“Trump isolou os Estados Unidos – e isso é bom para o mundo", diz Paulo Nogueira Batista Júnior

247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Júnior analisou o cenário internacional e destacou o impacto do governo de Donald Trump na geopolítica global. “Trump isolou os Estados Unidos – e isso é bom para o mundo”, afirmou. Segundo ele, o enfraquecimento da posição americana não representa uma ameaça para a América Latina e outras regiões, mas sim uma oportunidade de reorganização do sistema internacional.

Paulo destacou que os primeiros 100 dias do novo governo Trump foram ainda mais tumultuados do que se esperava. “Ele voltou mais radical e surpreendeu a todos, tanto no campo econômico como geopolítico”, explicou. Entre as medidas mais polêmicas, o economista citou a intensificação da hostilidade contra a China com a guerra das tarifas e até mesmo contra aliados tradicionais dos Estados Unidos. “Os Estados Unidos estão se isolando, e isso vem sendo acompanhado de um certo desequilíbrio emocional por parte do presidente americano”, disse.

O comportamento de Trump, segundo Nogueira Batista, contrasta com a postura da China. “Há uma diferença da água para o vinho. O profissionalismo da China nessa confrontação salta aos olhos”, afirmou. Enquanto o presidente americano faz declarações intempestivas, a diplomacia chinesa responde de maneira firme e organizada, causando, segundo ele, verdadeiras humilhações aos Estados Unidos.

O economista também alertou para os efeitos da política econômica de Trump. “O aumento de tarifas não vai reindustrializar os Estados Unidos. O correto seria uma política industrial séria. Além disso, eles estão desmontando o setor público, inclusive a Receita Federal, o que facilitará a evasão fiscal”, criticou.

Sem relação colonial com a China

Para a América Latina, o cenário é duplamente interessante. Se de um lado os Estados Unidos tentam retomar influência, de outro a China se consolida como um parceiro mais pragmático. “Quando os Estados Unidos falaram em retomar o quintal da América Latina, quem deu a resposta foi a China”, lembrou.

No caso brasileiro, Paulo Nogueira Batista destacou que o país precisa adotar uma postura estratégica. “O Brasil não pode seguir numa relação colonial com a China. O bom é que agora a China precisa mais do Brasil. Eles podem investir mais aqui, mas o Brasil precisa se valorizar mais e evitar a intensificação da primarização da economia brasileira”, defendeu.

Por fim, ele celebrou a queda de popularidade de Trump. “Isso enfraquece também a extrema-direita internacional. É um sinal positivo para o mundo”, concluiu. Assista: