“Mesmo que eu não tenha mandato, serei um militante socialista até o fim da vida”, afirma Glauber Braga
Deputado inicia caravana nacional em defesa do seu mandato e das liberdades democráticas
247 - Em entrevista concedida à TV 247, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) detalhou os bastidores do processo de cassação que enfrenta na Câmara dos Deputados, que, segundo ele, é fruto de uma perseguição política articulada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Glauber anunciou uma caravana por todos os estados do país como forma de mobilizar a sociedade contra o que considera uma “flagrante injustiça”.
Ao lado do jornalista Joaquim de Carvalho, o parlamentar classificou a situação como uma tentativa de silenciamento orquestrada pela cúpula da Câmara. “O sócio majoritário da tentativa de cassação se chama Artur Lira”, afirmou. “É uma mistura de razão com fígado. Ele não aceita ser enfrentado.”
Caravana e mobilização nacional
Para resistir ao avanço do processo, Glauber decidiu percorrer os 26 estados do Brasil com rodas de conversa, atos políticos e entrevistas locais, numa estratégia de mobilização social. O ponto de partida da caravana foi um evento na Universidade Federal de Minas Gerais no dia 8 de maio, seguido por encontros no Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Salvador e outras capitais do Nordeste. O encerramento está previsto para o dia 26 de junho no Rio de Janeiro. No dia 1º de julho, segundo seus cálculos, deverá ocorrer a votação em plenário sobre sua cassação.
“Estou defendendo não apenas o mandato, mas as liberdades democráticas”, afirmou. Para ele, o impacto de uma eventual cassação não se restringe ao seu caso: “Imagine o que vão fazer com um vereador do interior que exerce uma posição contra majoritária”.
Conflitos com o MBL e Artur Lira
O estopim do processo no Conselho de Ética foi um confronto com um militante do MBL, que o provocou diversas vezes, incluindo ataques à sua mãe, já debilitada por Alzheimer e falecida poucos dias depois. Glauber afirma que o agressor “foi pago” para essa função. “Não sou eu quem diz, foi ele quem itiu no Conselho de Ética que recebia da associação do MBL e não soube explicar o que fazia.”
Para o deputado, o MBL é apenas o “sócio minoritário” na trama, sendo Lira o verdadeiro arquiteto da ofensiva. “Eu subi à tribuna mais de 20 vezes para denunciar as irregularidades do Lira, os crimes cometidos por ele, e o orçamento secreto. Ele não aceita isso.”
Críticas ao orçamento secreto
Glauber dedicou parte da entrevista para expor o que considera um dos maiores problemas do Congresso: o controle orçamentário concentrado em lideranças parlamentares. Ele denunciou o desvio de recursos por meio das emendas, especialmente em municípios como Rio Largo (AL), reduto de aliados de Lira. “É uma lavanderia do Artur Lira”, acusou.
Defensor do uso participativo das emendas parlamentares, Glauber explicou que 100% dos recursos indicados por seu mandato são decididos em plenárias abertas com a população, com votação pública e fiscalização popular. “É um ensaio de poder popular”, disse, citando exemplos de projetos em Sumidouro, Friburgo e na UFRJ.
Estratégia de resistência
Apesar das pressões, o deputado afirmou que não considera baixar o tom de sua atuação como uma tática viável para salvar o mandato. “Isso pode funcionar para quem tem a opinião pública contra e aliados internos tentando salvar. No meu caso, a opinião pública me apoia e o Congresso é que está contra.”
Ele também relatou que a greve de fome que fez para impedir a cassação sumária não foi uma decisão planejada. “Na véspera, disse numa reunião que não faria greve de fome. Mas no dia da sessão do Conselho de Ética, percebi que era a ação necessária.” Durante nove dias de jejum, ele enfrentou alterações no fígado, mas manteve a convicção de que a mobilização social é o único caminho para reverter o cenário.
Luta em várias frentes
O parlamentar anunciou que avalia ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal, caso o plenário da Câmara confirme sua cassação. “O Código de Ética prevê censura verbal para casos de agressão. A cassação é desproporcional e inconstitucional.”
Glauber também fez críticas ao relator do processo no Conselho de Ética, deputado Paulo Magalhães, que havia lhe dito nos corredores da Câmara: “Conte comigo. Não podemos deixar essa injustiça acontecer”. Para ele, Magalhães recebeu uma missão política.
Legado e trajetória
Ao final da entrevista, Glauber compartilhou aspectos de sua formação política e história familiar. Filho da ex-prefeita Saudade Braga, a quem define como “uma mulher que cavou o chão com as unhas”, ele relembrou a luta da mãe contra a corrupção na Câmara de Vereadores de Nova Friburgo, onde sofreu ameaças de cassação que só foram barradas pela mobilização popular.
Apesar do cenário adverso, o deputado reafirmou seu compromisso com a militância. “Mesmo que eu não tenha mandato, serei um militante socialista até o fim da vida.” E completou: “No dia seguinte à votação, Artur Lira vai continuar sendo o que é. E eu continuarei sendo o que sou”. Assista:
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