EUA se recusam a copatrocinar moção da ONU em apoio à Ucrânia no aniversário da guerra
Decisão reflete crescente divergência entre Trump e Zelensky e levanta dúvidas sobre o posicionamento dos Estados Unidos no conflito
Reuters – Os Estados Unidos decidiram não copatrocinar um projeto de resolução da Assembleia Geral da ONU que marca os três anos da guerra na Ucrânia, reafirma a integridade territorial ucraniana e exige novamente a retirada das tropas russas. A informação foi revelada por três fontes diplomáticas à Reuters, indicando uma possível mudança na postura do principal aliado ocidental da Ucrânia.
Segundo a agência de notícias, Washington também se opôs à inclusão de uma frase em um comunicado planejado pelo Grupo dos Sete (G7) para a próxima semana, que condenaria explicitamente a agressão russa. Outras duas fontes diplomáticas afirmaram que essa resistência dos EUA ocorre em meio a um crescente distanciamento entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o presidente norte-americano, Donald Trump.
Mudança no apoio dos EUA?
Desde fevereiro de 2022, os Estados Unidos têm apoiado resoluções semelhantes na ONU, sempre reafirmando o compromisso com uma "paz justa" na Ucrânia. No entanto, desta vez, o posicionamento norte-americano gerou incertezas entre os aliados de Kiev. "Nos anos anteriores, os Estados Unidos sempre co-patrocinaram tais resoluções em apoio à paz justa na Ucrânia", disse uma das fontes à Reuters.
A resolução atual já conta com o apoio de mais de 50 países, segundo outra fonte diplomática, que se recusou a revelar quais nações estão envolvidas. "Por enquanto, a situação é que eles (os EUA) não ão", afirmou uma segunda fonte, acrescentando que estão sendo feitos esforços para garantir o apoio de outros países, incluindo do Sul Global.
A votação da Assembleia Geral da ONU está marcada para segunda-feira. Embora as resoluções da ONU não sejam juridicamente vinculativas, elas possuem um peso político significativo, refletindo a posição da comunidade internacional sobre a guerra.
Crise diplomática e pressões sobre Kiev
A mudança de tom por parte dos Estados Unidos ocorre em um momento delicado para a Ucrânia, que depende fortemente do apoio financeiro e militar norte-americano. Desde o início da guerra, Washington enviou dezenas de bilhões de dólares em ajuda militar, além de garantir respaldo diplomático ao país.
No entanto, Trump, que busca encerrar rapidamente o conflito, enviou uma equipe para negociar diretamente com a Rússia na Arábia Saudita, sem a participação do governo ucraniano. Essa movimentação tem gerado desconforto em Kiev e entre os aliados europeus, que temem um enfraquecimento da posição ocidental diante de Moscou.
Além disso, segundo fontes da Reuters, os EUA estão pressionando para que o comunicado do G7 evite o termo "agressão russa", optando por uma linguagem mais neutra. O último documento do grupo, emitido pelos ministros das Relações Exteriores na semana ada, já seguiu essa linha, referindo-se à guerra como "devastadora", mas sem mencionar diretamente a Rússia como agressora.
Resolução reafirma soberania ucraniana
O projeto de resolução da ONU, ao qual a Reuters teve o, reforça a necessidade de uma "desescalada" do conflito e de uma solução pacífica, de acordo com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. Além disso, reitera a exigência para que "a Federação Russa retire imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas".
Moscou, que já ocupa cerca de 20% do território ucraniano, rejeita essas exigências e sustenta que sua "operação militar especial" foi uma resposta necessária à ameaça existencial representada pelas aspirações da Ucrânia de ingressar na Otan. Para Kiev e seus aliados ocidentais, a invasão russa é vista como um ataque imperialista destinado a expandir o controle de Moscou sobre territórios vizinhos.
Próximos os
A recusa dos EUA em apoiar a moção da ONU levanta questionamentos sobre o futuro do e norte-americano à Ucrânia. Enquanto Washington mantém sua ajuda militar e econômica, a falta de um respaldo diplomático firme pode enfraquecer a posição de Kiev e dar margem a novas iniciativas de negociação direta entre Trump e Moscou.
Com a votação da ONU marcada para os próximos dias e uma reunião do G7 prevista para segunda-feira, os próximos os da diplomacia internacional serão cruciais para definir o rumo da guerra e a postura dos aliados ocidentais frente ao conflito.
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