Ameaça crescente: disparos contra mulheres aumentam 42% em três anos
Estudo do Instituto Sou da Paz revela que três em cada dez vítimas já haviam denunciado agressões anteriores. Feminicídios também crescem
247 - O número de mulheres feridas por armas de fogo no Brasil cresceu 42% entre 2020 e 2023, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, divulgado neste sábado (8), informa o g1. Os dados foram obtidos a partir do sistema de informação do SUS, o DataSUS, e indicam um aumento preocupante da violência armada contra mulheres.
De acordo com o estudo, 4.395 mulheres sobreviveram a ataques com armas de fogo em 2023, sendo esse o maior número registrado desde 2017, quando houve um pico de 4.498 vítimas. O dado mais alarmante é que 35% dessas mulheres já haviam denunciado agressões anteriores às autoridades, revelando um padrão de reincidência na violência.
O aumento mais expressivo de vítimas foi observado nas regiões Norte e Nordeste (29%), seguido pelo Sudeste (23%). Os dados mostram que a violência armada contra mulheres não é um fenômeno isolado e se espalha por diferentes partes do país, afetando principalmente mulheres jovens e negras.
Expansão do o a armas e a violência doméstica - A coordenadora do projeto do Instituto Sou da Paz, Cristina Neme, explica que um dos fatores para esse crescimento é o aumento da circulação de armas no país, facilitado por políticas de flexibilização da posse de armas nos últimos anos. Segundo ela, "isso acontece em um contexto com um arsenal disponível na nossa sociedade em razão do enfraquecimento da política de controle de armas que o país sofreu na gestão anterior".
Os dados também revelam que os ataques ocorrem em proporções quase idênticas dentro e fora do ambiente doméstico: 45,8% dos casos aconteceram em espaços públicos, enquanto 43,8% ocorreram dentro das residências. Essa distribuição reforça a relação entre a violência armada e o contexto doméstico, onde várias vítimas já sofriam abusos anteriores.
Feminicídios em alta - O estudo também aponta que, em 2023, 3.946 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, um crescimento de 4% em relação a 2022, quando foram registrados 3.788 casos. Esse é o maior número desde 2018, quando 4.512 mulheres foram assassinadas.
O perfil das vítimas indica que mulheres pardas representam a maioria dos casos (64,5%), seguidas por brancas (26,6%) e pretas (7,4%). A faixa etária mais atingida está entre 20 e 29 anos (33,5%), seguida por mulheres entre 30 e 39 anos (25,4%).
A violência letal contra mulheres também tem mudado de localização ao longo dos anos. Embora as ruas e estradas ainda sejam os locais mais comuns para os feminicídios (40%), houve um aumento nas mortes dentro de residências, que aram de 19% em 2014 para 28% em 2023. Esse crescimento reforça a relação entre a violência armada e o ambiente doméstico, um espaço que deveria ser seguro para as mulheres, mas que se tornou palco de crimes brutais.
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