Assim como Lula, Xi confirma visita à Rússia para celebrar vitória contra o nazismo na Segunda Guerra

247 – O presidente da China, Xi Jinping, confirmou neste sábado (4) que fará uma visita de Estado à Rússia entre os dias 7 e 10 de maio, a convite do presidente Vladimir Putin, com o objetivo principal de participar das comemorações pela vitória soviética contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. A informação foi publicada pela agência chinesa Xinhua, destacando o caráter simbólico e político do evento, que reunirá chefes de Estado que reconhecem o papel decisivo da União Soviética na derrota de Hitler.

A presença de Xi ao lado de Putin nas celebrações do Dia da Vitória, realizadas anualmente em Moscou no dia 9 de maio, reforça a aliança estratégica entre Rússia e China e acontece depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também confirmar sua ida à capital russa. Ao participarem do evento, Lula e Xi sinalizam apoio ao resgate da memória histórica da Segunda Guerra a partir da perspectiva dos Aliados do Leste – os que pagaram o preço mais alto na luta contra o nazismo.

A Grande Guerra Patriótica: o papel soviético na vitória sobre o nazismo

Na Rússia e em outras ex-repúblicas soviéticas, a Segunda Guerra Mundial é conhecida como a Grande Guerra Patriótica. Essa denominação reflete o caráter existencial do conflito travado a partir de 1941, quando a Alemanha nazista lançou a Operação Barbarossa e invadiu o território da então União Soviética. A guerra no front oriental foi marcada por batalhas sangrentas e pela resistência heroica do povo soviético, sendo a Batalha de Stalingrado (1942–1943) o principal ponto de inflexão, que abriu caminho para a ofensiva final do Exército Vermelho até Berlim.

Mais de 27 milhões de soviéticos perderam a vida durante a guerra, entre civis e militares. A dimensão da tragédia e o heroísmo popular forjaram a identidade nacional russa contemporânea e explicam por que a celebração do Dia da Vitória tem um valor tão profundo. O desfile militar na Praça Vermelha é o ponto alto das comemorações e uma reafirmação da soberania e do legado histórico russo.

Significados diplomáticos e geopolíticos

A presença dos presidentes da China e do Brasil na Rússia neste momento é carregada de simbolismo geopolítico. Em um cenário de polarização global e tensões crescentes entre o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, e o grupo dos BRICS, o gesto de Lula e Xi representa uma afirmação de soberania e de revisão da narrativa histórica predominante nas potências ocidentais.

Além disso, a viagem de Xi Jinping à Rússia é também uma demonstração da crescente parceria sino-russa, que abrange as áreas econômica, energética e de defesa. O presidente Putin, reeleito recentemente para mais um mandato, receberá Xi e Lula em meio a uma tentativa de consolidar alianças internacionais, enquanto o conflito na Ucrânia segue sem resolução à vista. A presença das duas maiores potências do Sul Global nas celebrações do 9 de Maio é um sinal claro de que o mundo caminha para uma nova configuração multipolar.

Memória, história e atualidade

Ao se unirem a Putin nas homenagens à vitória sobre o nazismo, os presidentes do Brasil e da China não apenas reconhecem o papel da União Soviética no conflito, mas também reivindicam uma leitura crítica da história do século XX e de seu impacto sobre o presente. Em tempos de revisionismo histórico e tentativas de reabilitação de símbolos nazistas por forças políticas extremistas em diversas partes do mundo, a participação em eventos como o 9 de Maio é também uma declaração em defesa da verdade histórica e da luta contra o fascismo.

A celebração da Grande Guerra Patriótica em Moscou, neste 2025, se reveste, portanto, de importância ainda maior. E a presença de Xi Jinping e de Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de Vladimir Putin é um marco no reposicionamento global das potências que defendem um mundo multipolar, baseado no respeito à soberania e à memória histórica dos povos.