Produto indicado para parar de fumar é tão nocivo quanto o cigarro; entenda os riscos
A presença do produto tem alarmado autoridades brasileiras
247 - A presença dos sachês de nicotina, conhecidos como snus, tem alarmado autoridades brasileiras, com registros de apreensões recentes e anúncios ilegais circulando nas redes sociais. O G1 relatou que cerca de 2,2 mil unidades do produto foram confiscadas pela Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul, em uma das primeiras operações do tipo no país. Especialistas alertam para os riscos associados ao uso desse produto, que é altamente viciante e pode causar sérios danos à saúde.
Os snus, originários dos países nórdicos, consistem em pequenas bolsas contendo nicotina sintética, frequentemente aromatizadas e saborizadas. Sua proposta é oferecer uma alternativa ao cigarro, sem fumaça, mas com absorção rápida de nicotina pela mucosa bucal. Apesar do apelo como uma ferramenta para abandonar o tabagismo, especialistas em saúde e controle do tabagismo são categóricos: “não é uma opção”, conforme enfatizou o médico Ubiratan Santos, dos ambulatórios antitabagismo do Incor e do Hospital das Clínicas da USP.
O que são os snus e como funcionam?
Tradicionalmente consumidos na Suécia, os snus surgiram em versões contendo tabaco, mas atualmente também são fabricados com nicotina sintética. A pessoa coloca o sachê entre o lábio superior e a gengiva, permitindo que a droga seja absorvida rapidamente pela mucosa, levando altos níveis de nicotina ao sistema nervoso em poucos minutos.
“É preciso que a pessoa tenha picos de nicotina no corpo, com absorção rápida para que a necessidade seja criada. No adesivo ou no chiclete, essa liberação da droga é muito gradativa e leva horas até que o corpo absorva. No sachê, uma quantidade maior é absorvida rapidamente”, explica o médico Ubiratan Santos.
Com concentrações que variam de 3 a 6 miligramas de nicotina por unidade — muito superiores ao 1 miligrama presente em um cigarro convencional —, os snus mantêm o vício ao invés de combatê-lo.
Riscos à saúde
Embora sejam promovidos como alternativas menos nocivas ao cigarro, estudos indicam que os snus podem ser perigosos. Segundo André Szklo, pesquisador de controle do tabaco no Instituto Nacional do Câncer (Inca), “as pesquisas mais recentes mostram aumento do risco de câncer de lábio, boca e esôfago com o uso desses dispositivos”.
Além disso, uma investigação do Ministério da Saúde sueco revelou que os snus têm atraído novos usuários, especialmente entre mulheres jovens, que historicamente não consumiam produtos com nicotina.
Alternativas seguras para abandonar o cigarro
Para quem busca abandonar o tabagismo, as alternativas recomendadas por especialistas incluem chicletes e adesivos com nicotina, que fornecem a substância de maneira mais controlada e gradativa, sem os picos que alimentam o vício.
Não há evidências científicas de que o snus seja eficaz para deixar de fumar. Pelo contrário, ele pode gerar novos dependentes. “No tecido cerebral, a nicotina se liga a receptores localizados nas membranas dos neurônios, criando a sensação de prazer. Isso é parte do processo de dependência”, explica Ubiratan Santos.
Com as apreensões recentes e o crescimento de anúncios ilegais, fica claro que os snus representam mais uma ameaça à saúde pública, reforçando a necessidade de regulamentação e conscientização sobre os seus riscos.
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