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      Moedas asiáticas disparam e dólar entra em queda livre na região em meio a tarifaço de Trump

      Investidores da região trocam ativos dos EUA por mercados locais e aceleram processo de desdolarização global

      Notas de diversas moedas - 05/2025 (Foto: REUTERS/Tyrone Siu)
      Luis Mauro Filho avatar
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      Reuters - Uma onda de valorização das moedas asiáticas contra o dólar norte-americano acendeu um sinal de alerta sobre a força da moeda dos Estados Unidos, em um momento em que grandes exportadores da região parecem rever a estratégia histórica de investir seus superávits comerciais em ativos denominados em dólar.

      O movimento, que ganhou força com a disparada da moeda de Taiwan entre sexta (2) e segunda-feira (5), está se espalhando por países como Singapura, Coreia do Sul, Malásia, China e Hong Kong, provocando forte valorização cambial e sugerindo uma mudança no fluxo financeiro global.

      “Para mim, isso tem todo o aspecto de uma ‘crise asiática às avessas’”, afirmou Louis-Vincent Gave, sócio-fundador da Gavekal Research, em um podcast. Ele se referia à velocidade dos movimentos cambiais recentes. Em contraste com a fuga de capitais que devastou as economias do Sudeste Asiático entre 1997 e 1998, agora é o dólar que sofre a pressão da realocação de recursos para ativos locais.

      Dólar enfraquecido pelas próprias políticas dos EUA

      Especialistas atribuem o fenômeno ao impacto das tarifas comerciais agressivas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que têm afetado tanto a confiança dos investidores nos ativos norte-americanos quanto o volume de receitas de exportadores asiáticos, especialmente na China.

      “Desde a crise asiática, a poupança da região tem sido gigantesca e quase sempre canalizada para títulos do Tesouro dos EUA. De repente, essa lógica não parece mais tão certeira quanto antes”, explicou Gave.

      Gary Ng, economista sênior da Natixis, reforçou esse argumento: “As políticas de Trump enfraqueceram a confiança do mercado no desempenho dos ativos em dólar”.

      Nos bastidores do mercado, há até quem especule sobre um possível "acordo de Mar-a-Lago", numa alusão ao resort de luxo de Trump na Flórida, que visaria enfraquecer o dólar para fins estratégicos. No entanto, o Escritório de Negociações Comerciais de Taiwan negou que as conversas recentes com Washington tenham incluído o tema cambial.

      Montanhas de dólares começam a recuar

      Somente em bancos chineses, os depósitos em moeda estrangeira — majoritariamente dólares — somavam US$ 959,8 bilhões até o fim de março, o maior volume em quase três anos. Taiwan, Coreia do Sul e Singapura também acumulam reservas consideráveis.

      No entanto, segundo o banco UBS, caso as seguradoras taiwanesas aumentem seus níveis de proteção cambial aos padrões médios entre 2017 e 2021, isso pode gerar a venda de até US$ 70 bilhões em ativos denominados em dólar.

      Grandes fundos de investimento e operadores alavancados também começam a desmontar operações baseadas em forwards do dólar de Hong Kong — antes consideradas uma aposta segura de rendimento estável.

      “Essas operações, que movimentam centenas de bilhões de dólares, agora estão sendo desfeitas”, afirmou Mukesh Dave, diretor de investimentos da Aravali Asset Management, com sede em Singapura.

      O banco central de Hong Kong itiu, nesta segunda-feira (6), que tem reduzido a duração dos seus investimentos em Treasuries americanos e diversificado sua exposição cambial para ativos fora dos Estados Unidos.

      Diversificação se torna prioridade

      Robin Xing, economista-chefe para a China no Morgan Stanley, destacou que o anúncio de novas tarifas por Donald Trump em 2 de abril foi um "chamado de alerta" que impulsionou investidores a se protegerem ou a começarem a vender ativos nos EUA.

      “Em médio e longo prazo, as pessoas começam a pensar em como diversificar seus investimentos, abandonando a mentalidade ultraada da supremacia do dólar”, avaliou.

      A tendência também pode ser observada nos mercados de dívida asiáticos, que aram a registrar sinais de repatriação de recursos.

      “A conversa sobre repatriação está virando realidade”, afirmou Parisha Saimbi, estrategista do BNP Paribas em Singapura. “Independentemente da forma que assuma, isso sinaliza que o e ao dólar está enfraquecendo. Estamos vendo uma desdolarização em andamento”.

      Mesmo com o Banco Central de Taiwan garantindo que atuará para estabilizar o câmbio e a própria presidente da ilha divulgando vídeo negando qualquer relação da taxa de câmbio com negociações comerciais com os EUA, os mercados parecem já ter tomado sua decisão.

      “O par USD/TWD (dólar americano x dólar taiwanês) é o canário na mina de carvão”, disse Brent Donnelly, presidente da Spectra Markets. “A demanda asiática por dólares e o desejo dos bancos centrais da região de sustentá-lo estão diminuindo”.

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