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      “A população brasileira se acostumou com juros absurdos”, diz Bresser-Pereira

      Para Bresser-Pereira, base estrutural elevada impede queda dos juros no Brasil e compromete a capacidade de investimento do governo Lula

      (Foto: ABR | Brasil247)
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      247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o economista e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou que a taxa básica de juros no Brasil permanece em patamar excessivamente elevado por razões estruturais, históricas e culturais. Segundo ele, há um “hábito” nacional de aceitar níveis elevados de juros reais, o que dificulta qualquer política de redução sustentada da taxa, mesmo diante da pressão por crescimento e investimentos públicos.

      “Os brasileiros estão acostumados a que a taxa de juros básica, abaixo da qual você não reduz em termos reais, seja 5%. Um pouco mais até, mas vamos dizer 5%”, explicou. Bresser-Pereira reconheceu que os juros são “absurdos”, mas argumentou que esse patamar elevado se tornou uma base habitual desde o regime militar, quando a caderneta de poupança ou a render 6% ao ano em termos reais.

      Para o economista, o núcleo do problema está na existência de uma “base de juros reais” muito superior à dos países desenvolvidos. “Nos Estados Unidos ou na Europa, a taxa de juros real está em torno de 1% ou 1,5%. Aqui, estamos falando de 7% a 8% reais. É sete vezes mais alta”, comparou. Ele ressaltou que mesmo uma base de 2% ou 2,5% já seria aceitável, dadas as especificidades brasileiras, “mas não oito”.

      Bresser-Pereira observou que, diante desse patamar estrutural, o Banco Central, sob o comando de Gabriel Galípolo, não dispõe de instrumentos suficientes para reduzir os juros com rapidez. “O que o Banco Central tem que fazer é tentar levar a inflação em direção à meta. E a única coisa que ele pode fazer é manter esse juro desse jeito. Não tem outra coisa para fazer”, disse.

      Ele também reconheceu a contradição entre os dados recentes de crescimento da economia e a política monetária restritiva. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) indicou alta acima do previsto no primeiro trimestre. Mesmo assim, Bresser-Pereira sustenta que isso não elimina a necessidade de manter a taxa elevada. “Nós estamos com esses juros altos e, no entanto, as empresas continuam investindo. Parece que esses juros também já estão incorporados nas empresas”, avaliou. “No fundo, quem paga essa carga absurda de juros é a população, não são os capitalistas.”

      O ex-ministro enfatizou que os juros elevados drenam recursos fundamentais para outras áreas do orçamento público. “O juro representa 10% do PIB hoje. E se representa 10% do PIB, ele representa 30% do orçamento brasileiro. Quanto é que nós gastamos em saúde ou em educação? Muito menos”, afirmou.

      Bresser-Pereira lamentou ainda a falta de mobilização popular para pressionar por juros mais baixos. “Para que o presidente Lula conseguisse forçar o Galípolo a baixar os juros, ele teria que estar atrás dele a população gritando por isso. Mas a população não grita por isso, grita se a inflação fica alta.”

      Por fim, o economista refutou a ideia de que o governo Lula seja “neoliberal” por manter juros elevados. “Esse governo não é neoliberal, definitivamente. É que quando você define neoliberal pela taxa de juros, então todo mundo fica neoliberal assim. Não é por aí”, ponderou. Para ele, o desafio maior está na ausência de um projeto nacional coeso e consensual. “Estamos muito dispersos, desorganizados como sociedade, como nação. Nação é uma sociedade que tem um objetivo. E então fica muito difícil ter um projeto nacional.” Assista: 

       

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