Carney, do Canadá, diz que país não está à venda e Trump reage: "nunca diga nunca"
Por diversas vezes Trump sugeriu que o Canadá poderia se tornar o 51º Estado dos Estados Unidos
Por David Ljunggren e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, visitou a Casa Branca nesta terça-feira para suas primeiras conversas com Donald Trump e disse sem rodeios ao presidente dos Estados Unidos que o Canadá nunca estará à venda.
Carney venceu a eleição de 28 de abril com a promessa de enfrentar Trump, que impôs tarifas sobre alguns produtos canadenses e frequentemente cogita anexar o país.
Embora Carney tenha repetidamente chamado essas atitudes de traição, os dois líderes demonstraram pouca animosidade durante uma sessão de abertura no Salão Oval em que ambos elogiaram-se mutuamente.
Trump disse que os dois lados não iriam discutir a possibilidade de o Canadá se tornar parte dos Estados Unidos, mas avaliou que seria "um casamento maravilhoso".
Carney rejeitou a ideia com firmeza.
"Não está à venda, não estará à venda -- nunca", disse ele.
"Nunca diga nunca, nunca diga nunca", disse Trump.
Trump, cuja política tarifária abalou os mercados mundiais, disse que ele e Carney iriam discutir "pontos difíceis", em alusão à crença do presidente de que os EUA podem prescindir dos produtos canadenses, ponto abordado longamente por ele durante a conversa no Salão Oval.
"Independentemente de qualquer coisa, seremos amigos do Canadá. O Canadá é um lugar muito especial para mim", disse, acrescentando que os Estados Unidos sempre protegerão o país vizinho.
O Partido Liberal de Carney prometeu aos eleitores criar uma nova relação econômica e de segurança bilateral com Washington e diversificar uma economia fortemente dependente das exportações aos EUA.
Antes da visita, Carney minimizou as expectativas de um avanço nas negociações. De fato, quando questionado se Carney poderia dizer algo para persuadi-lo a suspender as tarifas, Trump respondeu: "Não".
ACORDO COMERCIAL EM FOCO - Os comentários de Carney sobre uma nova relação econômica colocaram em dúvida o futuro do Acordo EUA-México-Canadá, assinado por Trump durante seu primeiro mandato na Casa Branca, mas do qual se distanciou. Ele deverá ser revisado em 2026.
Carney evitou sugerir uma grande reforma, dizendo apenas que alguns pontos sobre o pacto precisavam ser mudadas, enquanto Trump descreveu o acordo como bom e ótimo para todos os países.
Trump tinha relações notoriamente ruins com Justin Trudeau, o antecessor de Carney, e durante a reunião criticou ele e a ex-ministra das Relações Exteriores, Chrystia Freeland, pela forma como negociaram o USMCA.
Apesar do abismo entre as duas nações em questões importantes, a reunião não deu sinais de que iria descambar para as trocas acaloradas que marcaram a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy em 28 de fevereiro.
O Canadá é o segundo maior parceiro comercial individual dos EUA, depois do México, e o maior mercado de exportação de produtos norte-americanos. Mais de US$760 bilhões em mercadorias circularam entre os dois países no ano ado.
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