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      “Esta década é decisiva para definir o futuro da humanidade”, diz pesquisadora do clima

      O ano de 2024 foi o mais quente não só desde o início dos registros instrumentais, em 1850, mas possivelmente dos últimos 125 mil anos

      Karina Lima, doutoranda em Climatologia pela UFRGS (Foto: Divulgação | Agência Brasil )
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      Beatriz Bevilaqua, 247 - O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, e o planeta continua em uma trajetória de aquecimento. Projeções indicam que, sem uma redução drástica nas emissões de CO2, a temperatura global pode aumentar em até 3,1°C até o final do século. No programa "Brasil Sustentável", da TV 247, entrevistamos Karina Lima, doutoranda em Climatologia pela UFRGS, divulgadora científica e coordenadora da APECS-Brasil (Association of Polar Early Career Scientists).

      “Minha pesquisa é em eventos extremos, especialmente chuvas intensas e desastres. Mas senti que precisava ir além. Desde 2020, comecei a divulgar ciência nas redes sociais porque acredito que o conhecimento não deve ficar à academia. Vivemos uma emergência climática, o maior desafio da humanidade, e eu queria ajudar a conscientizar e mobilizar mais pessoas”, explica Karina.

      O ano de 2024 foi o mais quente não só desde o início dos registros instrumentais, em 1850, mas possivelmente dos últimos 125 mil anos, de acordo com análises paleoclimáticas. A média global da temperatura de superfície atingiu 1,6°C acima dos níveis pré-industriais, segundo o programa europeu Copernicus. A Organização Meteorológica Mundial consolidou diferentes bases de dados e estabeleceu a média em 1,55°C.

      “O Acordo de Paris tem a meta de limitar o aquecimento a 2°C, com um objetivo mais ambicioso de 1,5°C. Em 2024, ultraamos essa meta ambiciosa, mas ainda não perdemos o acordo. Ele considera uma média de longo prazo, calculada em períodos de 20 a 30 anos. Entretanto, se continuarmos nesse ritmo, a tendência é que ultraemos 1,5°C de forma permanente entre o final da década de 2020 e o início da de 2030”, alerta Karina.

      Em 22 de junho de 2024, foi registrado o dia mais quente da história, com uma média global de 17,16°C. “Mesmo que algumas regiões enfrentem ondas de frio, o aquecimento global é uma média do planeta inteiro. Os extremos de frio são localizados e ageiros, enquanto o aquecimento continua aumentando na média global”, esclarece a pesquisadora.

      Karina destaca a diferença entre tempo e clima: “Tempo é o estado momentâneo da atmosfera em uma região específica, como uma onda de frio recentemente em parte dos Estados Unidos. Clima é uma média de longo prazo, geralmente calculada em períodos de 30 anos. O aquecimento global não é medido por eventos isolados, mas sim por essa média planetária que continua subindo desde a Revolução Industrial”, explica.

      Além do calor, o planeta enfrenta eventos extremos mais frequentes e intensos: secas, chuvas torrenciais e incêndios florestais. No Brasil, o Rio Grande do Sul sofreu o pior desastre de sua história em 2024. “Estudos de atribuição já confirmaram que as mudanças climáticas intensificaram esse evento. Além disso, havia vulnerabilidades estruturais que agravaram o desastre, como a falta de manutenção nos sistemas de proteção contra cheias em Porto Alegre e a comunicação de alerta falha”, aponta Karina. Ela explica que desastres não ocorrem apenas por conta do evento extremo. “Um tornado em uma área desabitada não é considerado desastre. A tragédia acontece quando o evento atinge uma região vulnerável, sem estrutura adequada para resistir.”

      Para enfrentar a crise climática, a pesquisadora destaca dois caminhos essenciais: mitigação e adaptação. “Mitigação é reduzir emissões de gases de efeito estufa para frear o aquecimento global. Precisamos chegar a zero emissões líquidas de CO2 o mais rápido possível. A adaptação, por sua vez, envolve preparar cada região para sua realidade climática, como o Rio Grande do Sul, propenso a chuvas intensas, e o Ceará, mais vulnerável à seca.”

      Ela reforça que não podemos reconstruir cidades da mesma forma após desastres: “O mundo mudou. Precisamos de cidades mais inteligentes e construções mais resilientes. Existem estudos e soluções sendo desenvolvidos. É hora de ouvir a ciência.”

      Karina também critica a insistência em explorar combustíveis fósseis. “O Brasil tem potencial para ser líder na transição energética global. Temos recursos renováveis abundantes, mas ainda estamos investindo em petróleo, inclusive na Amazônia. A Agência Internacional de Energia alerta que nenhum novo poço de petróleo deve ser aberto se quisermos manter o aquecimento global controlado em 1,5°C. Estamos lidando com processos irreversíveis. Cada décimo de grau a mais empurra mais espécies para a extinção, afeta a saúde pública e aproxima o planeta de pontos de não retorno.”

      Ela conclui com um alerta incisivo: “Nossa janela de oportunidade está se fechando rápido. Esta é a década decisiva para definir o futuro da humanidade”, finaliza.

      Assista a entrevista na íntegra:

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