Marcele Oliveira representa juventude brasileira na COP30 e defende criatividade contra crise climática
Carioca da periferia do Rio, ativista quer tornar linguagem técnica ível e ampliar participação dos jovens nas decisões sobre o clima
247 - A ativista ambiental Marcele Oliveira, de 26 anos, foi escolhida como campeã climática da juventude da COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que será realizada em novembro deste ano em Belém (PA). Natural de Realengo, bairro da periferia do Rio de Janeiro, ela terá a missão de representar os jovens nas negociações internacionais, com o objetivo de ampliar sua presença nas discussões sobre a crise climática. A nomeação foi destaque em reportagem da Folha de S.Paulo.
“Estou muito feliz e honrada com a escolha do meu nome”, celebrou Marcele. Formada em produção cultural pela Universidade Federal Fluminense, ela acredita que sua principal tarefa será romper as barreiras da burocracia e estimular a inventividade das novas gerações: “Eu construo o caminho para que a gente possa levar as nossas vozes e ideias para frente com muita inventividade, sem deixar a burocracia minar a nossa criatividade e a nossa vontade de mudar o mundo.”
Com experiência acumulada desde a COP27, no Egito, Marcele atua em articulações sociais que unem juventude, periferia e justiça climática. Ela começou no ativismo em 2019, com o movimento Parque Realengo 100% Verde, que, segundo a própria, contribuiu para a criação de políticas públicas de parques urbanos no Rio de Janeiro. Desde então, ou a refletir sobre as desigualdades sociais e ambientais que presenciava em seu cotidiano. “Fui percebendo essas desigualdades e entendendo que a nossa desconexão com o meio ambiente também é uma forma de fazer com que a gente não tenha interesse em protegê-lo”, diz.
Atualmente, Marcele é cofundadora da coalizão O Clima É de Mudança, que articula ações de conscientização em territórios periféricos. Segundo ela, o lema da COP30 — “mutirão pelo clima” — já estava presente nas ações que coordenava: “Comecei a organizar encontros, eventos e ações que já conversavam muito com a ideia do mutirão pelo clima.”
Sua atuação na COP30 incluirá o fortalecimento do papel da juventude nas negociações e políticas públicas sobre o clima, além da tarefa de traduzir os debates técnicos para uma linguagem mais ível, combatendo a desinformação. Para a ativista, cultura e comunicação são ferramentas centrais nesse processo. “A cultura precisa ser uma estratégia para a conscientização climática”, afirma.
O cargo de campeão climático da juventude foi criado na COP28, em Dubai, e tem duração de dois anos. Para ocupar o posto, Marcele ou por um processo seletivo com 154 jovens, dos quais 62% eram mulheres. Os 24 nomes finalistas foram enviados à presidência da COP30, que fez a escolha final.
Marcele também integra o programa Jovens Negociadores pelo Clima da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro e participa das cúpulas climáticas da ONU por meio das organizações que representa. Em sua nova função, ela vê a COP30 como uma oportunidade de o Brasil se destacar como liderança global na agenda ambiental: “Eu acho que ela [a COP30] pode ser emblemática, mas para isso acontecer a gente precisa de todo mundo.”
A ativista aposta que, diferente de edições anteriores — como a COP27 no Egito e a COP28 em Dubai —, o encontro em Belém será mais aberto à participação da sociedade civil, com espaço para protestos e manifestações como a Marcha das Organizações da Sociedade Civil e a Cúpula dos Povos.
Entre os desafios, Marcele aponta a infraestrutura de Belém para receber o público estimado em 50 mil pessoas. Ela destaca os acampamentos como alternativa viável para hospedagem diante da escassez de leitos na capital paraense.
Com uma trajetória que une periferia, juventude, cultura e ativismo climático, Marcele Oliveira reforça a urgência de ampliar a representatividade nos espaços de decisão global. Sua atuação na COP30 promete colocar os jovens brasileiros no centro do debate sobre o futuro do planeta.
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