Visitas de Lula a Rússia e China consolidam soberania do Brasil, diz Valter Pomar
Historiador afirma que presença de Lula em Moscou marcou posicionamento claro contra o unipolarismo e a favor da soberania nacional
247 - Em entrevista à TV 247, o historiador e dirigente petista Valter Pomar avaliou como estratégica a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Moscou, a convite oficial de Vladimir Putin, para as celebrações pelos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista. “Estar ou não em Moscou ganhou um sentido simbólico e político muito grande”, afirmou Pomar, que destacou o gesto como uma afirmação do papel do Brasil na construção de uma nova ordem internacional.
Sem recorrer a adjetivos exagerados, Pomar preferiu situar a importância da visita no contexto atual de disputa entre o campo do unipolarismo, liderado pelos Estados Unidos, e os projetos de multipolaridade representados, segundo ele, por China e Rússia. “O Brasil tem que estar do lado certo – e não é o dos Estados Unidos, não é o da União Europeia. Não precisamos ser linha auxiliar de ninguém, mas temos que afirmar nossos próprios interesses e nossa soberania”, disse. Para ele, a ida de Lula a Moscou é também uma derrota para setores do governo e da elite brasileira que pressionavam pelo alinhamento automático ao Ocidente.
O dirigente petista relembrou o papel da União Soviética na derrota do nazismo e criticou a tentativa de reescrever a história por parte dos países centrais. “Existe uma disputa narrativa muito forte sobre quem derrotou Hitler. Quem estuda o tema sabe que a virada da guerra aconteceu em Stalingrado, e que o esforço soviético foi muito maior que o dos aliados ocidentais”, afirmou. Segundo ele, “os números não mentem” e revelam o protagonismo militar da URSS na Segunda Guerra Mundial, com perdas humanas incomparáveis em relação às forças dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Pomar vê a reaproximação entre Brasil, Rússia e China como fundamental para fortalecer alternativas à hegemonia dos EUA e à lógica neoliberal. Para ele, a relação com Pequim deve ser utilizada estrategicamente para financiar um processo de reindustrialização nacional com base em tecnologia de ponta. “Precisamos dobrar a aposta no uso de recursos chineses para reconstruir nossa base industrial e garantir autonomia”, defendeu.
Ao mesmo tempo, o dirigente alertou para pressões externas contra esse movimento. “Não tenho dúvida de que há gente dentro do próprio governo e do Itamaraty que não gostaram dessa viagem. E também não duvido que os Estados Unidos tentem criar obstáculos”, disse. Ele ainda alertou que, no mundo atual, “operações de inteligência e de falsa bandeira são usadas para tentar impedir movimentos soberanos”. A ida de Lula a Moscou, nesse sentido, representaria mais do que uma visita diplomática: “é um sinal claro de que o Brasil não está disposto a ser satélite de Washington”. Assista:
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