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      Educação na linha de fogo: EUA intensificam perseguição a estudantes chineses em nome da segurança nacional

      Editorial do Global Times denuncia medidas do governo dos EUA como “macartismo” e “caça às bruxas educacional”

      Harvard (Foto: Reuters)
      José Reinaldo avatar
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      247 - A recente decisão do governo dos Estados Unidos de revogar, em massa, vistos de estudantes chineses gerou indignação internacional e reacendeu críticas quanto à crescente politização da educação por parte da Casa Branca. Em editorial publicado nesta sexta-feira (30), o jornal Global Times denuncia a medida como uma nova “caça às bruxas educacional”, comparando o atual momento à paranoia anticomunista da era do macartismo nos anos 1950.

      A polêmica teve início em 28 de maio, quando o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o país “revogaria agressivamente” os vistos de estudantes chineses, “incluindo aqueles com conexões com o Partido Comunista da China ou estudando em áreas críticas”. A reação chinesa foi imediata: o governo de Pequim se opôs firmemente à medida e apresentou protesto formal a Washington. O editorial do Global Times argumenta que essa ofensiva é, na verdade, uma “obstrução flagrante ao movimento global de talentos” e uma tentativa de usar a educação como ferramenta de intimidação política.

      Segundo o jornal, nos últimos meses, centenas de estudantes internacionais – muitos deles de origem chinesa – tiveram seus vistos revogados de forma sumária. Algumas das universidades mais prestigiadas dos EUA, como Harvard, foram arrastadas para batalhas judiciais com o governo para defender a permanência de seus alunos estrangeiros. O editorial sustenta que “estudantes internacionais chineses inocentemente se tornaram alvos políticos para Washington”, vítimas de uma política de discriminação coletiva travestida de preocupação com a segurança nacional.

      A China figura como a segunda maior fonte de estudantes estrangeiros nos Estados Unidos, representando cerca de 25% do total. Para muitas universidades americanas, esses estudantes são não apenas fundamentais para a diversidade cultural e acadêmica dos campi, como também fonte importante de receita e mão de obra qualificada para projetos de pesquisa. Ainda assim, acusa o Global Times, os estudantes chineses vêm sendo alvo recorrente de medidas arbitrárias. “Vistos de estudante, um após o outro, foram injustamente revogados. Estudantes, um após o outro, foram assediados ou até mesmo deportados pela alfândega americana”, afirma o editorial. “A chamada ‘liberdade e abertura’ dos EUA tornou-se nada mais do que uma mentira vazia.”

      O texto aponta que figuras influentes em Washington aram a associar os estudantes chineses à espionagem, sem qualquer prova, criando um ambiente de suspeita e hostilidade. Essa abordagem, segundo o jornal chinês, revela uma postura "míope e destrutiva" por parte do governo americano. “Washington está agora descaradamente transformando a política de vistos em uma ferramenta de manobra política”, diz o Global Times, para quem o cerceamento da liberdade acadêmica atinge diretamente os princípios da cooperação científica e educacional global.

      As consequências dessa postura, alerta o editorial, vão além da relação bilateral entre EUA e China. A intimidação política contra estudantes estrangeiros “mina os alicerces da cooperação acadêmica global e, em última análise, terá um efeito contrário aos próprios EUA”. Entre os efeitos imediatos, estão a perda de receita com mensalidades, estagnação de pesquisas e diminuição da diversidade cultural nos campi. A longo prazo, aponta o jornal, a reputação internacional das universidades americanas tende a sofrer danos permanentes.

      Uma pesquisa da revista Nature, mencionada pelo editorial, revela que 75% dos mais de 1.600 cientistas entrevistados em instituições americanas consideram deixar o país – um dado alarmante que reforça a tese de que o fechamento educacional está corroendo a própria base do sistema de inovação dos EUA.

      O Global Times faz ainda um apelo à comunidade internacional: “Governos, universidades e organizações civis em todo o mundo devem se manifestar e condenar a politização da educação”. A crítica vai além da defesa dos direitos dos estudantes chineses: trata-se, segundo o texto, de proteger os princípios universais da educação como bem público global e ferramenta de intercâmbio pacífico entre nações.

      Por fim, o editorial alerta: “Atacar estudantes chineses indiscriminadamente com base em sua nacionalidade ou área de estudo é uma política imprudente que não só deteriora o clima social e o ambiente acadêmico nos EUA, como também alimenta a divisão”. Para o jornal, é urgente que “a comunidade acadêmica global, incluindo as universidades dos EUA, se una para pedir a Washington que volte à razão e pare de usar estudantes como bodes expiatórios para fins políticos domésticos”.

      A sombra do macartismo, aponta o Global Times, voltou a assombrar a política educacional norte-americana. E, ao contrário do que imaginam seus arquitetos, essa ofensiva pode acabar isolando ainda mais os Estados Unidos do circuito acadêmico e científico internacional.

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