Lula critica Europa e defende comemoração da Rússia pelo fim da Segunda Guerra
Presidente criticou a Europa por não celebrar vitória contra o nazismo e disse que Brasil manterá diálogo com todos os lados em busca da paz
247 - Durante visita oficial a Moscou neste sábado (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu sua participação nas comemorações promovidas por Vladimir Putin pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Em declarações feitas à imprensa, Lula minimizou as críticas internacionais ao evento, ressaltando a legitimidade histórica da celebração para o povo russo e reforçando que a posição do Brasil sobre o conflito na Ucrânia permanece inalterada.
"Para um país que perdeu 26 milhões de jovens na guerra, eu não vejo por quê [haver críticas]", afirmou Lula, ao justificar sua presença na cerimônia realizada por Putin na Praça Vermelha — um desfile militar marcado por forte simbolismo e conotações propagandísticas em meio à guerra contra a Ucrânia. O presidente brasileiro criticou a reação da Europa, que considerou sua participação como um aceno à narrativa russa. "A Europa deveria estar festejando no dia de ontem. Porque quem estava em guerra era a Europa. A França deveria estar festejando. A Alemanha deveria estar festejando no dia de ontem porque, graças ao que aconteceu em 1945, o nazismo que tomava conta da Alemanha foi derrotado."
Segundo Lula, a participação no evento não compromete a neutralidade diplomática do Brasil. "A minha vinda aqui [em Moscou] não muda um milímetro o que a gente pensa e o que nós queremos sobre a paz. Vamos continuar conversando com todas as pessoas que queiram conversar." Ele também frisou que o Brasil condena a ocupação territorial de outros países e segue buscando alternativas de negociação conjunta com outras potências, como a China.
Durante a viagem, Lula se encontrou com Vladimir Putin no Kremlin e voltou a insistir na necessidade de diálogo. “Liguei para Putin e disse: ‘Putin, acho que está na hora de você voltar à política. Ponha um fim a isso. O mundo precisa de política, não de guerra. Você faz falta’”, revelou em entrevista concedida à revista norte-americana The New Yorker, publicada na quinta-feira (8).
Ao ser questionado sobre o fato de ser um dos poucos líderes democraticamente eleitos presentes na cerimônia — a maioria dos convidados era de países com regimes autoritários — Lula preferiu enfatizar que o discurso do Brasil permanece consistente: "Nós trabalhamos, queremos e torcemos para que essa guerra acabe. E essa guerra só pode acabar se os dois quiserem. Se um só quiser, não vai acabar."
O presidente também voltou a denunciar o que chamou de genocídio em Gaza, fazendo um paralelo entre os conflitos em curso no mundo. “Um genocídio de um exército muito bem preparado contra mulheres e crianças a pretexto de matar terroristas”, disse.
Apesar do apelo de Putin por uma trégua de três dias durante o feriado russo, os ataques à Ucrânia continuaram. A inteligência dos Estados Unidos chegou a alertar para uma possível ofensiva aérea significativa no período. Mesmo assim, Lula assistiu ao desfile militar, no qual, além de tanques históricos da Segunda Guerra, foram exibidos drones semelhantes aos usados atualmente na guerra contra Kiev.
Antes de deixar Moscou, o presidente mencionou que tem mantido conversas com todas as partes envolvidas no conflito. Embora já tenha recebido convites do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para visitar Kiev — o mais recente entregue na semana ada pelo embaixador da Ucrânia no Brasil — Lula não confirmou uma data para esse encontro. Segue agora para Pequim, onde será recebido em visita oficial pelo presidente Xi Jinping nos dias 12 e 13 de maio.
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