.000. Já 35% da população (73 milhões) está na linha da pobreza, com rendimentos de até R$1.500, e outros 14% (29 milhões) sobrevivem na miséria, com menos de R$300 por mês.
Além disso, 38% dos brasileiros vivem com menos de um salário-mínimo (R$1.412, em 2024). A sonegação fiscal, segundo o Sindifisco, foi de R$417 bilhões em 2023 — quase o dobro do déficit fiscal brasileiro.
E mesmo diante desse cenário, em abril de 2025, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, sugeriu congelar o salário-mínimo por seis anos, ajustando-o apenas pela inflação. Sua proposta ignora os dados que mostram um tímido, mas real avanço no Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda: de 0,53 em 2010 para 0,506 em 2024. Essa declaração do Fraga bem serviria como epitáfio para uma elite desregrada e perversa
Vale Tudo da Globo é um elogio ao mau caratismo
A força dramática de Vale Tudo reside, em grande parte, na ousadia de sua estrutura narrativa. A novela não alivia o espectador: por muitos capítulos, os vilões vencem. Odete, Marco Aurélio e Maria de Fátima prosperam enquanto Raquel, símbolo de honestidade, é humilhada, ridicularizada, traída, perseguida. Essa inversão de expectativa tem função crítica, mas também levanta questões: ao estender demais a impunidade dos maus, não se corre o risco de normalizá-la?
Segundo o IBOPE, a novela alcançou 28 pontos de audiência na Grande São Paulo em maio de 2025. A estimativa da Kantar IBOPE Media indica que a produção já movimentou mais de R$340 milhões em publicidade até o final de maio, com projeção de R$380 milhões até o início de junho — um marco expressivo.
Contudo, essa avalanche de audiência e dinheiro vem acompanhada de contradições. A Globo evita confrontar diretamente setores que financiam sua programação — bancos, empreiteiras, plataformas digitais —, e, com isso, o discurso da ética vira espetáculo, mas não ação.
O folhetim do horário nobre, portanto, se situa no limiar entre denúncia e espetáculo. Se, por um lado, revela a podridão institucional, por outro, lucra com ela. Isso não diminui sua relevância, mas reforça a necessidade de vigilância crítica. Como jornalista que viveu o ambiente de análise profunda no Observatório da Imprensa, digo: se esse projeto ainda existisse com o rigor de sua origem, essa hipocrisia midiática estaria na pauta. Sou grato ao Brasil 247 por me oferecer diariamente este espaço nobre do jornalismo brasileiro.
A trilha sonora e o pulso cultural
Apesar das críticas, é preciso reconhecer os méritos estéticos da produção. A trilha sonora de Vale Tudo é um acerto refinado que conecta gerações e regiões. O clássico “Vale Tudo”, de Cazuza e Frejat, ganha nova vida na voz poderosa de Gal Costa. A música ecoa como tema da série, funcionando quase como trilha da história brasileira contemporânea: “vale tudo, vale até vender a alma pra poder se dar bem”.
A produção inclui ainda “Retrato em Branco e Preto”, do maestro Tom Jobim, reafirmando a delicadeza da dor no cotidiano de personagens como Heleninha. Mas o ponto alto é, sem dúvida, a interpretação comovente de “Gente”, de Caetano Veloso, na voz de Xande de Pilares. A canção, que já era um hino à empatia, torna-se um manifesto contra o elitismo quando entoada por um dos maiores representantes do samba contemporâneo.
A abertura da novela também merece destaque. Com pouco mais de um minuto, apresenta imagens reais do Brasil profundo: crianças em escolas precárias, trabalhadores no transporte público, famílias em periferias coloridas e vibrantes. É, ao mesmo tempo, crônica e clipe, denúncia e beleza.
Com esses recursos, a Globo mostra que sabe tocar onde dói — ainda que evite apertar o dedo com firmeza.
