BNDES libera R$ 80 milhões para restauração de áreas degradadas na Amazônia e na Mata Atlântica
Financiamento do Fundo Clima viabiliza reflorestamento com apoio da Microsoft e inaugura modelo inovador de garantia privada para crédito público
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 80 milhões para a empresa brasileira re.green investir na restauração de áreas degradadas nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica. Os recursos vêm do Fundo Clima, instrumento vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e usado para financiar ações de enfrentamento às mudanças climáticas. A informação é do próprio banco.
A re.green é a primeira empresa a firmar um contrato com o BNDES por meio do Fundo Clima com foco específico em reflorestamento. O financiamento inclui a restauração de áreas localizadas no chamado Arco da Restauração, que abrange o leste do Maranhão, sul do Pará, Rondônia, Acre e parte do Mato Grosso. As ações ocorrerão também na Mata Atlântica, em regiões estratégicas para mitigação climática, conservação da biodiversidade e geração de desenvolvimento socioeconômico.
Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a operação marca uma virada na forma de financiar ações ambientais no país. “A liberação de recursos do Fundo Clima para a restauração ecológica da Mata Atlântica e do Arco da Restauração mostra que temos uma potente ferramenta para viabilizar investimentos na recuperação de áreas degradadas no país”, afirmou. Ele também destacou que a medida reforça o compromisso do governo Lula com o enfrentamento das mudanças climáticas.
O CEO da re.green, Thiago Picolo, ressaltou o caráter inovador do modelo. “Estamos diante de um marco duplo: o uso de garantias privadas para destravar capital público e o reconhecimento técnico da restauração florestal como uma solução concreta para o clima, a biodiversidade e o desenvolvimento territorial. É mais do que financiamento — é um modelo replicável para transformar natureza em infraestrutura essencial para o país”, declarou.
A operação conta com fiança do Bradesco e foi estruturada com o apoio do Bradesco BBI, que também assessorou a elaboração do Framework de Títulos Sustentáveis e de Biodiversidade da empresa. Segundo Felipe Thut, Head de Renda Fixa do Bradesco BBI, “é uma satisfação estruturar uma operação que representa não apenas inovação financeira, mas também compromisso com a transição para uma economia mais resiliente e regenerativa”.
Outro diferencial da iniciativa está na certificação internacional: é a primeira operação no Brasil com rotulagem de biodiversidade aplicada diretamente a um projeto de restauração florestal. O projeto recebeu avaliação “Verde Escuro” da S&P Global Ratings — a classificação mais alta da metodologia internacional Shades of Green, que atesta o grau de alinhamento a padrões ambientais globais. O marco de financiamento da re.green está em conformidade com os principais referenciais internacionais de finanças sustentáveis, como ICMA, LMA, SBG e o guia da IFC para biodiversidade.
O financiamento será utilizado para atividades de preparo do solo, plantio, manutenção e monitoramento tecnológico de áreas em restauração, com uso de drones e LiDAR. A empresa também envolverá comunidades locais em ações como coleta de sementes, prevenção de incêndios e meliponicultura. A parceria com a Microsoft garantirá a geração de créditos de carbono de alta integridade.
A re.green já atua na restauração e conservação de mais de 26 mil hectares de florestas na Amazônia e na Mata Atlântica. Foram plantadas até agora mais de 4,5 milhões de mudas de mais de 80 espécies nativas, com apoio de 29 viveiros parceiros. As atividades geraram 200 empregos diretos e capacitaram cerca de 300 pessoas em práticas sustentáveis.
A iniciativa reforça a nova estratégia do BNDES para o Fundo Clima, que busca aliar impacto ambiental, viabilidade econômica e escala territorial. Desde sua reformulação em 2023, o Fundo Clima ou a destinar 100% dos recursos oriundos dos royalties do petróleo para projetos de restauração ecológica, silvicultura de espécies nativas e concessão de parques. Até o momento, já foram aprovados R$ 263 milhões em projetos dessa natureza.
No total, o BNDES já investiu mais de R$ 1 bilhão em reflorestamento desde 2023. O Arco da Restauração, iniciativa central dessa estratégia, visa recuperar 6 milhões de hectares de floresta até 2030, com potencial de retirar 1,65 bilhão de toneladas de CO₂ da atmosfera. A estimativa é que sejam necessários US$ 10 bilhões em investimentos públicos e privados para alcançar esse objetivo.
A re.green, fundada em 2021, tem como missão restaurar florestas tropicais com base em ciência, tecnologia e impacto social. Conta com investidores como Lanx Capital, Gávea Investimentos e Principia Capital, além de manter parcerias estratégicas com empresas como a Microsoft. Seus projetos combinam geração de créditos de carbono, recuperação da biodiversidade e criação de oportunidades econômicas nos territórios onde atua.
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