Ações da Intel despencam após projeções negativas e dúvidas sobre estratégia em IA
Resultados abaixo do esperado lançam sombra sobre os planos do CEO Lip-Bu Tan para recuperar espaço no mercado de inteligência artificial
Reuters - Os papéis da Intel recuaram mais de 8% na sexta-feira (25), após a divulgação de projeções fracas de lucro e receita, frustrando as expectativas em torno da estratégia de recuperação conduzida pelo novo CEO, Lip-Bu Tan.
Após anos acumulando decisões equivocadas, a gigante norte-americana do setor de chips ficou para trás no mercado altamente rentável de inteligência artificial. Para agravar o cenário, a disputa comercial entre Estados Unidos e China também gera incertezas sobre a demanda pelos seus tradicionais processadores para computadores pessoais no curto prazo.
Na quinta-feira, Tan deu algumas indicações sobre como pretende retomar a cultura de inovação da Intel. O executivo pretende focar na engenharia essencial, eliminar tarefas istrativas desnecessárias e reduzir o quadro de funcionários.
"A Intel é tão grande que mudar seu curso é como virar um navio de guerra — não pode ser feito de uma hora para outra", afirmaram analistas da Evercore ISI.
Analistas do JPMorgan destacaram que Tan não detalhou suficientemente seu plano para recuperar a liderança tecnológica da Intel nem como pretende conquistar novos clientes externos para o negócio de fabricação sob contrato da companhia.
Recentemente, o executivo reuniu-se com o CEO da TSMC, principal concorrente da Intel no segmento de fundição, para discutir possíveis parcerias entre as duas empresas.
Executivos da Intel explicaram que as vendas no primeiro trimestre foram sustentadas por estoques pré-existentes de chips entre seus clientes, já que o aumento das tensões comerciais entre EUA e China tem levado a uma postura cautelosa em relação a futuras aquisições.
"A Intel também pode ser beneficiada caso a China introduza isenções nas importações vindas dos EUA, dada a grande presença que a empresa tem no país asiático", comentou Ben Barringer, analista global de tecnologia da Quilter Cheviot.
Estratégia em IA em xeque
As declarações de Tan sobre aperfeiçoar produtos já existentes para acompanhar as novas tendências de inteligência artificial geraram dúvidas sobre como a empresa pretende se posicionar neste setor altamente competitivo, dominado atualmente pela Nvidia.
"A Intel precisa se otimizar rapidamente — há muitos investimentos necessários para acompanhar o ritmo da IA", pontuou Ruben Roy, analista da Stifel.
Historicamente, a Intel apostou na aquisição de startups para fortalecer seu portfólio em IA. No entanto, com exceção da Mobileye, vendida pela companhia há alguns anos, essas aquisições não trouxeram resultados expressivos.
"A Intel deveria sempre ter desenvolvido sua própria solução interna, mas perdeu essa chance e acabou tentando entrar tarde no mercado de inteligência artificial", afirmou Anshel Sag, analista-chefe da Moor Insights & Strategy.
Um dos principais erros estratégicos da empresa foi não aproveitar a crescente demanda por chips específicos para IA, permitindo que a Nvidia conquistasse uma posição dominante. Agora, a Intel enfrenta dificuldades adicionais, já que não possui o mesmo nível de propriedade intelectual em GPUs, componentes essenciais para essas aplicações, acrescentou Barringer.
Ainda assim, as ações da Intel acumulam alta de 7,2% neste ano, desempenho melhor que o da Nvidia e da Advanced Micro Devices (AMD), cujos papéis caíram cerca de 20% no mesmo período.
Por outro lado, os papéis da Intel são negociados a um múltiplo preço/lucro projetado para os próximos 12 meses de 31,37, valor superior aos da Nvidia (22,70) e da AMD (19,24).
(Reportagem original por Zaheer Kachwala, Kanchana Chakravarty e Arsheeya Bajwa, em Bengaluru; colaboração adicional de Amanda Cooper, em Londres; edição de Nivedita Bhattacharjee e Shounak Dasgupta.)
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