Congresso: O “Jeitinho” político descarado e escandaloso
Mas o “jeitinho” não se limita à ficção nem às práticas cotidianas do cidadão comum. Ele se institucionaliza no coração da República: o Congresso Nacional. O caso das emendas do relator — apelidadas de “orçamento secreto” — é um dos exemplos mais flagrantes da corrupção legalizada. O Supremo Tribunal Federal Ban que luta para colocar essa prática odiosa nos trilhos. Mas está penando muito. O manto da impunidade se confunde com o manto da imunidade parlamentar.
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), R$38 bilhões do orçamento da União foram usados, em 2024, para financiar interesses paroquiais e trocas de favores entre parlamentares e o Executivo. O dinheiro foi distribuído sem critérios técnicos, com base em negociações obscuras, e não em políticas públicas planejadas.
Essa manobra mina diretamente os direitos sociais. Hospitais públicos aguardam insumos. O SUS enfrenta filas e falta de profissionais. Programas como o Universidade para Todos veem seus recursos evaporarem. O déficit habitacional cresce: segundo o Ministério das Cidades, 1,2 milhão de famílias estão na fila da moradia popular. Enquanto isso, deputados financiam obras em redutos eleitorais sem prestar contas, financiam estradas públicas com destino a suas fazendas particulares, garantindo reeleições e fidelidade política.
Além disso, é bom destacar de novo, o foro privilegiado protege cerca de 58 mil autoridades — entre parlamentares, juízes, promotores, ministros e militares. Isso cria um sistema de impunidade seletiva, onde apenas os “sem proteção” enfrentam os rigores da lei.
A Transparência Internacional, em seu relatório de 2023, atribuiu ao Brasil a nota 34 no Índice de Percepção de Corrupção, posicionando o país na 107ª colocação entre 180 países. A nota reflete a profunda desconfiança da sociedade brasileira em relação a seus representantes.
No entanto, até a Transparência Internacional precisou lidar com sua própria crise de imagem: foi investigada pelo Ministério Público Federal por suspeitas envolvendo a origem de doações e sua atuação durante o auge da Operação Lava Jato. Não é demais lembrar que o juiz todo poderoso, paranaense Sérgio Moro e seguiu desafetos políticos e rapidamente se tornou ministro da Justiça da ideologia oposta à de seus sentenciados. O processo envolvendo a Transparência foi arquivado em 2024, mas o episódio deixa uma advertência clara — até instituições anticorrupção precisam ser transparentes.
Judiciário e a venda de Sentenças
Quando falamos em corrupção, muitas vezes o olhar público se detém no Legislativo ou no Executivo. Mas o “jeitinho” — essa prática corrosiva que mina a moralidade institucional — também se enraizou no sistema Judiciário. E, talvez por isso, a indignação seja ainda mais intensa: espera-se da Justiça a imparcialidade, a firmeza, a moral ilibada. Quando ela falha, o abismo se escancara. E começa a escorrer pelo ralo o estado democrático de direito.
Nos últimos anos, casos concretos revelaram que parte da magistratura brasileira — especialmente em esferas estaduais — não está imune às tentações do poder. Na Bahia, por exemplo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou, em 2023, desembargadores acusados de negociar sentenças judiciais em troca de favorecimento político e econômico. O caso envolveu grileiros, cartórios e políticos locais.
Em Minas Gerais, em 2024, um juiz de primeira instância foi condenado por liberar bens apreendidos de um empresário investigado por lavagem de dinheiro, após receber vantagens indevidas. O processo foi conduzido pela Corregedoria Nacional de Justiça com o apoio da Polícia Federal e expôs esquemas de influência dentro das varas cíveis.
No Rio de Janeiro, a Operação Espelho Partido, deflagrada entre 2022 e 2024, revelou uma rede de venda de sentenças que envolvia servidores istrativos, magistrados aposentados e intermediários de confiança. Em alguns casos, decisões judiciais foram literalmente leiloadas entre partes envolvidas em disputas comerciais milionárias.
Esses episódios não apenas colocam em xeque a confiança no Poder Judiciário, mas também reforçam a percepção de que, no Brasil, o “jeitinho” virou moeda institucional. O cidadão comum que precisa da Justiça do Trabalho, da Justiça Federal ou da Defensoria Pública sente que há dois pesos e duas medidas: uma para quem tem contatos e influência, outra para quem depende do sistema.
