Biden rompe o silêncio e critica Trump por destruição na Previdência Social

247 - Em sua primeira aparição pública desde que deixou a presidência, Joe Biden lançou duras críticas ao presidente dos EUA, Donald Trump, acusando-o de promover “danos e destruição” ao sistema de Previdência Social. As declarações foram feitas na terça-feira (15), durante a conferência de Defensores, Conselheiros e Representantes para Pessoas com Deficiência, em Chicago. As informações são da CNN News.

Diante de um público atento, Biden afirmou que o atual governo está desmontando políticas que protegiam os mais vulneráveis. “Vejam o que aconteceu agora. Em menos de 100 dias, este novo governo causou tantos danos e tanta destruição. É de tirar o fôlego que isso possa acontecer em tão pouco tempo”, declarou o ex-presidente, em tom contundente.

A crítica teve como foco a gestão da Previdência Social. Biden defendeu as medidas de seu mandato para combater fraudes e ironizou as acusações do governo Trump de que idosos centenários e até tricentenários estariam recebendo benefícios indevidamente. “A propósito, aqueles caras de 300 anos que recebem essa Previdência Social, eu quero conhecê-los. Que coisa, cara. Estou em busca de longevidade”, disse, em tom de deboche, conforme registrado pela CBS.

As alegações que Biden ridiculariza surgiram em fevereiro, quando o presidente Trump afirmou em redes sociais e em entrevistas coletivas que pessoas com idades entre 100 e 300 anos estariam se beneficiando ilegalmente do sistema.

Segundo o Global Times, a reação de Biden faz parte de um contexto mais amplo de crescente tensão e divisão política nos EUA. Lü Xiang, especialista em assuntos norte-americanos ouvido pelo jornal, afirma que a Previdência Social, antes protegida por consenso bipartidário, tornou-se agora um novo campo de disputa ideológica. “A turbulência na política americana se intensifica a cada dia”, disse Lü.

O discurso de Biden coincidiu com um dia nacional de mobilização organizado por democratas contra possíveis cortes no programa previdenciário. Manifestações foram programadas em diversas cidades dos EUA, evidenciando o grau de insatisfação popular e partidária com a condução do atual governo.

O clima de enfrentamento se estende também ao campo econômico. Em entrevista à NBC News, o senador Cory Booker, democrata de Nova Jersey, criticou veementemente as tarifas comerciais impostas por Trump. “Só quero, por mim mesmo, fazer uma condenação veemente e inequívoca das tarifas de Trump. Está tudo simplesmente errado. Deve ser condenado”, afirmou o senador, responsabilizando as barreiras comerciais por desequilibrar a economia e impactar diretamente a vida dos cidadãos americanos.

As preocupações com os rumos econômicos do país também são compartilhadas por grandes nomes do mercado financeiro. Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, alertou para o risco de uma recessão mais profunda. “Acho que agora estamos em um ponto de tomada de decisão e muito perto de uma recessão. E estou preocupado com algo pior do que uma recessão se isso não for bem istrado”, disse Dalio no programa Meet the Press.

O economista respondia a uma pergunta sobre o impacto das políticas tarifárias do presidente Trump. Para Lü Xiang, o temor de Dalio não é isolado. “Também podemos ver preocupações de líderes empresariais como Warren Buffett. Tarifas não resolverão os problemas econômicos que os EUA enfrentam. Em vez disso, elas apenas desencadearão o declínio econômico do país”, analisou.

O retorno de Biden ao debate público e as críticas incisivas ao atual governo simbolizam não apenas a reativação de sua voz política, mas também a intensificação do ambiente polarizado nos Estados Unidos, onde ex-presidentes, parlamentares e economistas se veem compelidos a reagir às decisões do atual ocupante da Casa Branca. A disputa por narrativas sobre o futuro econômico e social do país segue aberta — e cada vez mais acirrada.