Estudo mostra que 49% dos brasileiros não sabem como descartar eletrônicos
Segundo pesquisa da Descarbonize Soluções, 43% guardam celulares antigos em casa, mesmo quando estão sem uso ou quebrados
247 - Apesar de fazerem parte da rotina de milhões de brasileiros, os aparelhos eletrônicos ainda geram muitas incertezas sobre seu destino após o fim da vida útil. Uma pesquisa realizada pela Descarbonize Soluções, energytech especializada em energia limpa, revela que 49% dos brasileiros têm dúvidas sobre como descartar corretamente o chamado lixo eletrônico — categoria que inclui celulares, computadores, baterias e outros equipamentos tecnológicos.
Segundo o estudo, divulgado em maio de 2025, o comportamento da população confirma esse cenário: 43% dos entrevistados item guardar celulares antigos em casa, mesmo quando não funcionam mais. A principal justificativa é a falta de informação ou a distância dos pontos de coleta. “Nem todos sabem, mas existe uma diferença essencial entre o descarte e a reciclagem. O descarte nem sempre é feito de forma correta, enquanto a reciclagem garante que as matérias-primas serão reaproveitadas", explica Antônio Lombardi Neto, diretor de Tecnologia da Descarbonize Soluções.
Além de representar uma oportunidade perdida de reutilizar materiais valiosos, como metais raros, o armazenamento inadequado de eletrônicos em casa pode ter impactos ambientais sérios. “Quando falamos de eletrônicos, os metais pesados têm um impacto gigantesco na natureza. E, se não forem reciclados, será necessário extrair novos recursos da natureza para fabricar outros produtos. Por isso é tão importante encaminhar os aparelhos antigos para o reaproveitamento”, alerta Neto.
O Brasil está entre os líderes mundiais na geração de lixo eletrônico. De acordo com dados das Nações Unidas, o país é o quinto maior gerador de e-lixo do mundo, produzindo mais de 2,4 milhões de toneladas por ano. Nas Américas, fica atrás apenas dos Estados Unidos. Parte dessa produção está ligada ao consumo acelerado e à chamada obsolescência programada — estratégia da indústria que reduz a vida útil dos aparelhos para incentivar a compra de novos modelos.
Esse comportamento é evidente entre os entrevistados da pesquisa: 30% disseram gostar de acompanhar lançamentos e trocar de equipamentos com frequência, e outros 25% fazem isso especificamente com celulares. Ainda assim, a preocupação com o impacto ambiental é mínima na hora da troca: 89% dos consumidores não consideram a geração de lixo eletrônico como um fator relevante. Já a durabilidade e qualidade do produto (75%), o preço (55%) e a marca (53%) são os principais critérios de decisão.
“O avanço da tecnologia tem ocorrido em paralelo a uma corrida pelo consumo, muitas vezes sem responsabilidade”, observa Neto. A situação é agravada pela lentidão da estrutura de reciclagem no país. Apenas 3% do lixo eletrônico é reciclado no Brasil. A maioria vai parar em lixões ou permanece esquecida em armários e gavetas, contribuindo para um problema ambiental crescente.
As dificuldades para descartar corretamente também foram detalhadas pela pesquisa. O maior obstáculo apontado por 73% dos participantes é a falta de pontos de coleta especializados. Em seguida aparecem a falta de informação (49%) e a dificuldade de transporte até os locais de recolhimento (23%). Entre os itens que mais geram dúvidas sobre descarte estão pilhas e baterias (54%), seguidas por TVs, notebooks e computadores (44%) e celulares (43%).
A legislação brasileira prevê que fabricantes de eletrônicos recolham os resíduos por meio da logística reversa, mas a aplicação da norma ainda é tímida. Um projeto de lei apresentado em fevereiro de 2025 busca reforçar essa obrigação, exigindo que varejistas ofereçam pontos de coleta íveis em lojas físicas, centros de distribuição e outros espaços públicos.
Para Neto, a mudança depende do engajamento de todos. “Ampliar o conhecimento da população sobre o ciclo de vida dos eletrônicos e seus impactos torna-se essencial. A responsabilidade pela mudança é compartilhada — a por governos, fabricantes e também por escolhas cotidianas da população”, afirma.
Ele recomenda que os consumidores procurem cooperativas, associações ou recicladores locais que possam dar o destino correto ao lixo eletrônico. “Reciclar eletrônicos é mais do que uma atitude ambiental: é um compromisso com o futuro”, conclui.
A pesquisa ouviu 500 brasileiros de todos os estados do país, incluindo homens e mulheres a partir de 16 anos, de diferentes classes sociais. Os dados foram coletados no dia 5 de maio de 2025, por meio de plataforma online.
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