COP30 cobra resgate do multilateralismo às vésperas de reunião sobre o clima
Em carta divulgada antes da conferência de Bonn, presidência brasileira critica imes nas negociações climáticas e defende transição energética justa
247 - Às vésperas da reunião preparatória da ONU sobre clima, a presidência da COP30 lançou um duro apelo pela retomada do multilateralismo nas negociações internacionais e pelo fim da estagnação política nas discussões sobre o futuro do planeta. Em carta divulgada nesta sexta-feira (23), assinada por André Corrêa do Lago, presidente da conferência que será realizada em novembro e dezembro em Belém (PA), o Brasil cobra comprometimento efetivo dos países com o enfrentamento das mudanças climáticas. As informações são da Folha de S. Paulo.
A terceira comunicação oficial da presidência brasileira marca a primeira vez em que o tema dos combustíveis fósseis — maior fonte de emissão de gases de efeito estufa no mundo — é abordado diretamente. O documento, que antecede a 62ª edição da conferência de Bonn, na Alemanha, alerta para o risco de paralisia política: “Seria um grande desperdício se o primeiro espaço formal de negociações do ano fosse tomado por procrastinação ou adiamento de decisões”, afirma o texto.
Corrêa do Lago aponta que a falta de avanços concretos ameaça a credibilidade do próprio sistema de negociações internacionais: “A falta de avanço no cumprimento de mandatos acordados erodirá ainda mais a confiança na capacidade do processo multilateral de produzir os resultados que a humanidade precisa.”
A carta defende a implementação de compromissos já assumidos em conferências anteriores, como o fim do desmatamento, a transição energética e o afastamento progressivo dos combustíveis fósseis. “Devemos apoiar uns aos outros para avançar coletivamente nas metas de triplicar a capacidade global de energia renovável, dobrar a taxa média global de melhoria da eficiência energética e promover a transição para o afastamento dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa”, destaca a presidência da COP30.
Ambientalistas, embora reconheçam o avanço, cobram mais ação. “A presidência está se movendo na direção certa, especialmente ao vincular isso à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e à triplicação das energias renováveis como principais referências de implementação. Mas os sinais políticos por si só não produzirão resultados”, afirmou Andreas Sieber, Diretor Associado da ONG 350.org.
A COP30, que ocorrerá no Brasil, herdou da conferência anterior, realizada em Baku (Azerbaijão), a tarefa crítica de destravar o financiamento climático. A meta é ambiciosa: mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais (cerca de R$ 7,5 trilhões) para ações contra a mudança do clima, especialmente em adaptação — tema central da conferência em Bonn deste ano. Essa área inclui desde segurança alimentar até a construção de cidades resilientes, e sofre com um déficit global de investimentos.
Corrêa do Lago evitou abordar diretamente questões geopolíticas como a guerra na Ucrânia ou o conflito Israel-Palestina, mas afirmou que a crise internacional exige uma nova abordagem: “Em lugar de conflito e ime, a escuta mútua permitirá aproveitar a diversidade de perspectivas para alcançar sofisticação tanto na colaboração quanto nos resultados”, defendeu.
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