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      China se preocupa com exploração de crianças na internet e discute nova regulação para influenciadores mirins

      Vídeos com crianças viralizam e geram bilhões de visualizações, mas alimentam debate nacional sobre abusos, lucros e urgência de regras mais rígidas

      Ilustração do China Daily sobre influência de menores na internet (Foto: China Daily)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O crescimento vertiginoso da presença de crianças nas redes sociais chinesas, principalmente em vídeos curtos e altamente virais, tem despertado preocupação em todo o país. A matéria original do China Daily, desta quarta-feira 14 de maio, mostra como a exposição digital de menores — muitas vezes com intenções comerciais — está sendo duramente questionada por especialistas, autoridades e pela sociedade civil, que clamam por regulamentações mais rígidas.

      Um caso emblemático é o da conta “Yaoyiyao Xiaoroubao”, no aplicativo Douyin (versão chinesa do TikTok), que acompanha a rotina de uma menina de 4 anos da província de Guizhou. Desde seu lançamento em março de 2021, o perfil acumulou mais de 20 milhões de seguidores e ultraou 600 milhões de curtidas. O conteúdo é istrado pelos próprios pais da criança.

      Apesar do grande apelo junto ao público — muitos atraídos pela aparência fofa da menina e seu jeito espontâneo —, um vídeo postado em fevereiro levantou um alerta nacional. Nele, a criança aparece caindo enquanto brinca, e a mãe continua gravando e rindo, em vez de ajudá-la. A gravação provocou indignação generalizada e acusações de que a cena teria sido encenada para gerar mais visualizações.

      Lucros elevados e questionamentos éticos

      Reportagens da mídia local indicam que, somente no último ano, cerca de 30 campanhas publicitárias foram integradas aos vídeos da menina, gerando uma receita estimada em 16,5 milhões de yuans (aproximadamente US$ 2,27 milhões). Diante da pressão pública, os pais da criança interromperam a publicação de vídeos por mais de um mês e anunciaram que dariam prioridade ao “desenvolvimento saudável” da filha. Eles também removeram todas as promoções comerciais do perfil.

      Esse não é um caso isolado. Diversos vídeos têm gerado críticas por expor crianças com maquiagem pesada, incentivando a comerem em excesso ou encenando situações de violência e bullying sob o pretexto de “correção de comportamento”.

      “Fico desconfortável com esse tipo de conteúdo. Sempre que vejo, denuncio à plataforma”, afirmou Zheng Ning, chefe do Departamento de Direito da Escola de Gestão de Indústrias Culturais da Universidade de Comunicação da China. Ela elogiou as ações recentes de reguladores e plataformas que têm removido conteúdos prejudiciais e adotado modos operacionais voltados para o público infantil, mas fez um apelo: “É preciso que toda a sociedade se mobilize para proteger os menores no ambiente digital”.

      Entre lembrança afetiva e exploração emocional

      Vídeos da “Yaoyiyao Xiaoroubao” frequentemente recebem milhões de curtidas. Um deles, publicado em janeiro de 2024, com a menina brincando na neve, alcançou quase 15 milhões de curtidas, tornando-se o mais popular da conta. “Ela me lembra minha filha quando era pequena”, comentou uma seguidora. Outra afirmou: “Estava triste hoje, mas melhorei depois de assistir”. A criança chegou até a ser chamada de “filha da internet” por uma fã.

      Segundo dados do Centro de Informação da Rede da Internet da China, o país alcançou 1,1 bilhão de internautas até o fim de 2024. Desses, 16,7% têm entre 6 e 19 anos. A demanda por conteúdos leves e afetivos ajuda a explicar a popularidade dos kidfluencers.

      “Essas crianças são engraçadas e espontâneas, bem diferentes dos adultos. Muitos internautas seguem esse tipo de conteúdo como uma forma de escape da rotina”, comentou Zheng.

      Limites e riscos legais

      Zhu Wei, vice-diretor do Centro de Pesquisa em Direito da Comunicação da Universidade de Ciência Política e Direito da China, reconhece que registrar o crescimento de crianças pode ser uma experiência positiva, mas alerta para os perigos: “Sou totalmente contra ações que forçam menores a atuar, ou envolvam violência e abuso”.

      Zhu condena conteúdos que exploram o sofrimento das crianças, como quando choram por um animal de estimação retirado de propósito para gerar comoção. “Isso é inaceitável. Crianças não devem ser transformadas em mercadoria para lucro comercial.”

      Para Zhao Zhanling, advogado do escritório JAVY, de Pequim, é necessário um olhar mais atento para vídeos que incentivam comportamentos perigosos ou o uso de linguagem vulgar. “Além de ferir a privacidade, há risco criminal por abuso infantil”, destacou.

      Zheng também criticou vídeos em que meninas aparecem dançando com roupas provocativas ou tomando banho. “Esse tipo de conteúdo pode afetar gravemente a saúde física e mental dos menores.”

      Ela lembrou que a Lei de Publicidade da China proíbe que crianças com menos de 10 anos façam propaganda de produtos — uma regra frequentemente burlada nas redes. “É urgente fortalecer a supervisão”, defendeu.

      Resposta estatal e medidas concretas

      A istração do Ciberespaço da China anunciou em abril de 2025 que intensificou a repressão contra a exploração de crianças na internet. Mais de 11 mil contas foram suspensas ou encerradas. Entre os vídeos removidos, estavam cenas de adultos arremessando comida em crianças, desenhando em seus corpos como punição e encenações de conflitos familiares para atrair audiência.

      Houve também a remoção de conteúdos em que crianças exibiam bens de luxo, imitavam o ato de fumar, participavam de encenações perigosas ou reproduziam linguagem obscena. Plataformas como Douyin se comprometeram a revisar com mais rigor os vídeos com menores e aprimorar os filtros de segurança.

      Diversas marcas de tecnologia, como Huawei e Oppo, implementaram modos infantis em seus dispositivos e aplicativos. Esses modos limitam o tempo de uso, sugerem conteúdos apropriados conforme a idade e oferecem ferramentas de gestão parental.

      Zheng sugeriu que as plataformas adotem inteligência artificial e análise de dados para aprimorar a identificação de conteúdos impróprios. Zhao, por sua vez, propôs canais de denúncia específicos para casos envolvendo crianças, além de recomendar que os pais respeitem a vontade dos filhos ao filmá-los e publiquem apenas o necessário.

      “As informações pessoais das crianças, como endereço e escola, jamais devem ser expostas. E conforme crescem, os pais devem pedir seu consentimento antes de postar qualquer vídeo”, concluiu Zhao.

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