Bruno Henrique faltou a depoimento na PF sobre manipulação de apostas
O jogador é investigado por suspeita de fraude em uma partida de futebol. A PF analisa o celular do irmão do atacante. A plataforma Blaze emitiu uma nota
247 - O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, não compareceu ao depoimento marcado pela Polícia Federal no inquérito que apura suspeitas de fraude e manipulação de resultado esportivo envolvendo uma aposta para que o jogador recebesse um cartão amarelo em partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023. A informação foi divulgada pelo Metrópoles.
O depoimento estava agendado para as 15h do dia 1º de abril e seria a última oitiva da PF antes da conclusão da investigação, que já resultou no indiciamento do jogador e de outros suspeitos. Mesmo assim, Bruno Henrique optou por não prestar depoimento, o que é um direito garantido a qualquer investigado.
Segundo o portal, o atacante informou, por meio de seus advogados, que preferia apresentar esclarecimentos por escrito — o que também não foi feito até o momento. A defesa pediu ainda que não fosse marcada uma nova data para o interrogatório, e entregou à PF uma planilha com a agenda do jogador, destacando compromissos com o clube no centro de treinamento e no departamento médico.
Na manhã seguinte ao horário originalmente marcado para o depoimento, o elenco rubro-negro viajou à Venezuela para a estreia na Copa Libertadores da América.
A ausência do jogador ocorre em um momento em que a PF analisa mensagens encontradas no celular de seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, que ligam diretamente o atleta a um possível esquema de apostas com foco no cartão amarelo que ele recebeu na partida contra o Santos. Bruno Henrique e Wander já foram formalmente indiciados por estelionato e fraude em competição esportiva.
Nas mensagens, Wander pede R$ 10 mil emprestados ao irmão, alegando dificuldades financeiras e mencionando que uma aposta relacionada ao jogo havia sido bloqueada por suspeita de irregularidade. Ele afirma que apostou R$ 3 mil para ganhar R$ 12 mil, mas que a casa de apostas suspendeu o pagamento.
“No dia que você me deu ideia do cartão, eu apostei 3 mil pra ganhar 12 mil. Só que até hoje eles não pagou, eles colocou a aposta sobre análise, e o dinheiro está todo preso lá 12K [...] Me ajuda nessa aí por favor!”, escreveu Wander ao atacante.
Bruno Henrique respondeu:
“Tendi nada oq vc falou aqui Juninho (sic)”, ao que o irmão retrucou: “Fala aí, mano, o que você não entendeu?”.
“Isso aqui”, respondeu o jogador.
No dia seguinte, o atleta enviou o que a PF descreve como comprovante de transferência e escreveu: “Pegando dinheiro vc paga em”.
Wander respondeu: “Demoro essa porra saindo eu te mando”.
As casas de apostas Betano, GaleraBet e KTO informaram à PF que mais de 95% das apostas no jogo entre Flamengo e Santos estavam concentradas na punição de Bruno Henrique com cartão amarelo. Uma das plataformas bloqueou uma aposta feita por Wander, identificando atividade suspeita.
Já a plataforma Blaze, usada por outros suspeitos ligados ao caso, não forneceu informações completas à PF, alegando estar amparada pelo Marco Civil da Internet e pela Lei de Lavagem de Dinheiro. Investigadores, no entanto, contestam a justificativa e afirmam que a negativa compromete o avanço da apuração.
A Polícia Federal já concluiu a primeira etapa do inquérito e compartilhou os dados com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que conduz investigação paralela e deve apresentar denúncia formal contra Bruno Henrique até o fim de abril.
Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmam que os crimes imputados ao jogador não se enquadram nas regras para um acordo de não persecução penal, e, por isso, não haverá possibilidade de acordo com a Promotoria.
Além da esfera criminal, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) solicitou o às provas para avaliar a abertura de um processo disciplinar esportivo.
Outro lado
A plataforma emitiu uma nota. Confira abaixo:
A Blaze informa que atende prontamente a qualquer solicitação da Polícia Federal e demais autoridades, fornecendo os dados requisitados, dentro dos limites estabelecidos pela legislação brasileira vigente.
De acordo com o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/14) e com a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98), apenas dados cadastrais básicos podem ser compartilhados diretamente com autoridades policiais, quando não há ordem judicial.
Caso haja determinação judicial, a Blaze estará plenamente apta a fornecer dados adicionais, como informações financeiras ou de apostas, sempre em estrita observância aos preceitos legais. A empresa repudia e combate veementemente qualquer conduta ilícita ou tentativa de manipulação esportiva.
A Blaze reforça ainda que opera regularmente no Brasil com licença definitiva concedida pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, e reitera seu compromisso de colaborar com as autoridades, sempre respeitando também os direitos de seus usuários.
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