Essa corrosão moral não é casual — ela está diretamente ligada à lógica do foro privilegiado, à falta de transparência nos critérios de promoção de juízes e à ausência de controle externo efetivo sobre as decisões judiciais. O CNJ, mesmo com avanços, ainda tem limitações operacionais e sofre pressão política interna.
E, como um espelho das tramas de Vale Tudo, vemos na realidade juízes que se comportam como Marco Aurélio: articulados, discretos, cercados de poder e blindagens — desviando a função pública para atender interesses privados.
A teia invisível da impunidade
A corrupção no Judiciário é especialmente grave porque afeta a espinha dorsal do Estado de Direito. Quando uma sentença pode ser comprada ou trocada por favores, todas as garantias constitucionais perdem seu sentido.
O sistema de justiça criminal, por exemplo, opera em duas velocidades: acelerado e implacável contra pequenos crimes — como furtos simples, ocupações urbanas ou desacatos — e moroso, leniente ou ineficaz quando o réu é um agente político, um banqueiro, um alto executivo.
Esse “apartheid jurídico” alimenta o cinismo social. O cidadão, cansado de ver escândalos sem punição efetiva, tende a naturalizar a corrupção como algo inevitável. Assim, o jeitinho se reafirma como mecanismo de autoproteção diante de um Estado que não oferece isonomia.
Na prática, isso significa que a corrupção do Judiciário é a mais perversa de todas. Ela não rouba só dinheiro público: rouba esperança ao mesmo tempo que destrói a confiança da população em seu sistema judiciário vigente
A cultura do “Tudo Vale”
A novela Vale Tudo escancara essa cultura da conivência. Ao longo de sua narrativa, ela mostra como o jeitinho se infiltra em todas as esferas: do casamento ao mercado financeiro, da política ao cotidiano das empregadas domésticas. A série não aponta culpados únicos — ela denuncia um modelo de convivência que premia a esperteza e marginaliza a integridade.
Em muitos momentos, a trama parece dizer: “ser honesto no Brasil é quase um ato de resistência”. Que também pode ser traduzido por esta frase: “se você decidir ser honesto e ético prepare-se para comer o pão com o diabo amassou”. E talvez seja mesmo. Raquel Accioli, com sua firmeza moral, é tratada por muitos personagens como uma ingênua, uma sonhadora, uma mulher deslocada no tempo. No entanto, é justamente ela quem carrega o eixo ético da história das classes representadas do meio da pirâmide para baixo.
Ao contrário de outros folhetins, Vale Tudo não busca criar “bons moços perfeitos”. Ivan, por exemplo, oscila, erra, hesita — mas escolhe a dignidade. Essa nuance é valiosa porque lembra que a ética não é uma dádiva: é uma escolha diária, feita sob pressão, e quase sempre solitária. Tenho simpatia pelo Ivan porque ele não é idealizado, nem é santo nem pecador, é o cidadão comum que nos versos de Belchior bem poderia cantar “este ano eu morri, mas ano que vem eu não morro”.
Mas o problema é que, na vida real, os Raquéis estão cada vez mais raros e os Odetes, cada vez mais influentes. Não à toa, 69% dos brasileiros acreditam que o Legislativo é profundamente corrupto, segundo pesquisa da Gallup de 2022. A confiança nas instituições está em erosão contínua, como uma ponte cujas vigas foram corroídas silenciosamente pela água salobra da impunidade.
Um Brasil refém do Jeitinho
Na dramaturgia de Vale Tudo, tudo parece girar em torno de um princípio tácito: o jeitinho é mais eficaz que a lei. Mas quando a ficção se parece tanto com a realidade, deixa de ser apenas arte — torna-se diagnóstico.
A Odete Roitman da novela é um arquétipo. Ela representa não apenas a elite econômica, mas a mentalidade predatória que atravessa classes sociais e instituições.
A alma da Roitman habita os gabinetes de Brasília, as sedes dos bancos e das grandes indústrias na avenida Paulista e na Faria Lima, e estar onipresente nos escritórios de advocacia que compram decisões, nas reuniões de executivos que superfaturam contratos, nos cidadãos que fraudam o INSS, nos motoristas que subornam guardas de trânsito. O problema é sistêmico.
O Brasil não é corrupto por natureza. Mas vive sob um sistema de incentivos que premia a esperteza e pune a retidão. Ser honesto, hoje, é quase uma forma de heroísmo. Raquel Accioli, nesse sentido, não é apenas uma personagem irável — é um retrato do cidadão que ainda acredita em ética, justiça e trabalho digno. Até quando isso persistirá? Quando estive na feira internacional do livro de Frankfurt em fins dos anos de 1990 mantive longas conversas com Darcy Ribeiro. Estas reflexões espelham boa parte daquelas conversas. (Viva Darcy, sempre!)
Mas quantos Raquéis resistem diante de um sistema que premia as Fátimas?
O papel da mídia: entre a crítica, o rabo preso e a conivência
Como jornalista que colaborou por vários anos com o Observatório da Imprensa, fundado por Alberto Dines, acompanhei de perto a transformação da mídia brasileira — de fiscalizador do poder a cúmplice silenciosa em muitos casos. É justamente por isso que me incomoda ver a TV Globo, por exemplo, faturar meio bilhão de reais com uma novela que denuncia os mesmos esquemas que ela, enquanto empresa, evita confrontar com profundidade em seu jornalismo.
É claro que Vale Tudo presta um serviço. Expõe, emociona, instiga debates. Mas também lucra com a desgraça moral. Não é uma crítica moralista — é um chamado à coerência editorial. Por que o Jornal Nacional não faz editoriais sobre os banqueiros como Marco Aurélio? Por que as famílias bilionárias que financiam campanhas políticas não são pauta recorrente nos grandes telejornais?
Se o Observatório da Imprensa ainda estivesse em sua forma mais crítica e vigorosa, certamente colocaria essas perguntas na mesa. O papel da mídia não é apenas entreter nem apenas informar. É interpretar o mundo. E fazer isso com coragem.
Entre o espelho e a lupa
Vale Tudo funciona como um espelho, mas a crítica precisa agir como uma lupa. A lupa revela os detalhes do sistema: os R$38 bilhões das emendas do orçamento secreto que sangram o erário público; os juízes afastados por venderem decisões; os 69% da população que não confiam no Congresso; os 38% que vivem com menos de um salário mínimo; os R$417 bilhões sonegados por grandes empresas em 2023.
Esses números não são apenas estatísticas. São sintomas. Eles revelam que o “jeitinho” deixou de ser uma gambiarra cultural para se tornar um projeto de poder.
E agora?
A pergunta que se impõe ao final de cada capítulo da novela — e ao final desta análise — é: e agora?
Precisamos mais do que diagnósticos. Precisamos de coragem para reverter o pacto da esperteza.
Isso exige ação política, fortalecimento institucional, reforma do sistema judiciário e, acima de tudo, educação cidadã. Mas também exige uma mudança cultural: parar de rir do jeitinho e começar a rejeitá-lo. Não com discursos moralistas — mas com atitudes práticas.
Rejeitar a corrupção não é só denunciar escândalos. É fazer o certo quando ninguém está vendo. É escolher a fila certa, recusar a vantagem indevida, não justificar o erro com a desculpa do “todo mundo faz”. É, em suma, tornar-se uma Raquel Accioli em um mundo cheio de Odetes.
Se Vale Tudo nos ensinou algo, foi que a corrupção é sedutora, a esperteza é recompensada — mas a consciência cobra sua conta. O Brasil está cansado de ser o país onde tudo vale. Está pronto, talvez, para ser o país onde tudo tem valor.
Como jornalista e analista de mídia, creio que nossa tarefa é continuar contando essa história — com coragem, com rigor, com paixão. Um misto de argumentação sóbria com apelo contundente Porque, no fim das contas, só a só entendendo que “a justiça é a mais amada de todas as coisas” sentiremos que terá valido a pena toda a luta que temos que travar mesmo a nos acomodar e a nos calar E, quem sabe, que não tarde muito o dia em que poderemos entender que… aqui, não vale tudo.
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