Indústria siderúrgica e governo discutem soluções para enfrentar tarifas de Trump
Representantes do setor realizarão reuniões com técnicos ligados aos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
247 - Sob o impacto da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifar em 25% todas as exportações de aço, a indústria siderúrgica brasileira iniciou um movimento de articulação para enfrentar as possíveis perdas causadas pela medida. O Brasil, segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, logo após o Canadá e à frente do México, começa a buscar alternativas para proteger sua produção.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, na manhã desta terça-feira (11), representantes do Instituto Aço Brasil viajaram para Brasília, onde realizarão reuniões com técnicos da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ambos vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Também está prevista uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Essas conversas visam analisar possíveis formas de minimizar os impactos econômicos da tarifa de 25%, que afeta principalmente os embarques de aço semiacabado, como placas e tarugos, itens que representam quase 90% das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Ainda conforme a reportagem, dentre as siderúrgicas mais afetadas pela decisão de Trump, destacam-se as fabricantes de placas ArcelorMittal, com unidades em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, e a Ternium. No caso da ArcelorMittal, o impacto é mais crítico, uma vez que suas unidades brasileiras abastecem integralmente uma planta de laminação nos Estados Unidos, localizada no estado do Alabama, que processa 5 milhões de toneladas de aço por ano.
Além disso, outro ponto de preocupação envolve a CSN, maior exportadora de aços laminados do Brasil, como chapas zincadas e pré-pintadas, que são utilizados principalmente nos setores automotivo e de construção civil. A medida de Trump pode afetar a produção de itens de alto valor agregado, que já enfrentam dificuldades para atingir as cotas de exportação.
As siderúrgicas brasileiras, em especial as de material semiacabado, têm esperança de que possam negociar com o governo dos Estados Unidos, apresentando argumentos sobre a necessidade de manter a oferta de matéria-prima para as laminadoras americanas. A interrupção dessa cadeia de fornecimento poderia provocar escassez no mercado interno dos EUA e, consequentemente, uma alta nos preços do aço.
Em um relatório recente, o Itaú BBA destacou que a Nucor Corporation, uma das maiores siderúrgicas dos Estados Unidos, foi uma das beneficiadas pela redução nas importações de aço. A empresa alegou que cerca de 82% do aço importado para o país em 2024 foi isento das tarifas, graças ao cumprimento das cotas estabelecidas.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de 10 milhões de toneladas de aço, sendo 76% desse volume composto por produtos semiacabados. Os Estados Unidos representaram 60% desse total. Além disso, o Brasil ocupa a posição de segundo maior fornecedor de ferro e aço para os Estados Unidos, com 15% das importações totais do país.
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