“A escravidão não acabou, ela está romantizada e legalizada”, diz Rick Azevedo
Rick Azevedo defende o fim da escala 6x1 como combate central à exploração da classe trabalhadora brasileira
247 - Em entrevista à TV 247, o vereador e fundador do movimento VAT (Vida Além do Trabalho), Rick Azevedo, destacou que a luta pelo fim da escala 6x1 ultraa uma reivindicação pontual e se insere em um debate mais amplo sobre os direitos dos trabalhadores e a estrutura escravocrata ainda presente nas relações de trabalho no Brasil. Segundo Azevedo, a iniciativa encabeçada pelo VAT para o 1º de Maio de 2025 tem por objetivo central “acabar com a escala 6 por 1, que é uma escravidão moderna”.
“Fizemos uma articulação bastante ampla com os movimentos sociais, com os sindicatos, com os partidos, com uma grande parte da esquerda”, afirmou. A mobilização é nacional, com atos em diversas capitais. “Temos várias capitais que vão ter atos agora nesse primeiro de maio, organizado pelo movimento VAT: Brasília, Fortaleza, Salvador, BH...”
Rick explicou que a origem do movimento está ligada às redes sociais, especialmente ao TikTok, mas que rapidamente se estruturou em grupos estaduais de WhatsApp. A partir daí, o VAT ou a articular alianças com centrais sindicais, como a CTB, e outras organizações. “Ninguém consegue nada sozinho. Embora o movimento VAT tenha essa grandiosidade, a gente precisa do apoio de inúmeras frentes para avançar.”
A luta se concentra no combate à escala 6x1 – seis dias consecutivos de trabalho por um dia de folga – mas não se limita a ela. “A nossa proposta é 36 horas semanais. Então hoje o movimento VAT abraça a classe trabalhadora no geral. O que eu percebo é que furou a bolha. Todos os trabalhadores que têm consciência de classe estão apoiando.”
Rick também esclareceu um ponto central do projeto que vem sendo apresentado no Congresso. “O fim da escala 6 por 1 significa ter uma escala de revezamento. A gente quer que o trabalhador tenha dois dias consecutivos de folga, e às vezes não vai ser necessariamente aos sábados e domingos, porque a gente sabe dessa necessidade que o comércio tem de abrir aos domingos.”
A PEC apresentada pela deputada Érica Hilton, conforme explicou, garante a redução da jornada de trabalho sem prejuízo no salário. “Está destacado na PEC: redução da jornada de trabalho sem redução salarial jamais. Não dá para diminuir o que já é diminuído. Quem ganha salário mínimo não tem para onde diminuir.”
Azevedo denunciou que, na prática, muitos empregadores sequer respeitam a atual escala legal. “Eu escuto de muitos trabalhadores que trabalham dez dias para folgar um, quinze dias para folgar um. Às vezes am o mês inteiro sem folgar.” Para ele, trata-se de uma violação sistemática da legislação trabalhista que não vem sendo fiscalizada. “Me parece que o Ministério do Trabalho não está vendo isso ou finge que não vê.”
O vereador ressaltou que o movimento vem alcançando diversos segmentos da classe trabalhadora. “Quando você fala de vida além do trabalho, isso se comunica com vários setores. Temos várias trabalhadoras domésticas nos nossos grupos de WhatsApp que apoiam a causa. E às vezes essas trabalhadoras trabalham de segunda a sexta, mas trabalham 10, 11, 12 horas por dia. Quem é que vai ter vida além do trabalho assim?”
Rick também comentou sobre os pequenos empreendedores, que por vezes se veem à margem do debate sindical. “Tem muitos empreendedores que, depois do movimento, mudaram a escala do seu negócio. Entenderam que o debate não é sobre não trabalhar, mas sobre saúde mental e vida além do trabalho.”
Por fim, fez um apelo aos sindicatos que ainda não aderiram à pauta: “Os sindicatos não podem abrir mão de apoiar esse debate, de apoiar essa luta. Vai ficar bastante constrangedor. Nos próximos meses, a gente vai continuar organizando grandes atos, e os sindicatos que não apoiarem, a gente vai começar a fazer uma cobrança mais incisiva.” Assista:
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