Encontro entre Galípolo e Joesley teve como foco a aquisição de ativos do Banco Master
Reunião girou em torno do interesse do grupo no Credcesta e em precatórios avaliados em R$ 8 bilhões
247 – No feriado do Dia do Trabalho, nesta quinta-feira (1º), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, recebeu em Brasília o empresário Joesley Batista, da J&F Investimentos. O encontro, que ocorreu entre 15h e 16h, também contou com a presença dos diretores de fiscalização e regulação da autarquia, Ailton Aquino e Gilney Vivan. De acordo com reportagem do Valor Econômico, o foco da reunião foi a possível aquisição de ativos do Banco Master pela J&F, que busca ampliar sua atuação no setor financeiro. A holding dos irmãos Batista estaria preparando uma proposta para comprar o Credcesta — cartão de crédito consignado com origem na Bahia — e uma carteira de precatórios do banco, atualmente registrada em R$ 8 bilhões.
A operação, segundo essas fontes, seria feita por meio de uma das instituições financeiras do grupo, como o Piay ou o Banco Original. A proposta incluiria também a aquisição de ativos pessoais de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master. O objetivo seria viabilizar a cobertura parcial de ivos que não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), especialmente carteiras de títulos adquiridas por fundos de pensão públicos.
O Credcesta, adquirido pelo Master durante a gestão de Rui Costa no governo da Bahia, teve rápida expansão nacional e tornou-se estratégico para os planos da J&F de reforçar a presença do Piay no segmento de crédito consignado. No entanto, o negócio esbarra no interesse do Banco de Brasília (BRB), que também pretende adquirir o ativo.
A carteira de precatórios do Banco Master é considerada promissora por conta dos pagamentos previstos pelo Tesouro Nacional a partir de julho. A ordem de quitação dessas dívidas judiciais — contraídas por entes públicos em diversas instâncias — será definida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros órgãos do Judiciário.
Além da J&F, o BTG Pactual, comandado por André Esteves, também acompanha de perto as negociações. O banco estuda adquirir diretamente os ativos ilíquidos do Master ou criar um fundo para istrá-los. Uma das possibilidades em análise é que o FGC conceda um empréstimo a esse fundo, o que permitiria a capitalização necessária para pagar gradualmente os CDBs do banco de Vorcaro, evitando uma intervenção mais onerosa ao sistema de garantia.
Grandes bancos privados como Itaú e Bradesco, embora participem das discussões, demonstram resistência em envolver-se diretamente na operação ou em qualquer arranjo que represente custo elevado ao FGC. Enquanto isso, segue indefinido o destino da parte do Banco Master que não será incorporada pelo BRB.
O Banco Central afirmou que a reunião entre Galípolo e Joesley Batista respeitou as regras de silêncio do Comitê de Política Monetária (Copom), cuja próxima reunião está marcada para os dias 6 e 7 de maio. Questionado diretamente pelo Valor Econômico se o encontro tratou do banco Master, o diretor Ailton Aquino limitou-se a dizer que a reunião “foi boa”. Procurados, BC, J&F, Master e BRB preferiram não se manifestar.
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