Itaú detalha suposta corrupção de ex-CFO e apresenta relatório à CVM

247 - O Itaú Unibanco informou formalmente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a descoberta de um esquema de desvio de recursos liderado por Alexsandro Broedel, ex-vice-presidente financeiro do banco. A denúncia, inicialmente divulgada pelo Valor Econômico, indica que Broedel utilizou empresas associadas para desviar fundos por meio de contratos de consultoria técnica com a companhia de Eliseu Martins.

Conforme relatório enviado à CVM, entre 2019 e 2024, o banco contratou 40 pareceres técnicos, totalizando R$ 13,225 milhões. No entanto, auditorias internas apontaram que apenas metade desses pareceres foi efetivamente entregue. Outros 16 documentos não foram encontrados e quatro não chegaram a ser realizados, resultando em significativas perdas financeiras. “A companhia esclarece que, após uma rigorosa apuração interna, concluiu que Alexsandro Broedel Lopes, seu ex-, infringiu o Código de Ética do Itaú Unibanco ao realizar atividade externa remunerada incompatível com seu cargo e ao manter vínculo societário com um fornecedor técnico-contábil do grupo”, afirmou o banco.

As investigações internas identificaram que Broedel desviou cerca de R$ 4,860 milhões através de uma empresa intermediária. Esses recursos eram pagos à empresa de Eliseu Martins e reados ao ex-CFO, correspondendo a uma média de 37% dos valores contratados. Em um dos episódios mais graves, R$ 750 mil foram transferidos por cinco pareceres contratados em maio de 2024, dos quais apenas um foi finalizado.

Resposta de Eliseu Martins - Eliseu Martins, reconhecido consultor técnico, negou qualquer envolvimento ilícito. Ele garantiu que todos os serviços foram entregues, à exceção de quatro pareceres pagos antecipadamente. “Há vários materiais e das consultorias que foram feitos sem formalidade, algo de que me arrependo agora, dada a má-fé da interpretação dada pelo banco. Mas são serviços efetivamente prestados, como todos os que fiz ao Itaú”, defendeu-se Martins.

Repercussão no mercado - Alexsandro Broedel desligou-se do Itaú em julho de 2024 e foi anunciado como chefe de contabilidade do Santander na Espanha a partir de 2025. O banco espanhol ainda não se pronunciou sobre o caso, mas Broedel já iniciou sua transição para a nova função. As investigações sobre suas condutas tiveram início após sua saída, levando o Itaú a encerrar definitivamente qualquer vínculo com o ex-executivo em setembro de 2024, durante seu período de “garden leave”.

O escândalo trouxe à tona discussões sobre governança corporativa e a necessidade de mecanismos de controle interno mais robustos nas instituições financeiras. O Itaú reafirmou seu compromisso com a ética e declarou que continuará colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos e implementar medidas preventivas contra práticas semelhantes.