EUA cancelam financiamento de 60 milhões de dólares para bolsas de Harvard por suposto antissemitismo
A medida suspende subsídios federais após acusações de viés étnico e antissemitismo em protestos no campus
247 - O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS) anunciou o encerramento de subsídios federais de US$ 60 milhões destinados à Universidade de Harvard, sob a alegação de que a instituição não teria adotado medidas eficazes para coibir o assédio antissemita e a discriminação étnica entre seus estudantes, informa a Reuters. A decisão faz parte de uma série de ações do governo de Donald Trump, voltadas a condicionar o ree de recursos públicos à adoção de políticas que, em sua visão, corrijam “ideologias antiamericanas, marxistas e de esquerda radical” no meio acadêmico.
Segundo comunicado publicado no X pelo HHS, “devido à falha contínua da Universidade de Harvard em lidar com o assédio antissemita e a discriminação racial, o HHS está encerrando diversas concessões de bolsas plurianuais... durante toda a sua duração”. A nota reforça que, além das bolsas atuais, o governo já congelou ou encerrou contratos e subsídios federais que somam quase US$ 3 bilhões nas últimas semanas — medidas aplicadas também a outras instituições, como a Universidade Columbia de Nova York, alvo de acusações semelhantes.
Desde janeiro deste ano, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem utilizado seu poder executivo para revisar e, em muitos casos, suspender financiamentos públicos a centros de pesquisa que, segundo ele, abrigam manifestações contrárias aos valores nacionais. O governo argumenta que a adoção de critérios de raça ou origem étnica no processo seletivo, combinada à tolerância de protestos vistos como hostis a Israel, configuraria violação de diretrizes federais contra discriminação.
Representantes de Harvard afirmaram que a universidade “não pode absorver o custo total” das bolsas suspensas e estão trabalhando com pesquisadores afetados para ajudá-los a buscar fontes alternativas de financiamento. Em comunicado oficial, a instituição sediada em Cambridge, Massachusetts, destacou ainda que entrou com um processo judicial contra o governo Trump, questionando a legalidade do corte de recursos e defendendo sua autonomia acadêmica.
O episódio se insere em um contexto mais amplo de mobilizações estudantis pró-Palestina que, no ano ado, ganharam força em diversos campi dos Estados Unidos. Em 14 de outubro de 2023, manifestantes pró-Palestinos reuniram-se na Universidade de Harvard para demonstrar apoio aos palestinos em Gaza, contra o genocídio perpetrado por Israel.
No início de maio, Harvard chegou a um acordo com um estudante judeu ortodoxo que alegava ter sido alvo de antissemitismo na universidade. O entendimento foi firmado quatro meses depois de a instituição prometer “proteções adicionais para estudantes judeus” como parte da resolução de dois processos judiciais que acusavam o campus de tolerar um ambiente hostil a alunos dessa comunidade. Apesar disso, o governo federal considerou insuficientes as mudanças internas e decidiu pelo corte do financiamento.
Analistas jurídicos observam que a disputa pode ir longe, pois envolve princípios constitucionais de liberdade acadêmica e cláusulas de não discriminação em programas financiados pelo governo federal. Caso o tribunal dê razão a Harvard, a decisão do HHS poderá ser revertida, mas isso só deve ser conhecido após meses de tramitação.
Enquanto isso, pesquisadores e alunos impactados já buscam alternativas, desde doações filantrópicas até parcerias internacionais. Algumas faculdades associadas à Ivy League também monitoram de perto o desdobramento, temendo que ações semelhantes atinjam seus próprios orçamentos e comprometam projetos de pesquisa de longo prazo.
A controvérsia em Harvard lança luz sobre o peso do financiamento federal na manutenção da pesquisa nos EUA e sobre os limites entre supervisão estatal e independência universitária. Com a tramitação judicial em curso, os próximos capítulos ainda são incertos, mas a questão do antissemitismo em campus americanos segue no centro do debate público e político.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: