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      Quebradeiras de coco e cientistas criam hambúrguer de babaçu e farinha de amêndoas

      Novos produtos desenvolvidos por quebradeiras de coco e pesquisadores valorizam a sociobiodiversidade e atendem a demandas por alimentos naturais

      O hambúrguer de babaçu agrega nutrição, saúde, segurança alimentar e valorização da cultura regional (Foto: Flavia Bessa/Embrapa )
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      247 - A união entre conhecimentos científicos e tradicionais na Amazônia Maranhense resultou em dois novos produtos à base de babaçu: um análogo de hambúrguer e uma farinha de amêndoa. Desenvolvidos em parceria entre pesquisadores e quebradeiras de coco, os alimentos atendem a nichos de mercado que buscam produtos naturais, ricos em proteína e sustentáveis. A iniciativa, que já havia gerado outros produtos como biscoitos, bebidas tipo leite e análogos de queijo, reforça a importância da valorização da sociobiodiversidade e da inclusão produtiva das comunidades tradicionais do Maranhão. A informação é da Embrapa Maranhão, que liderou o projeto em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).

      O projeto contou com a participação de mulheres da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar e do Extrativismo do Babaçu (Coomavi), da Associação Clube de Mães Quilombolas Lar de Maria e da Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha, entre outras organizações. O objetivo foi diversificar os coprodutos do babaçu, transformando resíduos antes descartados, como o bagaço da amêndoa, em farinha e hambúrguer. “Promovemos a interação de conhecimentos técnicos e tradicionais para aumentar o valor agregado da produção artesanal e ocupar nichos de mercado específicos, como os de produtos associados à identidade sociocultural e os voltados para dietas com restrição de consumo de glúten e lactose”, explica a pesquisadora Guilhermina Cayres, líder do projeto.

      O hambúrguer de babaçu, por exemplo, foi desenvolvido a partir de uma metodologia inversa, que partiu das condições locais e do potencial das matérias-primas disponíveis. “Utilizamos a farinha da amêndoa, que antes era resíduo, e a casca de banana como agente estruturante, garantindo sabor, maciez e boa validade”, detalha o professor Harvey Villa, do Departamento de Engenharia Química da UFMA. O produto, que não contém conservantes, tem 13,17% de proteína por 100g e pode ser congelado por até seis meses. Além disso, a casca de banana, rica em fibras e nutrientes, contribui para a melhoria do trato gastrointestinal e a prevenção de doenças crônicas, segundo a nutricionista Yuko Ono, também da UFMA.

      A farinha de amêndoa, por sua vez, foi descoberta a partir do reaproveitamento do bagaço resultante da extração do óleo de babaçu. “Antes, usávamos o bagaço como ração animal. Agora, aprendemos a transformá-lo em farinha, que substitui o coco ralado em diversas receitas e tem melhor aceitação pelos consumidores”, comemora Rosângela Lica, da Coomavi. Para Alana Licar, também da cooperativa, a inovação evitou desperdícios e agregou valor a uma matéria-prima abundante na região.

      O impacto social do projeto é evidente. Mais de 300 mil maranhenses, a maioria mulheres, dependem da quebra do coco babaçu para sua subsistência. Com os novos produtos, elas têm ampliado suas fontes de renda e fortalecido suas organizações. “O babaçu não é um simples coco, é um trabalho enorme que gera renda, qualidade de vida e cidadania”, afirma Maria Domingas, da Comunidade Pedrinhas Clube de Mães. O hambúrguer e a farinha de amêndoa já são sucesso em feiras de São Luís, atraindo tanto consumidores veganos quanto não veganos.

      O reconhecimento do esforço veio com a indicação ao prêmio Con X Tech Prize: Amazônia, que busca inovações científicas e tecnológicas para transformar economias extrativistas em modelos regenerativos. “Estamos felizes em colaborar para que o babaçu explore suas potencialidades, gerando mais renda e qualidade de vida às quebradeiras”, resume Westphalen Nunes, representante da GIZ no Brasil. Para o professor Harvey Villa, o projeto mostrou que é possível unir ciência e tradição para criar produtos de qualidade, gerar desenvolvimento socioeconômico e preservar a sociobiodiversidade da Amazônia.

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