China mobiliza estatais, banco central e seguradoras para conter fuga de capitais e enfrentar crise do tarifaço

247 - A China anunciou nesta terça-feira (8) um conjunto abrangente de medidas para estabilizar seu mercado de capitais, após a turbulência global provocada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a parceiros comerciais. A movimentação coordenada envolveu autoridades financeiras, empresas estatais e seguradoras, com foco em recompor a confiança dos investidores e conter a volatilidade.

Com isso, os principais índices acionários chineses fecharam em alta. O Shanghai Composite avançou 1,58%, o Shenzhen Component subiu 0,64% e o índice ChiNext, voltado a empresas de tecnologia, cresceu 1,83%, revertendo as perdas significativas do pregão anterior.

Ação coordenada das estatais e e do banco central

Para conter os efeitos da instabilidade, companhias estatais aumentaram suas posições em ações domésticas. A Central Huijin Investment Ltd., vinculada ao Estado chinês, declarou ter ampliado sua participação em fundos negociados em bolsa (ETFs) e reiterou que continuará atuando "para salvaguardar resolutamente" a estabilidade do mercado.

A Central Huijin, que possui participação em mais de 20 instituições financeiras e é frequentemente comparada a um “fundo de estabilização”, destacou seu papel histórico desde 2008 na contenção de choques financeiros. Em apoio à estratégia, o Banco Popular da China anunciou novas linhas de liquidez via operações de recompra.

Outras gestoras estatais também ampliaram seus investimentos ou anunciaram programas de recompra de ações, como China Chengtong Holdings, China Reform Holdings e sete companhias do grupo China Merchants.

Empresas estatais reforçam recompra de ações

A Comissão de Supervisão e istração de Ativos Estatais (SASAC), órgão do Conselho de Estado, comunicou total apoio às estatais centrais para ampliar recompras e aquisições de ações como forma de proteger os acionistas e sustentar a confiança no mercado.

A China National Petroleum Corporation (CNPC) revelou que investirá até 5,6 bilhões de yuans (cerca de US$ 777 milhões) na aquisição de ações A e H ao longo de 12 meses. A China Petroleum and Chemical Corporation (Sinopec) anunciou plano semelhante, com foco nas bolsas de Xangai e Hong Kong, num total de 3 bilhões de yuans.

A China Electronics Technology Group informou já ter completado recompras superiores a 2 bilhões de yuans e garantiu novas aquisições para impulsionar a inovação tecnológica. A China Huaneng Group, voltada à transição energética, comunicou que sua subsidiária em Mongólia Interior iniciou um programa de compras. Já a China National Coal Group detalhou aportes de até 80 milhões de yuans na China Energy e 50 milhões na Shanghai Energy, com rees adicionais previstos para a Xinji Energy.

Seguradoras e fundos de pensão reforçam apoio ao mercado

A istração Nacional de Regulação Financeira ampliou o limite de investimentos em ações por parte de fundos de seguradoras, com prioridade para setores estratégicos e de inovação.

Diante da nova diretriz, grandes seguradoras como China Life Insurance, China Pacific Insurance e New China Life Insurance se manifestaram favoravelmente, reforçando seu compromisso com investimentos de longo prazo. Elas enfatizaram a intenção de direcionar recursos a setores emergentes, contribuindo com capital paciente para o crescimento da chamada “nova força produtiva de qualidade”.

O Conselho Nacional do Fundo de Seguridade Social também anunciou que aumentou recentemente sua exposição ao mercado acionário doméstico, afirmando estar “firmemente otimista” quanto ao futuro da economia chinesa e prometendo novas alocações.

Analistas apontam resposta firme e estratégica

Para o analista-chefe macroeconômico Wang Qing, da Golden Credit Rating, a mobilização das estatais envia um recado inequívoco. “Em um momento de incerteza crescente no comércio global e de forte oscilação dos mercados internacionais, a ação rápida e decidida do capital estatal chinês orienta as expectativas e atenua choques externos”, afirmou.

Com iniciativas que vão de injeção de liquidez a recompras de ações, a China busca não apenas defender seu mercado financeiro de turbulências externas, mas também reafirmar seu compromisso com um crescimento sustentável e de longo prazo.

(Com informações da agência Xinhua)