STF torna militares réus por plano golpista e Forças Armadas entram em alerta contra politização das tropas
Comandantes veem decisão como “efeito pedagógico” e item que politização durante governo Bolsonaro afetou disciplina das tropas
247 - A decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que transformou em réus dez militares acusados de participar de uma tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder provocou forte repercussão no meio militar. Oficiais do alto comando ouvidos pela coluna da jornalista Natuza Nery, do g1, classificaram a medida como um marco de alerta dentro das Forças Armadas, reconhecendo o “efeito pedagógico” da aceitação da denúncia.
Segundo essas fontes, a decisão reforça a urgência de se conter a contaminação política nos quartéis. O paralelo com o golpe militar de 1964 é inevitável: assim como naquela época, avaliam que houve aliciamento ideológico de parte das tropas. Ainda que setores militares continuem a justificar a ditadura, mesmo reconhecendo os abusos, cresce entre generais a percepção de que a politização das Forças Armadas, sobretudo no governo Bolsonaro, comprometeu seriamente a hierarquia e a disciplina.
Os militares também avaliam que o governo Bolsonaro representou uma guinada negativa na estrutura de comando, abrindo espaço para insubordinações. Para eles, o período foi “um péssimo negócio”, especialmente no que se refere à manutenção da ordem nas tropas.
Esse distanciamento entre oficiais generais e patentes intermediárias ficou evidente ao longo da investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Enquanto os altos comandos se mantiveram em relativa cautela, coronéis — muitos com histórico em forças especiais — estiveram entre os mais envolvidos na articulação golpista.
Entre os elementos-chave revelados pela Polícia Federal está o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa ações armadas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin. De acordo com as investigações, a execução da ação estava marcada para 15 de dezembro de 2022.
O grupo de acusados agora formalmente réus integra o chamado “núcleo 3” da trama, focado nas ações táticas. Estão entre eles militares da ativa e da reserva especializados em operações especiais — conhecidos informalmente como “kids pretos” ou “forças especiais” (FE).
A denúncia da PGR, contudo, não foi aceita integralmente. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, rejeitou as acusações contra o general Nilson Diniz Rodrigues e o coronel da reserva Cleverson Magalhães, por considerar que não há elementos suficientes para incluí-los no processo.
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