Para Federação, obrigatoriedade de visto americano vai prejudicar o turismo no Brasil

247 - O retorno da exigência de visto para cidadãos dos Estados Unidos, Canadá e Austrália que desejam visitar o Brasil acendeu o sinal de alerta no setor de turismo. A medida, válida a partir desta quinta-feira (10), preocupa empresários do setor, especialmente a Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), que alega perdas expressivas para a economia.

Desde 2019, quando a exigência foi suspensa, americanos podiam entrar no Brasil sem visto. A mudança teria beneficiado setores como o de turismo, uma vez que o processo de obtenção do documento costuma ser demorado, caro e burocrático. 

"Vamos perder turistas para os nossos vizinhos" - Para o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, a postura do governo brasileiro poderá ter um efeito colateral direto no turismo brasileiro. “Não de hoje, o Brasil é destino de longa distância para europeus, americanos e asiáticos. Com esta obrigatoriedade de visto no Brasil, vamos perder visitantes para outros países. Isso vai influenciar no faturamento do Turismo, e, aí, falo em hotéis, restaurantes, bares e atividades de recreação e de lazer — o trade como um todo. Isso vai impactar negativamente, inclusive, as estratégias e o trabalho da Embratur”, afirmou.

A Fhoresp também chama atenção para a baixa competitividade do Brasil diante de destinos turísticos da América Latina que não exigem visto de entrada. Pinto lembrou que o México, por exemplo, recebe 20 milhões de turistas estrangeiros por ano, enquanto o Brasil não ultraa a marca de 7 milhões. “O Brasil sairá perdendo. Vamos ar a disputar o turista com países como Colômbia, Chile, Peru, Costa Rica, Argentina e México, que não exigem visto. Se a União for em frente com essa medida, estaremos adicionando uma restrição ao Brasil que vai impactar diretamente e negativamente o Turismo, que já atua com dificuldades”, argumentou.

Edson Pinto também destacou que o setor de Turismo brasileiro ainda busca se recuperar dos efeitos da pandemia e enfrenta dificuldades estruturais para se consolidar como destino internacional competitivo. 

O diretor-executivo da Fhoresp atribui a decisão do governo brasileiro de retomar a exigência do visto a uma suposta retaliação ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afetará o Brasil em 10%. “O governo federal está misturando alhos com bugalhos; taxa com visto! Isso é catastrófico! É preciso que o Brasil compreenda o momento político norte-americano, exerça sua diplomacia e defenda os interesses nacionais, mas a análise deve ser ampla e aprofundada, para que o Turismo não pague o preço e saia no prejuízo”, declarou.

No entanto, o presidente Lula (PT) decidiu retomar a exigência de visto em 2023, logo quando voltou à Presidência e muito antes de Trump retornar à Casa Branca. A entrada em vigor do novo decreto foi adiada três vezes: de 1º de outubro de 2023 para 10 de janeiro de 2024, depois para 10 de abril de 2024 e, por fim, para 10 de abril de 2025.