Programa Cisternas leva água potável a comunidades isoladas da Amazônia e transforma vida de famílias vulneráveis
Com foco em segurança hídrica e alimentar, iniciativa do MDS já atendeu mais de 1,3 milhão de famílias, mas ainda enfrenta grandes desafios
247 - Em áreas remotas da Amazônia, onde a escassez de água potável compromete a saúde e a dignidade de milhares de brasileiros, uma iniciativa do governo federal tem promovido mudanças concretas na vida de populações historicamente negligenciadas. Trata-se do Programa Cisternas, uma ação coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). A reportagem é baseada em informações do próprio MDS.
“A água potável melhora a saúde, fortalece a segurança alimentar e reduz o tempo da busca por água, atividade exercida principalmente por mulheres e crianças”, afirma Camile Sahb, diretora de Promoção da Inclusão Produtiva Rural e o à Água do ministério. Ela também ressalta o papel do programa diante da crise climática: “Garantir o o à água em um contexto de mudanças climáticas também é uma forma de criar condições objetivas para as famílias se adaptarem a eventos extremos de estresse hídrico”.
O Programa Cisternas tem como foco garantir o o à água de qualidade para o consumo humano e a produção de alimentos. A seleção das comunidades é feita por meio de comissões locais, formadas por representantes da sociedade civil e do poder público, que identificam as áreas mais necessitadas. Dentro dessas comunidades, famílias em situação de maior vulnerabilidade — chefiadas por mulheres, com crianças, pessoas com deficiência ou pertencentes a povos tradicionais — são priorizadas com base em critérios técnicos e sociais.
A implementação dos sistemas de abastecimento é adaptada à realidade de cada local. Na comunidade indígena de Mixirituba, por exemplo, foi instalado o Sistema Pluvial Multiuso Autônomo, que capta e armazena água da chuva, integrando também estrutura sanitária e fossa simplificada. Já na comunidade ribeirinha de Pau da Letra, adotou-se o Sistema Pluvial Multiuso Comunitário, que combina a captação coletiva de água de poço ou rio com tratamento e distribuição para as casas, além de infraestrutura individual para captação da chuva e saneamento.
A execução do programa é descentralizada: o MDS firma parcerias com entes públicos e organizações da sociedade civil, que contratam empresas locais habilitadas para executar o trabalho. Essas empresas são responsáveis por mobilizar as famílias, capacitar os moradores e instalar as tecnologias. Todo o processo, da mobilização à entrega dos sistemas, pode levar cerca de um mês, dependendo das condições de o às comunidades.
A ação já gerou impacto direto na vida de 18 famílias em Pau da Letra e de outras 22 em Mixirituba. No entanto, o desafio ainda é imenso: o próprio MDS estima que cerca de 300 mil famílias rurais de baixa renda no Brasil não têm o adequado à água potável. Esse número sobe para 1 milhão quando se consideram áreas urbanas e rurais de todo o país.
Segundo Camile Sahb, o isolamento geográfico e a precariedade da infraestrutura tornam a logística um dos maiores obstáculos para levar água às famílias. Muitas vivem em regiões marcadas pela pobreza e por efeitos severos das mudanças climáticas, como o semiárido e a floresta amazônica.
Apesar dos avanços — o Programa Cisternas já beneficiou mais de 1,3 milhão de famílias em todo o Brasil —, Sahb alerta para a necessidade de ampliação do programa. “O desafio para universalizar ainda é enorme, e depende de um esforço expressivo de articulação/coordenação, além da disponibilização de recursos financeiros em volume substancialmente maior do que o atual”, conclui.
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