Diante do holocausto promovido por Netanyahu na Palestina, Alemanha ameaça rever seu apoio a Israel
Governo alemão critica massacre em Gaza, aponta violação do direito humanitário e sinaliza possível suspensão de exportações de armas utilizadas por Israel
247 – Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha rompeu a tradição de apoio incondicional a Israel e ameaçou adotar medidas concretas diante do massacre perpetrado pelas forças israelenses na Faixa de Gaza. Em entrevista à emissora pública WDR, o ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, afirmou que Berlim "não exportará armas que sejam usadas para violar o direito humanitário internacional", numa crítica direta à brutal ofensiva liderada pelo presidente de Israel, Benjamin Netanyahu. A reportagem é da Reuters.
“O combate ao antissemitismo e o compromisso com o direito de existência e segurança do Estado de Israel não podem ser instrumentalizados para justificar o conflito e a guerra em curso na Faixa de Gaza”, declarou Wadephul. Ele classificou a situação no território palestino como “inável”, diante dos bombardeios massivos, da fome crescente e da escassez generalizada de medicamentos e alimentos. “Estamos agora em um ponto em que temos que pensar com muito cuidado sobre quais os daremos a seguir.”
O chanceler Friedrich Merz, que até recentemente mantinha uma postura de alinhamento automático com o governo israelense, também endureceu o discurso. “Os ataques aéreos maciços dos israelenses na Faixa de Gaza já não me parecem mais ter qualquer lógica — não vejo como eles servem ao objetivo de combater o terror”, afirmou, em pronunciamento na cidade finlandesa de Turku.
Um ponto de inflexão na política alemã
As declarações marcam uma virada histórica no que se convencionou chamar de Staatsräson, a “razão de Estado” alemã de garantir o apoio à existência e segurança de Israel como reparação pelo Holocausto. No entanto, o que se vê hoje, segundo a crítica alemã, é a repetição de horrores que remetem à barbárie: mais de dois milhões de palestinos vivem sitiados em Gaza, sob constantes ataques aéreos que matam indiscriminadamente civis, crianças e profissionais de saúde, além de destruir hospitais, escolas e infraestruturas essenciais.
Merz, que chegou a prometer, durante as eleições de fevereiro, receber Netanyahu em solo alemão mesmo diante do mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional, agora enfrenta crescente pressão interna e internacional. Pesquisas recentes indicam que 51% dos alemães se opõem à exportação de armas para Israel, segundo o instituto Civey, e apenas 36% veem o país de forma positiva, de acordo com levantamento da Fundação Bertelsmann.
Complicidade e genocídio
As críticas da Alemanha ecoam entre os aliados ocidentais, como França, Reino Unido e Canadá, que também aram a considerar ações concretas contra o governo israelense. O pano de fundo é a carnificina deliberada em Gaza, que já deixou dezenas de milhares de mortos e levou o território a uma situação de fome extrema, conforme alertam agências da ONU.
Enquanto a diplomacia internacional busca, sem sucesso, retomar o cessar-fogo interrompido em março, Israel intensifica sua ofensiva militar, ignorando apelos por um mínimo de humanidade. A Alemanha, ciente de sua responsabilidade histórica, dá sinais de que não tolerará mais ser cúmplice de crimes de guerra, ainda que cometidos por um Estado que até pouco tempo era considerado seu aliado incondicional.
“Lá onde virmos riscos de danos, interviremos — e certamente não forneceremos armas para que mais danos ocorram”, declarou Wadephul. “Nenhum novo pedido de armas está atualmente sendo considerado.”
A declaração simboliza um divisor de águas: o apoio automático cede espaço à crítica diante do genocídio em curso, cada vez mais evidente aos olhos do mundo. E deixa claro que a responsabilidade histórica da Alemanha não pode servir de escudo para a impunidade de um regime que promove, hoje, um verdadeiro holocausto contra o povo palestino.
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