Lula nomeia Marcele Oliveira como Campeã de Juventude da COP30 e amplia voz das periferias na agenda climática
Ativista negra do Rio de Janeiro terá papel central na mobilização de jovens para a COP30, que será realizada em Belém, no coração da Amazônia
247 - A comunicadora e ativista climática Marcele Oliveira, de 26 anos, foi nomeada nesta terça-feira (6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de Campeã de Juventude da COP30, a conferência do clima da ONU que ocorrerá em novembro, em Belém, capital do Pará. A informação é da Secretaria-Geral da Presidência da República. Marcele, que é nascida em Realengo, na periferia do Rio de Janeiro, terá como missão articular a participação de crianças, adolescentes e jovens no maior evento climático global, que ocorrerá pela primeira vez na Amazônia brasileira.
“Estou honrada com este papel, de ser a Campeã da Juventude da COP30, a COP que será no Brasil, na América Latina, que é da Amazônia e de todos os nossos biomas. Vamos construir junto com a participação das juventudes, crianças e adolescentes a nossa contribuição para a COP30, para que não fique apenas dentro das paredes da conferência, mas que reverbere com a nossa forma de ver e pensar o mundo. Agradeço a confiança”, afirmou Marcele, destacando o compromisso com uma perspectiva coletiva e periférica na formulação de soluções climáticas.
A nomeação foi celebrada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, que ressaltou o papel estratégico da juventude no evento. “A Campeã da Juventude, que vai coordenar a participação da juventude na COP30, foi escolhida pelo presidente Lula e vai realizar um trabalho intenso para promover a mobilização da juventude nas suas variadas concepções para que todos tenham o direito de participar da COP30, a COP da Amazônia, a COP na qual o Brasil falará para o mundo sobre a necessidade de preservar os recursos naturais e combater as mudanças climáticas”, declarou.
Marcele foi uma das jovens selecionadas por meio do Edital de Chamamento para o Jovem Campeão Climático, iniciativa inédita do governo federal promovida pela Secretaria Nacional de Juventude. Dos 154 inscritos, 24 nomes foram selecionados por uma comissão organizadora e encaminhados à Presidência da COP30, que referendou a escolha da jovem comunicadora.
A função de “Youth Climate Champion” foi criada recentemente no âmbito da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) para fortalecer a presença juvenil nas políticas climáticas globais. O cargo tem como missão ampliar a representação jovem nas negociações internacionais, capacitar lideranças para atuação efetiva, dar visibilidade às suas vozes e estimular ações concretas lideradas por jovens, com e técnico e financeiro.
Para Ana Toni, diretora-executiva da COP30, o envolvimento da juventude é determinante para o legado do evento. “A participação ativa de jovens e crianças na COP30 é essencial, já que são os protagonistas das próximas décadas. Eles e elas sentirão na pele os impactos da mudança do clima, não importa se serão cientistas, empresários, políticos, professores, artistas, mães ou pais. Nosso esforço em Belém é para deixarmos de herança um planeta habitável para as próximas gerações”, disse.
Trajetória de Marcele Oliveira
Mulher negra, nascida e criada em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, Marcele é produtora cultural formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e encontrou no ativismo climático um caminho de transformação social. Sua atuação começou com a luta pela criação do Parque Realengo Susana Naspolini e hoje se estende ao cenário internacional, com participações em conferências da ONU desde a COP27, no Egito, em 2022.
Ela é cofundadora da coalizão O Clima é de Mudança e integra o programa Jovens Negociadores pelo Clima da Secretaria de Meio Ambiente e Clima do município do Rio de Janeiro. Sua pesquisa conecta práticas culturais e combate às mudanças climáticas nas periferias, com foco em adaptação e educação ambiental.
Com a indicação à COP30, Marcele torna-se símbolo da renovação das lideranças climáticas brasileiras e do protagonismo das juventudes periféricas em uma agenda que historicamente excluiu suas vozes. A partir de Belém, sua missão será fazer da COP30 não apenas um espaço diplomático, mas um palco de escuta, inclusão e transformação.
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