Faturamento das pequenas e médias empresas cresce 4,5% em 2024, aponta índice Omie
Desempenho das PMEs foi superior ao PIB do país e crescimento deve continuar em 2025, mas em ritmo mais moderado
247 - O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras avançou 4,5% em 2024 na comparação com o ano anterior, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). Os dados, divulgados pela plataforma de gestão Omie, mostram que o resultado foi superior ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) geral do país no mesmo período, que ficou em 3,5%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do desempenho positivo, o ritmo de expansão perdeu fôlego ao longo do ano, especialmente nos setores de Indústria e Serviços.
O IODE-PMEs, que monitora 736 atividades econômicas em quatro grandes setores — Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços —, funciona como um termômetro para empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões. No quarto trimestre de 2024, o índice mostrou crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, sinalizando a desaceleração do segmento.
De acordo com Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, o avanço das PMEs foi impulsionado principalmente pela ampliação da demanda doméstica, resultado do aumento da renda disponível das famílias. “Nos últimos anos, houve forte avanço da renda real disponível às famílias, em um contexto de expansão fiscal com programas de transferência de renda e pagamento de precatórios”, explica. Beraldi também aponta a queda no desemprego para um dos menores níveis da última década — em torno de 6% — como fator para a expansão.
Comércio lidera crescimento
O setor de Comércio foi o principal responsável pela melhora no faturamento das PMEs em 2024, com alta de 8,1% em comparação ao ano anterior. O crescimento foi puxado pelo atacado (+9,0%) e pelo varejo (+6,4%), com destaque para os segmentos de alimentos, bebidas e produtos de higiene. “As empresas do Comércio engataram trajetória de recuperação a partir do segundo trimestre, refletindo o avanço do consumo no país”, afirma Beraldi.
Serviços mantém expansão, mas desacelera
O setor de Serviços registrou crescimento de 2,5% em 2024, mas apresentou desaceleração nos últimos meses do ano, com alta de apenas 1,2% no quarto trimestre. Entre as atividades com melhor desempenho, destacam-se ‘Atividades financeiras e de seguros’, ‘Transporte e armazenagem’, ‘Saúde humana e serviços sociais’ e ‘Informação e comunicação’. O segmento também foi responsável pela maior parte do aumento no saldo de trabalhadores formais ao longo do ano.
Indústria e Infraestrutura com desempenho mais fraco
A Indústria encerrou o ano com alta de 2,2%, apesar da retração de 1,5% no último trimestre. Apenas 11 dos 23 subsetores acompanhados pelo índice registraram crescimento no período, com destaque para ‘Equipamentos de transporte’ e ‘Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos’.
Já a Infraestrutura avançou apenas 0,8% em 2024, com expansão concentrada no segundo semestre. As atividades de coleta e tratamento de resíduos, eletricidade e serviços especializados para construção sustentaram o resultado, enquanto a construção civil apresentou retração, impactada pelas taxas de juros elevadas.
Perspectivas para 2025
A projeção para 2025 é de crescimento mais moderado, com avanço de 2,4%, segundo o IODE-PMEs. A continuidade do desempenho positivo deve ser sustentada pelo mercado de trabalho aquecido e pela manutenção da renda das famílias. No entanto, as expectativas de inflação elevada e o aumento da taxa básica de juros podem limitar o consumo e os investimentos, afetando principalmente setores mais dependentes de crédito, como a construção civil e a indústria.
O economista da Omie alerta para os impactos do cenário internacional e da agenda fiscal brasileira sobre as PMEs. “Internamente, há o endereçamento das questões fiscais, além da aprovação da reforma tributária, que a a valer a partir de 2026. Já no âmbito externo, acompanhar a evolução política e econômica dos EUA no início do governo Trump é bastante relevante, diante dos reflexos sobre a economia dos países em desenvolvimento, como o Brasil”, afirma Beraldi.
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