“Temos que transformar o fim da jornada 6x1 em bandeira de unificação”, diz Genoino
Para José Genoino, proposta defendida por Lula pode mobilizar nova classe trabalhadora e precisa ser assumida de forma mais clara pela esquerda
247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o ex-presidente nacional do PT, José Genoino, destacou a centralidade da luta pelo fim da jornada de trabalho 6x1 (seis dias trabalhados para um de descanso) como pauta estruturante da classe trabalhadora brasileira. Segundo Genoino, o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à proposta, manifestado no pronunciamento do 1º de Maio, reforça a legitimidade do debate e exige agora uma ação articulada entre governo, movimentos populares e forças de esquerda.
“Eu queria exaltar o pronunciamento do presidente da República favorável ao fim da jornada 6x1”, afirmou Genoino, ao avaliar os atos realizados no Dia Internacional do Trabalho. Segundo ele, essa foi a principal bandeira que emergiu das manifestações em diferentes cidades. “Mesmo com atos dispersos, o que unificou, o que se destacou foi a luta pelo fim da jornada 6x1.”
Genoino considerou positiva a grande presença de jovens nos protestos, especialmente na Avenida Paulista. Para ele, a juventude tem papel decisivo na reorganização das lutas sociais. “Tinha muitos jovens na Paulista em torno da bandeira do fim da jornada 6x1. Acho que essa bandeira vai se projetar, vai se colocar, vai ser um fator de unidade.”
O ex-deputado relacionou a pauta da jornada com outras reivindicações que têm ganhado força nos últimos meses, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a taxação de grandes fortunas e o combate à precarização do trabalho. “Acho que essa precarização, essa deterioração das condições de trabalho que vêm das consequências da reforma trabalhista mostram a necessidade de discutir essa questão com a nova classe trabalhadora.”
De acordo com Genoino, essa nova classe é formada por trabalhadores uberizados, terceirizados e informais, que vivem sob a insegurança do trabalho intermitente e das jornadas exaustivas. “Pode ter nesta bandeira um elemento de unificação”, pontuou. No entanto, ele criticou a dispersão dos atos do 1º de Maio e defendeu maior articulação das centrais sindicais. “A gente tinha que ter ato do 1º de Maio unificado. E ato unificado sem sorteio, sem shows. O 1º de Maio é ato de luta.”
Para que a pauta da jornada 6x1 avance concretamente, Genoino defendeu uma postura mais ativa por parte do governo e das lideranças progressistas. “O que precisa primeiro é a esquerda se unir, as várias entidades da classe trabalhadora se unirem, e o governo falar com a sociedade, os seus ministros, os seus porta-vozes, as suas lideranças, encarar essa bandeira como uma bandeira importante.”
Ele apontou que há um ambiente favorável à mobilização desde março, com manifestações espalhadas pelo país, e avaliou que o bolsonarismo perdeu capacidade de organizar grandes atos. “Eles estão numa postura defensiva, o ime sobre a questão da anistia mostra isso. Eles não estão nem aí para direitos sociais, não estão nem aí para melhorar os empregos.”
Genoino defendeu que as próximas movimentações devem pressionar tanto o governo quanto o Congresso para que a pauta seja debatida e votada. Para ele, não haverá conquistas substanciais sem mobilização popular. “Ou pressiona, ou o que virá de lá [Congresso] é muito ruim para a classe trabalhadora.”
A jornada 6x1, prevista atualmente na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é uma regra que permite que o trabalhador folgue apenas uma vez a cada sete dias. Nos últimos anos, organizações sindicais e movimentos populares vêm pressionando por sua revisão. Com a recente manifestação do presidente Lula contra esse modelo, a proposta ganha nova densidade política, mas, segundo Genoino, ainda falta decisão estratégica. “Tá faltando uma unidade, uma decisão política para investir, para preparar, para articular essas mobilizações.”
Para ele, o momento exige uma inflexão no governo e na esquerda como um todo. “Eu acho que vai acontecer uma espécie de retomada das mobilizações populares.” E conclui: “A situação é quente, é tensa, e nós temos que estar mobilizando, discutindo. O governo Lula é a possibilidade que nós temos, mas tem que avançar, tem que ir mais à esquerda.” Assista:
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