Escritora ensina como empreender com livros no Brasil
A trajetória de Rosane Castilho é um exemplo do cruzamento entre literatura, educação e empreendedorismo
Beatriz Bevilaqua, 247 - Professora universitária, pesquisadora com experiência internacional e autora de sete livros, Rosane Castilho vem construindo, há quase duas décadas, um caminho próprio no mundo editorial. Com olhar atento à educação e às emoções humanas, a professora adjunta da Universidade Estadual de Goiás tem se destacado também como uma empreendedora de livros independentes no Brasil.
Seu título mais recente, “Psicologia do Cotidiano”, esgotou rapidamente após o lançamento. A obra apresenta reflexões sobre sentimentos e estados emocionais como ciúme, teimosia, apego, narcisismo, intolerância, solidão — temas com os quais Rosane trabalha intensamente em sala de aula, nas rodas de leitura e em grupos com os quais se conecta pelo país.
“Eu escrevo sobre assuntos que discuto frequentemente com meus alunos na Faculdade de Psicologia. Não escolho os temas por pesquisa de mercado, mas por vivência. E escrevo como se estivesse conversando com as pessoas, trazendo minhas impressões, referências de viagens, palestras, da vida mesmo”, compartilha Rosane.
Apaixonada por livros, Rosane tem um verdadeiro santuário literário em casa. “Na minha sala há seis estantes. Só não tenho livros no banheiro”, brinca. Desde os 17 anos, se prepara para a docência — hoje são mais de duas décadas lecionando no ensino superior e pesquisando subjetividades.
A estreia na escrita e os bastidores das publicações
Sua trajetória literária começou há 20 anos com “Réquiem para um sonho: entre psicanálise e cultura”, publicado pela Editora Canon em parceria com a Universidade Estadual de Goiás. Desde então, publicou obras no Brasil, na Argentina e em Portugal, resultado de sua tese de doutorado, e “Cartografias da Condição Juvenil”, lançado em três edições e também apresentado em Bogotá.
“Sou uma apaixonada pela ideia de que os livros são um legado. Escrevemos para deixar algo para os que virão depois”, afirma a autora.
Durante a pandemia, Rosane percebeu a necessidade de oferecer e emocional aos seus alunos. Dessa experiência nasceu “O que eu faço com isso?”, obra premiada em 2024 no Copacabana Palace, que oferece ferramentas para lidar com emoções difíceis.O êxito com a publicação independente de “O que eu faço com isso?” a motivou a compartilhar, em entrevistas e eventos, os bastidores do processo. Do texto à livraria, Rosane participou de todas as etapas: contratou leitura crítica, diagramação, escolheu o papel, negociou com gráficas e distribuidoras.
“O trabalho de um autor independente é intenso. Requer presença constante nas livrarias, relacionamento com livreiros, criação de rodas de leitura e, principalmente, escuta do público. Foi assim que o livro ganhou vida nas prateleiras e nas mãos dos leitores.”
Rosane acredita que contar com uma editora também pode ser uma boa escolha, a depender do perfil do autor e da proposta da obra. Para “Psicologia do Cotidiano”, ela optou pela editora O Ofício das Palavras, o que garantiu e em leitura crítica, diagramação e distribuição para além da sua cidade.
“A editora ajudou muito. A leitura crítica, por exemplo, foi preciso para aparar arestas e tornar o texto mais fluido para o público geral. Isso faz toda a diferença quando queremos dialogar com mais pessoas.”
Empreender com livros
A trajetória de Rosane é um exemplo do cruzamento entre literatura, educação e empreendedorismo. Ela busca constantemente entender o funcionamento do mercado: participa de eventos da Câmara Brasileira do Livro, acompanha o trabalho de distribuidoras e está presente em feiras e bienais.
“É um processo lento e artesanal. A gente precisa conhecer quem são nossos leitores, entender como chegar até eles. As redes sociais ajudam, mas o contato humano, o olho no olho nas rodas de conversa, ainda é o que mais me emociona.”
Rosane estará na Feira Literária de Paraty, no final de julho, discutindo temas como emoções, escrita e o universo editorial. E segue produzindo, agora com o respaldo de uma rede sólida de leitores, parceiros e experiências acumuladas — prova de que empreender com livros é possível, mas exige preparo, paixão e perseverança.
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