Cresce o número de idosos em situação de rua nos EUA
Envelhecimento da população e crise habitacional ampliam o drama dos mais velhos sem teto
Por Pedro Paiva, correspondente do Brasil 247 em Nova York - Nos Estados Unidos, a população de idosos em situação de rua cresce a um ritmo alarmante. Em janeiro de 2024, o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD) registrou 771.480 pessoas vivendo sem teto, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Desses, aproximadamente 41.000 tinham 65 anos ou mais, representando cerca de 5% da população total de sem-teto. Entre eles, 43% estavam em locais não adequados para habitação, como ruas e parques.
Dennis Culhane, cientista social da Universidade da Pensilvânia, observa uma tendência preocupante. Ao New York Times, ele disse: “Há uma geração de filhos adultos que dependem financeiramente dos pais por não conseguirem pagar um aluguel. Quando esses pais morrem, eles não têm para onde ir. Estamos vendo cada vez mais dessas pessoas nas ruas e em abrigos.”
Em cidades como Los Angeles e Nova York, o número de idosos sem-teto tem aumentado significativamente. Estudos indicam que quase metade dos adultos sem-teto na Califórnia têm 50 anos ou mais, e muitos deles se tornaram sem-teto pela primeira vez após os 50 anos.
Especialistas apontam que, enquanto a geração dos baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) envelhece, muitos enfrentam dificuldades financeiras devido a aposentadorias insuficientes e à falta de uma rede de apoio sólida. Além disso, eventos como a morte de um cônjuge ou emergências médicas podem precipitar a perda de moradia em idades avançadas.
A falta de moradias íveis e políticas públicas inadequadas agravam a situação, deixando muitos idosos expostos a condições precárias e sem o a cuidados médicos essenciais. Especialistas defendem a ampliação de programas de assistência habitacional e a criação de políticas públicas que atendam às necessidades específicas dessa população vulnerável.
O aumento da população de idosos em situação de rua nos EUA é um reflexo de desigualdades estruturais e da necessidade urgente de reformas nas políticas habitacionais e de assistência social. É essencial que governos e sociedade civil se mobilizem para garantir dignidade e segurança para os mais velhos, especialmente aqueles que, após uma vida de trabalho, se veem sem um lar onde possam envelhecer com qualidade.
Enquanto isso, a lei proposta por Donald Trump, chamada “Big Beautiful Bill” (Grande e Bela lei), e que contém a agenda legislativa do republicano, irá piorar a situação. A proposta, que deve ar pelo Senado, conta com cortes em programas de habitação, a facilitação de despejos, a redução de benefícios sociais (incluindo de saúde) e a criminalização da população de rua.
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